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15 de fevereiro, de 2013 | 00:00

Resistência à pirataria e aos avanços tecnológicos

Donos de locadoras tentam sobreviver como podem no mercado de locação

IPATINGA - Não faz muito tempo que as videolocadoras eram febre por toda a parte. Há muito, os estabelecimentos que trabalham com a locação de filmes e seriados eram frequentados por pessoas de todas as idades, e além de um serviço comercial, era também um espaço de convivência e interação entre os interessados pela sétima arte, numa região em que as salas de cinema são restritas. Ameaçadas pelo crescente cenário da pirataria e pelo avanço do download das obras, as tradicionais lojas resistem ao tempo e lutam para não sumir do mapa.
Em Ipatinga, a maioria dos proprietários de locadoras optou por encerrar as atividades por causa do prejuízo da pirataria, como é o caso de Marco Antônio, 54 anos, que há 11 meses fechou em definitivo as portas da Vídeo RS Locadora, no bairro Cidade Nobre. O acervo, de aproximadamente 3 mil filmes, foi parcialmente vendido e as prateleiras doadas a entidades filantrópicas. "A era das locadoras está chegando ao fim, infelizmente. Antes de chegar ao cinema, os filmes já estão na internet. E nas feiras daqui, há aqueles que vendem os DVDs piratas por até um R$ 1", lamentou.
 
Proprietário da Luma Vídeo, no bairro Iguaçu, Geraldo Magela Valamiel, 55 anos, que ainda mantém o comércio, lembra que se há pouco mais de cinco anos havia mais de 100 estabelecimentos no município, hoje eles não chegam a 30. "Só aqui no Iguaçu o ramo de locadoras era bem concorrido. Hoje só há duas", recorda.
Wesley Rodrigues


Lourival Margarida - LF Video
Estratégia

Mas, se por um lado muitas locadoras tiveram seus acervos vendidos e as portas fechadas, por outro ainda há os que resistem às dificuldades e continuam oferecendo os serviços aos interessados. Geraldo Magela Valamiel decidiu continuar no negócio que administra há 23 anos pelo prazer e interesse pelo cinema. Mas os novos tempos não têm sido favoráveis ao empreendimento. Os clientes estão sumindo aos poucos e a loja do cinéfilo precisou deixar a principal avenida do bairro para ser instalada em um endereço próximo, com aluguel mais em conta.
Magela, como é mais conhecido, explica que o maior vilão do setor de entretenimento é de fato a pirataria. Embora o formato digital tenha facilitado a vida do espectador, uma boa conexão com a internet não é acessível a toda população e os planos de TV por assinatura ainda são caros.
 
Uma das estratégias dos proprietários de locadoras para manter o estabelecimento tem sido agregar outros produtos de conveniência no local, para aumentar a comodidade dos clientes. Magela investiu em brinquedos e periféricos para computadores, que disputam o espaço apertado com os mais de cinco mil filmes.
 
A alternativa também foi adotada por Lourival Margarida Rosa, 62 anos, dono de uma das locadoras com maior acervo no município. Com quase 10 mil títulos, a LF Video, que funciona no bairro Horto desde 1989, conta com um salão de beleza no segundo piso e comercializa uma variedade de cosméticos para a clientela do bairro.
 
A localização do estabelecimento, em um bairro nobre da cidade, favorece o faturamento, mas Lourival conta que mesmo assim a sobrevivência do negócio está difícil. "Hoje nós sobrevivemos por insistência. O que me ajuda é que não pago aluguel. Além disso, antes eu tinha três funcionários. Hoje sou dono e funcionário e tenho uma pessoa que trabalha comigo, revezando o atendimento. O problema é a pirataria, que aqui é muito forte e parece que ninguém quer barrar isso", criticou.
 
Wesley Rodrigues


João Batista e Nelita Drumond - Hollywood DVD

Do VHS ao Blu-Ray
 
As videolocadoras tiveram seu auge nos anos 80 e 90 do século passado, com as anacrônicas fitas VHS para os videocassetes. E, com a tecnologia mais avançada, veio o DVD que caiu no gosto popular. Os filmes, que antes só podiam ser vistos nas salas de cinema, com o advento da tecnologia receberam novos aficionados. Mas, o mesmo leque de possibilidades que gerou avanço e acessibilidade à sétima arte hoje também favorece o declínio do mercado de aluguel de vídeos.
Os Blu-Rays e as mídias em 3D podem ser a chance das locadoras se reerguerem. Os aparelhos de reprodução, contudo, ainda são caros e não se popularizaram no país. Essa é a esperança de João Batista, 52 anos, e Nelita Drumond, 49 anos, da locadora DVD Hollywood, no Iguaçu. Eles já adquiriram aproximadamente 600 exemplares das novas mídias. "E, além disso, quem preza por qualidade não troca um original por um pirata", afirma Batista, diante do fator que ainda leva clientes ao seu estabelecimento, que reúne nove mil títulos dos mais diversos gêneros cinematográficos.
 
Muito além de um estabelecimento comercial, as locadoras são "pontos culturais", ressalta João Batista. Para a esposa, Nelita, os tempos difíceis deixam na memória as saudades da época de correria para atender os clientes que faziam enormes filas para ter acesso a filmes. "Locadora era bacana para ir encontrar outras pessoas que gostavam de conversar sobre cinema. Sem falar de passar o tempo, olhando as capas e sinopses. Mas, mesmo que em menor número, ainda há quem goste de fazer isso".
 
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