09 de novembro, de 2015 | 20:00
Estouro de barragens causa prejuízos na região
Lama chegou ao rio Doce provocou a morte de animais
IPATINGA - A lama oriunda do estouro de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco, ocorrido no último dia 5, em Mariana, causou prejuízos à fauna e flora na região do Vale do Aço.
Dona das duas barragens que romperam no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, a Samarco é uma empresa que tem 50% da brasileira, Vale, e outros 50% da australiana BHP Billiton, considerada a maior empresa de mineração do mundo.
Desde sexta-feira a Polícia de Meio Ambiente tem acompanhado a situação e monitorado o leito do rio Doce, em razão da passagem dos resíduos. Cidades que fazem captação da água do rio tiveram de suspender o serviço. O comandante do Pelotão da Polícia de Meio Ambiente do Vale do Aço, tenente Átila Porto, informou que o distrito de Perpétuo Socorro, em Belo Oriente, está sem abastecimento de água e é o mais prejudicado da região.
Aproximadamente 40 horas depois do acidente, que aconteceu por volta das 17h de quinta-feira, a lama chegou ao Vale do Aço. O primeiro ponto de observação foi por volta das 9h, na Ponte Queimada, localizada entre a mata do Parque Estadual do Rio Doce e o município de Pingo D'Água. Horas depois os resíduos foram observados na Ponte Perdida, localizada perto de Revés do Belém, em Bom Jesus do Galho. Mais tarde, chegou à ponte metálica, na BR-458, na saída de Ipatinga para Ipaba e Caratinga. A lama apresentava-se bastante diluída em meio à água do rio.
Na tarde dessa segunda-feira (9), o secretário municipal de Obras e Serviços Urbanos de Belo Oriente, Eduardo Mereles, disse que o distrito de Perpétuo Socorro está sem fornecimento de água. Caminhões-pipa foram providenciados para garantir o líquido aos munícipes. Ainda conforme o secretário, não há previsão da reativação do fornecimento, devido ao índice de contaminação da água. O prejuízo maior foi à natureza, muitos peixes morreram. Agora o nível do rio baixou bastante”, acrescentou Eduardo Mereles.
Em Governador Valadares, por causa da lama, o Saae suspendeu captação de água no rio Doce e deixou a cidade desabastecida.
Prejuízo
O tenente Átila Porto explica que é impossível mensurar o tamanho do prejuízo ambiental, principalmente pelo fato de que estamos no período da piracema, movimento migratório de peixes no sentido das nascentes dos rios, com fins de reprodução. A mortandade de peixes nos preocupa. Muitos peixes estão agonizando porque comeram dessa lama. Mesmo com a informação de que não é tóxica, animais morreram e isso quer dizer alguma coisa”, ponderou. A orientação do tenente é que as pessoas não comam os peixes encontrados às margens do rio.
Muitas pessoas utilizam o rio para extração de areia ou para dar água aos animais, por exemplo. A recomendação é que tais práticas sejam suspensas, por enquanto. Vários peixes foram recolhidos mortos à margem do rio. Entre os animais sem vida está, inclusive, uma tartaruga de água doce.
O oficial acrescenta que o rio recebeu muita lama e que sua profundidade diminuiu, o que pode ocasionar inundações no período chuvoso. A polícia de Meio Ambiente irá enviar ao Ministério Público os boletins de ocorrência, para que seja estudada a multa a ser aplicada. Estamos realizando trabalho de rescaldo e o boletim de ocorrência ainda está em aberto”, frisou Átila Porto. [[##1033##]]
Cenibra
A assessoria de Comunicação da Cenibra informou que, em virtude da chegada da lama e detritos no trecho em Cachoeira Escura (distrito de Perpétuo Socorro), próximo à captação de água da fábrica, originados do rompimento da barragem da Samarco (Mariana), e devido às restrições para captação de água no rio Doce, suspendeu no dia 7 (sábado), a produção de celulose nas duas linhas de fabricação. Alternativas para minimizar os impactos para a empresa e empregados estão em andamento.
Devido à ausência, até o momento, de informações oficiais, ainda não há previsão para o restabelecimento das condições operacionais e ambientais.
Orientações
O superintendente Regional de Saúde de Coronel Fabriciano, Wagner Barbalho, se reuniu nessa segunda-feira (9) com a Equipe Técnica da Regional de Saúde para alinhar as novas informações sobre o desastre ambiental que atingiu o Vale do Aço e Vale do Rio Doce. Conforme informação da superintendência, a respeito da contaminação dos rios, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) acionou equipes do Senai/Cetec para a realização, em caráter de emergência, de coletas diárias de amostras de água e sedimentos nos corpos de água para o acompanhamento das consequências do acidente. Pontos de coleta estão sendo definidos e também os parâmetros a serem considerados para analisar as amostras de água e sedimentos.
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