21 de novembro, de 2014 | 21:30

Riscos de consumo de drogas na gravidez

Muitas mulheres mantêm o uso de álcool e tabaco nesse período, aumentando grau de risco para a gestante e o bebê


IPATINGA – O consumo de bebidas alcoólicas e do cigarro entre mulheres é mantido por muitas delas mesmo depois de iniciar uma gravidez. Por se tratar de drogas lícitas e “aceitas” socialmente, muitas mulheres omitem esse consumo para os médicos durante a gestação. Manter o consumo dessas substâncias, assim como as drogas ilícitas como maconha, crack e cocaína, pode trazer sérios riscos para a saúde da mãe e da criança. Esse é o alerta que especialistas da saúde fizeram durante a realização do Fórum Intersetorial sobre Álcool e Outras Drogas (Fiad) de Ipatinga, na última semana.

O encontro teve como objetivo contribuir para a formação teórica e técnica dos profissionais e representantes dos órgãos com atuação na área, para ampliar os fluxos de atendimentos a esse público que vive em situação de extrema vulnerabilidade social e em situação de rua. Palestrante no evento, o psiquiatra do Programa Municipal de Saúde Mental de Ipatinga e também em Coronel Fabriciano, Juliano Dantas, frisou que esse público carece de um tratamento multidisciplinar. “A proposta é cada vez mais chamar outros atores para esse processo e tentar de certa forma prevenir um pouco as complicações decorrentes do uso e abuso das substâncias químicas na gravidez, principalmente para essas mulheres”, disse. 

O psiquiatra destaca que as drogas ditas lícitas são tão prejudiciais quanto as ilícitas. O alerta vale para todas as mulheres, uma vez que este consumo é omitido algumas vezes. “É muito mais que uma questão criminal; é a conscientização. Retardo mental, desenvolvimento psicomotor aquém do esperado, complicações de saúde, como pneumonia e partos prematuros são algumas das consequências para o feto”, ressaltou Juliano Dantas. 

Polliane Torres


ana Cristina chaves
A coordenadora do curso de Farmácia do Unileste, Ana Cristiana Chaves, que também participou do evento, reforça o discurso do psiquiatra. “Existe uma implicação muito séria com relação ao uso das drogas lícitas ou ilícitas. É grave tanto para o corpo da mulher, quanto socialmente. Além de problemas de saúde, a criança pode ter alteração psicológica e muitas vezes o bebê nem nasce, dependendo da quantidade de drogas ingeridas. Podemos ter partos de fetos mortos, inclusive”, salientou a farmacêutica.

Apesar do aumento do acesso à informação, Ana Cristiana Chaves diz que álcool e tabaco são as drogas mais usadas pelas gestantes e muitas não sabem que essa prática vai fazer mal. “Por estarem tão dependentes da droga, muitas preferem esconder essa situação achando que não vai fazer mal para a criança”, comentou.

Muitos estudos mostram que, se na primeira gravidez a mãe para de fumar e a criança nascer perfeita, na segunda gravidez ela fuma ou bebe, por pensar que não teve problema. “Por isso, é importante a orientação durante a gestação sobre o uso dessas drogas. Está comprovado cientificamente que essas drogas podem comprometer a vida futura desse feto”, reforçou a farmacêutica.

Atendimento
Polliane Torres


juliano dantas
O município de Ipatinga tem implantado, desde 2013, uma rede de atenção psicossocial e serviços voltados para pessoas em situação de rua. No acompanhamento dos casos, a equipe se deparou com muitas gestantes e algumas eram usuárias de drogas. Tal situação motivou a realização do encontro.

“Eventos como esse buscam atendimento de qualidade para prevenção do uso de drogas da população vulnerável. O município tem o dever de criar serviços e fluxos para prestar um atendimento de qualidade e para isso precisa nos instrumentalizar melhor”, disse a integrante do Fórum Intersetorial, Juliana Andrade. No caso de mulheres em situação de rua grávidas que não queiram ficar com a criança, ela é encaminhada para a adoção. 
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