18 de outubro, de 2011 | 22:54

Rotas Verdes Brasil

Fotodocumentarista ipatinguense entra na fase final do trabalho de campo

DA REDAÇÃO - A expedição Rotas Verdes Brasil finalmente chega ao Nordeste brasileiro, mais precisamente no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (MA). Dunas de 40 metros de altura, lagos extensos usados para pescar e nadar, muito sol, calor e uma paisagem paradisíaca que mistura cenas de deserto e oásis ao mesmo tempo.
Tudo isso em 155 mil hectares protegidos pelo Governo Federal por meio do Instituto Chico Medes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O Nordeste é um lugar peculiar entre as paisagens do país. Não só pelas belezas das águas quentes do litoral, mas também pela força da caatinga.
Os tempos de pouca chuva marcam não só a terra, mas o rosto e o semblante de cada habitante. Casas de pau a pique, olhares de simplicidade, o transporte no andar vagaroso que usa o lombo amigo dos animais. Nada passou despercebido pelas lentes do documentarista de natureza Fernando Lara.
 
Chegar à primeira unidade de conservação do Nordeste brasileiro exigiu de Fernando Lara uma preparação diferente. Antes de percorrer as terras de pouca chuva, o fotodocumentarista registrou a abundância das águas do maior rio do mundo: o Amazonas. Este curso d’água que segue pela região com maior biodiversidade do planeta deveria ser sinônimo de muita riqueza e fartura. Mas como se diz na linguagem popular, fome e pobreza “é mato” neste lugar.
 
Foram cinco dias navegando. No navio, a maior parte dos passageiros dorme em redes. Cada um leva a sua e tem um espaço mínimo para acomodação. Ficam amontoados e deitados formando uma aquarela de cores dentro da embarcação. O balançar do rio embala o sono de cada um.
Risco
Mas o que impressiona mesmo não é o que está dentro do navio. Fora dele, crianças que mal aprenderam a andar usam os braços para remar em direção às grandes embarcações. A cena é registrada no Estreito de Breves, já no estado do Pará. Passageiros jogam sacolas com comida, mas elas não se contentam. Amarram as pequenas canoas nas embarcações gigantescas em movimento pelo rio caudaloso. Uma ação perigosa e arriscada.
 
No interior dos navios, elas pedem esmolas ou vendem alguma coisa: camarão, coco ou açaí. Passam horas abordando os passageiros da embarcação pedindo algum tipo de ajuda. Para retornar, voltam para as pequenas canoas, desamarram a embarcação e remam em direção a outro navio que segue no sentido contrário. Pegam carona novamente com o perigo.

Madeireiras
Não é difícil perceber porque são tantas as imagens de risco social. As madeireiras cortam dia e noite e transportam, pelo rio, troncos de árvores que talvez sejam mais velhas que o próprio Fernando Lara. Não se vê animais nas margens. Já não existem ou se escondem na floresta?
 
Ao descer em Belém, a maior parte dos passageiros segue em direção aos festejos do Sírio de Nazaré. Fernando Lara desembarca também a sua Honda Bros e segue estrada por 1.000 quilômetros até Barreirinhas (MA), cidade dos Lençóis Maranhenses. Foram três dias de viagem para chegar finalmente ao Nordeste. Daqui pra frente a paisagem é outra e a luminosidade também. Esta é a última parte da expedição, faltam pouco mais de dois meses para o fim dos trabalhos de campo. Fernando está finalmente voltando pra casa.

Expedição
A Rotas Verdes Brasil é uma expedição realizada pela Fauna e Flora Documentários, em parceria com a concessionária Honda Mavimoto. O documentarista de natureza, Fernando Lara, está percorrendo 18.000 quilômetros pelo país documentando 30 unidades de conservação de 20 estados.
O objetivo é a produção de um livro digital que será disponibilizado gratuitamente pela internet em quatro idiomas: inglês, português, espanhol e japonês. A expedição possui diversos patrocinadores e parceiros, entre eles o DIÁRIO DO AÇO e a gráfica Art Publish. Acesse: www.rotasverdesbrasil.com.br