10 de agosto, de 2015 | 18:30
Feira científica reúne criatividade e inovação
Trabalhos chamaram a atenção do público que visitou a Jornada Científica 2015 da Escola Educação Criativa
IPATINGA Uma rica e variada gama de projetos atraiu centenas de pessoas à Escola Educação Criativa no fim de semana. Na Jornada Científica 2015, alunos do 8º e 9ª ano do Ensino Fundamental e do 2º ano do Ensino Médio somaram criatividade a pesquisas sérias, que resultaram em trabalhos acadêmicos de excelência. Os projetos, inclusive, serão inscritos na Feira Brasileira de Ciência e Tecnologia (Febrace), da Escola Politécnica (Poli) da USP, em São Paulo, evento em que a escola já participa tradicionalmente.
A responsabilidade socioambiental envolveu diversos trabalhos. O grupo do 9º ano, da qual a aluna Victoria Sousa faz parte, por exemplo, há meses cultiva a batata-doce para doar à comunidade da Vila da Paz, no bairro Cidade Nobre. Os estudantes pesquisaram os nutrientes desse alimento, que se mostraram viáveis ao consumo dessa população.
É um alimento rico em carboidratos, proteínas e fibra alimentar. Criamos, ainda, uma cartilha de receitas, mostrando que há várias formas de consumo da batata-doce”, explica Victoria. A colheita do tubérculo ocorrerá em breve, algo próximo de uma tonelada, estimam os estudantes. Moradores da Vila da Paz deverão participar de um seminário, com degustação, para apreender sobre a planta e seus benefícios à saúde.
A equipe da qual a estudante Letícia Soares faz parte também focou a comunidade da Vila da Paz, vizinha à escola, com um criterioso projeto de melhoria estrutural e ambiental. Estamos pintando e rebocando uma casa por ano, para mudar a cara da comunidade. Por vezes uma pessoa ali não se sente digna, motivada, e aí que queremos atuar”, diz a adolescente.
O trabalho experimental envolveu 22 sacos de cal, 10 quilos de cimento e meio caminhão de areia. Devido à quantidade de lixo que vai para o ribeirão Ipanema, os meninos também projetaram a instalação de lixeiras nos arredores da comunidade. O estudo de melhoria urbana aguarda autorização da Prefeitura de Ipatinga.
Outro grupo de trabalho pensou num problema comum que atinge um alto número de pessoas: a intolerância à lactose, que é a incapacidade que o corpo tem de digerir a substância encontrada no leite e em outros produtos lácteos. O time fez a aplicação de questionários e pesquisa de campo e identificou que 92 pessoas da comunidade escolar possuem a intolerância.
A partir daí, o projeto avaliou as formas de tratamento utilizadas, verificando o medicamento que apresentou maior eficácia nos relatos de usuários e na experimentação com a substância, explicou Kelyta Cassaro, do 2º ano. A melhor performance ocorreu com o Lactosil, uma enzima digestiva para preparação de alimentos lácteos, comercializada em farmácias.
A Jornada Científica 2015 também teve outra leva de trabalhos de destaque, como o reuso viável da água da máquina de lavar para irrigar jardins; o aproveitamento da raspa de couro de curtume na produção de tijolos em Ipatinga, com viabilidade de resistência dos materiais; entre outros.
Metodologia
Coordenadora do Ensino Médio da Escola Educação Criativa, Zilma Procópio elenca a importância de se trabalhar a iniciação científica com os alunos. Nosso objetivo central é desenvolver a metodologia científica cuidando de cada passo do processo de pesquisa - o levantamento de problemas, os objetivos, o desenvolvimento, a conclusão e os resultados, por exemplo. Com isso, nós pretendemos levar essa metodologia para o estudo diário do aluno, para o trabalho do professor em sala de aula e assim desenvolver o aluno pesquisador”, reforça.
O reconhecimento nacional e internacional dos trabalhos do colégio é recorrente. A título de exemplo, a escola tem participação frequente e de destaque na Febrace, da USP, e na Olimpíada Brasileira de Matemática, obtendo ainda resultados notórios em vestibulares e nas médias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Professor de Química e diretor do Ensino Médio, Sérgio Luiz de Souza Costa, ressalta que muito além da técnica, a escola visa a formação cidadã dos estudantes.
Nosso retorno é muito satisfatório no sentido de o aluno vislumbrar horizontes e de ter melhor aprendizado em sala de aula. Pensamos muito além do curso superior, mas na trajetória de vida do aluno”, pontua.
O Núcleo Ambiental da Criativa é referência na região. Crianças começam a conviver com as ciências desde cedo. Diretora-geral do educandário, a professora Simone Corrêa Costa lembra os valores que norteiam o trabalho da instituição, ao longo de 31 anos.
Os estudantes precisam aprender a ampliar os horizontes e sua percepção de mundo, como também aprofundar a perspectiva da análise e da reflexão, a ponto de consolidar os dados de forma mais coesa. E fortalecendo o papel de estudante, nós acreditamos que eles vão, pouco a pouco, fortalecendo todos os espaços que compõem o processo cientifico. Todo o trabalho deriva de um princípio que é a formação do papel de estudante”, encerra.
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