16 de junho, de 2012 | 00:01

“Entre reformista e conservador”

Sociólogo tem visão crítica sobre papel contraditório do Brasil na Rio+20

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Eduardo Viola

RIO DE JANEIRO  – A Conferência das Nações Unidas sobre O Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, traz uma diversidade de opiniões sobre sustentabilidade e desenvolvimento, bem como o posicionamento dos países sobre os temas centrais do evento.
Para o professor de Relações Internacionais na Universidade de Brasília (UnB), Eduardo José Viola, sociólogo argentino, naturalizado brasileiro, a ECO-92 “trouxe para a governança global, os problemas ambientais para o centro das discussões e indicou como a humanidade deveria agir através das convenções criadas”.
Há 20 anos, segundo o professor Eduardo Viola, os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão, eram os centros dominantes. Mas, hoje, ele aponta que o cenário é bem diferente.
“A China substituiu o Japão, com uma dinâmica profunda de desenvolvimento; a União Europeia, com uma posição reformista e heterogênea, está em crise e com seu poder estagnado e os Estados Unidos encontram-se numa sociedade dividida, entre um lado de consciência de vanguarda e outro, radicalmente, conservador. O restante se encontra no meio. A Índia e a Rússia, exibem uma posição nacionalista e conservadora”, observa Viola.
Marcello Casal Jr./ABr


RIO 92 ARTE

Limbo
Mas e o Brasil da Rio+20, qual a posição atual do país no cenário mundial, qual a sua capacidade de influência na negociações internacionais e quais são as suas oportunidades e contradições? Segundo o sociólogo, o Brasil encontra-se no limbo, entre reformista e conservador. Além disso, afirma Viola, o Brasil limita-se em ser protagonista devido a uma cultura prevalente em “obter-se o máximo em curto prazo, a baixa transparência e o alto índice de corrupção existentes no país”.
Uma das grandes contradições também apontadas por ele, para um país que pretende criar um modelo de desenvolvimento sustentável, refere-se a uma lógica econômica que impulsiona a compra de automóveis e não cria alternativas, comprovadamente, mais sustentáveis para o transporte urbano, porque o lobby da indústria automobilística tem muito poder no Brasil.
Desertificação
Quanto ao conceito de “Economia Verde”, segundo o professor Eduardo Viola, além da necessidade de diminuir as emissões de carbono, é preciso também aplicar este conceito no que diz respeito ao consumo intensivo do uso da água, à acidificação dos oceanos e desertificação dos solos, entre outros fatores que garantam que uma economia seja verdadeiramente verde.
Na opinião do sociólogo, já estamos vivendo a “realização da ameaça” e, se não houver uma mudança no modelo de desenvolvimento dos países, visando também benefícios no longo prazo, “eventos com grandes perdas de vida humana vão causar gigantesca pressão nos Estados e afetar a sua segurança climática”. 
MAIS:
Rio+20: Limites e Expectativas - 15/06/2012

Rio+20 - 15/06/2012
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