17 de dezembro, de 2015 | 20:00

Vereador de Ipaba é acusado de pedir propina ao prefeito

Documento que trata a delação, aponta que o parlamentar cobrou R$ 40 mil dos cofres públicos para aquisição de imóvel

DA REDAÇÃO – O servidor público Vilmar Júlio de Sousa procurou o DIÁRIO DO AÇO nesta quinta-feira (17/12), a fim de expor a denúncia oferecida ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) e à Câmara de Vereadores de Ipaba, contra o parlamentar Raone Ferreira de Araújo Abreu (SDD), presidente da Casa legislativa do município. A acusação do servidor é um suposto pedido de propina feito por Raone Abreu ao prefeito de Ipaba, Marquinhos do Odilon (PDT), para que investigações com alvo no Chefe do Executivo e em tramitação na Câmara de Vereadores fossem arquivadas.

A cópia da denúncia demonstrada por Vilmar ao DIÁRIO DO AÇO tem nove páginas. O motor da acusação é um áudio gravado por telefone celular e entregue aos órgãos citados, apensado à denúncia. No documento, é afirmado que Raone Abreu pediu a Marquinhos do Odilon o montante de R$ 40 mil para a aquisição de um imóvel. Em troca, ofereceu o arquivamento de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e Comissão Processante (CP) que investigam assuntos ligados ao prefeito. As comissões foram engendradas pelo próprio parlamentar acusado, cita o documento.

“Essa gravação chegou no meu celular via WhatsApp (aplicativo de troca de mensagens para smartphones)”, diz Vilmar Souza, sem citar a fonte do referido áudio. O denunciante alegou ser mecânico montador e morador de Ipaba, sem vínculos com a administração pública – embora o documento o referencie como servidor público. O ato de levar o caso aos órgãos competentes, diz ele, ocorre “por um dever de cidadão”.



A gravação foi transcrita no documento tão somente com as falas do parlamentar. É atribuído a Raone um apelo feito ao prefeito de que irá se casar em breve e por isso faz um pedido de “ajuda” no valor inicial de R$ 10 mil. Em seguida, na suposta gravação, o vereador solicita ao gestor público a aquisição de um lote próximo a uma escola e avenida de Ipaba, cujos endereços não foram informados, no valor de R$ 40 mil. O montante seria desviado da máquina pública. A voz, identificada como a do vereador, ainda destaca que há outra investigação por vir e tem como alvo o Executivo, ressalta seu interesse nas eleições municipais de 2016 e cita, de forma intrincada, manobras com seu partido.

A acusação informa ainda que a conduta do vereador para “tentar auferir lucros financeiros” não é inédita. Citando artigos de legislações eleitorais, a denúncia pede à Câmara de Vereadores de Ipaba a cassação do mandato do parlamentar, sob alegação de corrupção, improbidade administrativa, falta de decoro e demais infrações político-administrativas, além de crime tipificado no Código Penal Brasileiro.

O Poder Judiciário deverá ter recesso forense entre 20 de dezembro e 6 de janeiro de 2016. A Câmara de vereadores também sustará suas atividades no período das festas de fim de ano. O DIÁRIO DO AÇO procurou o vereador Raone Ferreira ao longo da tarde de quinta-feira para se manifestar sobre as acusações, porém não obteve êxito. No telefone fixo da Câmara Municipal, ninguém atendeu às chamadas e Raone também não atendeu às chamadas pelo celular.