05 de junho, de 2011 | 00:00

Pouca lenha para queimar

Os últimos carroceiros vendedores de lenha contam sua trajetória

Wôlmer Ezequiel


vendedor de lenha texto

IPATINGA - Durante muitos anos, o fogo que fazia funcionar as cozinhas de muitas casas no município tinha como matéria-prima a lenha vendida pelos carroceiros. O gás de cozinha, o aumento na fiscalização ambiental, o ritmo de vida que ficou mais rápido sobre as rodas dos carros, estancou a atividade, hoje reduzida a pouco mais de dez trabalhadores que ainda podem ser encontrados em uma área entre os bairros Cidade Nobre e Vila Celeste.
 
Wôlmer Ezequiel


Jair "carroceiro"

O mais antigo na profissão, Jair Muniz Ribeiro, 60 anos, está no ramo há 40 anos. Criou a família como carroceiro e vendedor de lenha. Está no batente até hoje, cansado, ciente que sua atividade está chegando ao fim. Mas ainda trata dos sete filhos com o dinheiro que arrecada com a venda de lenha e transporte de mercadorias, fazendo pequenos fretes.
“Antigamente, nosso serviço era mais produtivo. Havia, no Vale do Aço, cerca de 50 carroceiros. Hoje, em Ipatinga, no nosso ponto, restam 12. Além de tudo, ganhávamos mais dinheiro. Hoje, temos sofrido muito. São poucas encomendas de lenha que chegam. Por isso, fazemos transporte em nossa carroça de outras mercadorias para tentar arrecadar algum dinheiro ao final do dia”, resume.
Jair contou também que, no trânsito, as regras são as mesmas dos veículos. “Obedecemos à sinalização, andamos de carroça na mão certa de direção e temos toda atenção no trânsito. Assim, nestes anos de trabalho, nunca nos aconteceu acidente”, pontua.
O carroceiro explica que a lenha que eles vendem e transportam é cedida pela Prefeitura de Ipatinga, extraída das podas de árvores e também de restos de construções, que são doados pelos proprietários.
Wôlmer Ezequiel


os três carroceiros

Outro carroceiro, João Ferreira Sobrinho, de 65 anos, também sobrvive há 40 anos dessa atividade. Pai de sete filhos, João relatou que veio de uma comunidade rural de Ubaporanga, em busca de melhores condições de vida. “Consegui um trabalho numa empresa e não me adaptei na época. Passei a me dedicar ao serviço de carroceiro. Sempre sustentei minha família com esse trabalho”, resumiu João Ferreira.
O mais novo carroceiro que atua no ponto é Cosme Damião da Silva, de 48 anos. Ele começou na atividade há apenas dois anos, e voltado mais para o  transporte de materiais. Ele raramente recebe encomendas de lenha. “Estou satisfeito com meu trabalho. Não tenho do que reclamar. Faço entrega de areia e brita, e transporto entulhos e outros materiais. Poucas vezes aparecem encomendas de lenha e o dinheiro arrecadado não compensa, pois, é muito pouco. O m3 de lenha hoje tem o valor de R$ 10 a R$ 15”, informou Cosme Damião.
 
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