
05 de março, de 2016 | 10:01
Nascentes serão recuperadas em Ipaba
Comunidade se mobiliza após o agravamento de problemas ambientais com os rejeitos de mineração no rio Doce
DA REDAÇÃO Viabilizar e assegurar água para o consumo humano, animal e a agricultura familiar em condições adequadas se tornou um desafio para os pequenos municípios do Vale do Aço, após o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco/Vale/BHP Billiton em Mariana e a lama que atingiu o rio Doce. Devido ao agravamento de impasses ambientais, a Paróquia Nossa Senhora da Penha, de Ipaba, lança neste domingo (6/3) o projeto Água Limpa Permanente”.
A iniciativa, que também alcança 13 comunidades rurais da paróquia nos municípios de Bugre e Caratinga, prevê o mapeamento e a proteção de nascentes e pretende fazer um trabalho de conscientização das populações vizinhas, segundo explicou o coordenador paroquial Ewandro Magnu da Silva Santos ao DÍARIO DO AÇO. Não queremos ficar somente na igreja rezando, mas atentar à realidade de nossa sociedade, que também nos atinge, e nos mobilizarmos para mudar esse cenário e ter uma perspectiva de melhorias”, resumiu.
Ele contou que a ideia nasceu dentro da igreja, em Ipaba, liderada pelo pároco Allan Pedrosa, e teve ampla aprovação dos fieis e comunidade. Uma parceria foi firmada com o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a Polícia Militar de Meio Ambiente na região. Conforme Ewandro, a projeto tem duas vertentes. Uma é a sensibilização das comunidades rurais, por meio de palestras e visitas, sobre a exploração consciente de recursos hídricos. Outra é adotar medidas para a recuperação dos mananciais, como limpar e cercar as áreas para evitar a entrada de animais, promover o reflorestamento e recuperação de mata ciliar, entre outros procedimentos.
Uma equipe técnica foi formada na igreja e conta com engenheiros ambientais e outros especialistas. Apesar do lançamento oficial agendado para este domingo, o trabalho já foi iniciado, com visitas à população rural. Um diagnóstico de problemas ambientais será feito pelo grupo, assim como um levantamento das ações emergenciais. O prazo do trabalho inicialmente estipulado é de dois anos, mas o intuito da paróquia é zelar para que as ações sejam permanentes.
O coordenador paroquial lembrou que o município de Ipaba não teve o abastecimento de água prejudicado pelos rejeitos da mineração, mas o impasse atingiu habitantes ribeirinhos, pescadores, a agricultura familiar e empreendimentos que dependem do rio Doce na cidade, como os areais. E, além do mais, Ipaba enfrenta sérios problemas de falta dágua, situação que vem piorando nos últimos anos. O sistema de captação da cidade praticamente secou. No momento, capta algo em torno de 10 litros de água por segundo e isso não é suficiente para atender a toda população”, citou. Ipaba tem aproximadamente 18 mil habitantes.
O projeto Água Limpa Permanente” também está sintonizado com as diretrizes da Campanha da Fraternidade 2016, que destaca a situação do saneamento básico em todo o país. O Papa Francisco expressa uma preocupação com a casa comum. Toda a comunidade paroquial decidiu se mobilizar em prol desse objetivo - em prol dessa conscientização da população fomentando o cuidado com questões ambientais - e criar um projeto onde todo mundo se comprometa com nossas nascentes”, reiterou Ewandro Magnu.
Neste domingo, a paróquia promove também o Dia D da Campanha da Fraternidade, em Ipaba, a partir de 7h. Haverá missa na igreja matriz da cidade, caminhada e reflexão sobre questões de saneamento básico, cuidado com o lixo, e serviços diversos na praça principal. Tendas irão expor o projeto de recuperação de nascentes, impasses como as doenças transmitidas pelo vetor Aedes aegypti, com alerta da Secretaria Municipal de Saúde, entre outros atos. Precisamos despertar o olhar da comunidade e de nossas autoridades”, encerrou o coordenador paroquial.
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