25 de julho, de 2013 | 23:46

Desavença antiga termina em morte

Policial civil aposentado que portava arma ilegalmente deu apoio a casal de filhos em briga


Com correção: 29/07/2013 - 13h26

 

IPATINGA - Uma mulher morreu e outra ficou ferida, esfaqueadas na noite de quarta-feira (24). As irmãs, Simone Agapito da Silva, 36 anos, e Elen Cristina Agapito, 32 anos, foram esfaqueadas em uma lanchonete de açaí, no bairro Bethânia. Uma testemunha do caso relata que os suspeitos do crime são Roberson Flavio Santana, 30 anos e a irmã dele, Roseane Noemi de Souza Santana, de 28 anos, além do pai deles, José Ivanil Santana, 61 anos, que os acompanhou no local do crime e deu fuga aos filhos.

O pai da família acusada, José Ivanil trabalhou durante vários anos na 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil e chegou a chefiar a Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) no Vale do Aço. Atualmente aposentado, trabalhava com os filhos, Roseane e Roberson, no Centro de Formação.

Levada para o Hospital Márcio Cunha, Simone Agapito não resistiu ao golpe de faca no pescoço e morreu. Já a irmã dela, Elen Cristina recebeu atendimento médico e já foi liberada na tarde de ontem. "O crime foi uma barbaridade. Chegaram dando facadas e ainda arrastaram a vítima na presença das filhas, uma criança de 6 anos e uma adolescente de 16 anos. Levaram as irmãs para fora do estabelecimento e continuaram a dar as facadas", relata a testemunha em mensagem enviada ao DIÁRIO DO AÇO.

Consta no relatório da Polícia Militar que as vítimas estavam na Frutas e Frutos Açaí, na avenida Alberto Geovanini, 413, bairro Bethânia, quando Roseane chegou  para comprar um lanche. Roseane avistou Simone e iniciou uma discussão. Minutos depois Roseane saiu e voltou acompanhada por seu irmão, Roberson Flávio.

Ele perguntou quem seria Simone e após a vítima se identificar começou a agredi-la com chutes e socos. Roseane e uma terceira pessoa, conhecida como Andréa, também bateram em Simone. A ocorrência da Polícia Militar relata que “não satisfeito com as agressões, Roberson sacou uma faca tipo peixeira e esfaqueou as vítimas”. A primeira a ser esfaqueada por Roberson foi Simone e, em seguida, Elen Cristina. Ele só parou de atacar as vítimas no momento em que foi imobilizado pelo marido de Elen.

O pai dos suspeitos do crime, José Ivanil, que chegou logo depois dos filhos, apareceu e apontou uma arma de fogo na direção das vítimas. Roberson e Andréa fugiram em um VW Saveiro cor branca e Roseane em um Chevrolet Celta. José Ivanil permaneceu no local e se identificou como Policial Civil.

A Polícia Militar compareceu à lanchonete e confirmou que José Ivanil era policial, porém, ele não apresentava registro da arma. O delegado de plantão, Marcelo Castro, se deslocou ao local do crime e conduziu José Ivanil para a Delegacia de Polícia Civil, por porte ilegal de arma de fogo e pelo crime de favorecimento pessoal, por ele ter ajudado na fuga dos filhos criminosos.

“É um crime de homicídio que foge dos padrões, já que não envolve o tráfico de drogas ou uma tentativa de assalto, por exemplo. Eu até acredito que a intenção inicial não tenha sido causar a morte, mas infelizmente a Roseane e o irmão perderam o controle da situação”. O delegado ainda contou que José Ivanil foi encaminhado para a Casa do Policial Civil, em Belo Horizonte, para onde são levados policiais sob investigação.

A Polícia Militar realizou rastreamento pelas ruas de Ipatinga, porém Roberson, Andréa e Roseane não foram localizados.

Reprodução álbum pessoal


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Vingança

A polícia já sabe que a motivação do crime está relacionada a uma desavença antiga entre Simone e Roseane. A delegada regional da Polícia Civil, Irene Franco, relembrou um crime ocorrido há 10 anos e que pode ter sido a causa do homicídio da noite de quarta-feira (24). “Não acredito que a Roseane tenha saído de casa para matar. Porém, ela foi ao bar e encontrou com a Simone, que era sua inimiga havia 10 anos. A lembrança do antigo incidente entre elas pode ter despertado raiva naquele momento e levado à confusão generalizada que causou uma morte”, relatou. Para Irene Franco, o desejo de vingança tenha motivado Roseane e o irmão a cometerem o crime.

A delegada disse que, em 2004 ou 2005, quando ela assumiu a Delegacia de Mulheres em Ipatinga, o caso chegou às suas mãos. “Essa moça que hoje foi autora já foi vítima de Simone. Havia um triângulo amoroso e Roseane acabou violentamente espancada pela Simone. Houve inquérito policial, o caso foi para a justiça, mas parece que isso não foi o suficiente para acalmar os ânimos”, contou.

A delegada informou que no crime de 10 anos atrás, Simone e uma amiga, uma advogada, pegaram Roseane à força e a colocaram dentro de um veículo e trafegaram com ela pela cidade. Uma pessoa que utilizava um carro do Conselho Tutelar viu a ação e chegou a perseguir o veículo conduzido por Simone. Algumas horas depois, Roseane foi abandonada em uma rua, apresentando vários ferimentos em função de espancamento. Na época, Simone e a amiga advogada foram indiciadas por sequestro e lesão corporal.

MAIS:

Personagem sinistro rondava bastidores da Polícia Civil - 25/07/2013

 

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