07 de agosto, de 2014 | 00:00

Castração para o controle da população animal de rua

Entidade Meu Amigo Cão defende o uso do método para controle da reprodução de cães e gatos

IPATINGA – Para reduzir o alto número de população de cães e gatos nas ruas das cidades da região, a ONG Meu Amigo Cão (MAC) Vale do Aço promove um abaixo-assinado para que os municípios da região implantem a castração dos animais, como forma de controlar a sua reprodução. Em Ipatinga, foi aprovada, em janeiro deste ano, a Lei 3307/14, que prevê a implantação do Programa Permanente de Controle Reprodutivo de cães e gatos.

A veterinária da ONG, Shara Regina da Silva, enfatiza a mobilização da entidade para reforçar a necessidade de a lei sair do papel. “Queremos que as prefeituras se sensibilizem para fazer o controle dessa população com castração, principalmente porque na região temos a introdução de epidemia de leishmaniose visceral”, afirmou Shara da Silva. Ela alerta que, quanto mais animais na rua, maiores as chances da epidemia de leishmaniose visceral se espalhar, porque eles ficam mais vulneráveis à doença por não terem abrigo e comida.

A entidade já se reuniu algumas vezes com a Prefeitura de Ipatinga para debater a implantação do Programa de Controle Reprodutivo no município. “Falta interesse público e viabilização de um espaço físico para montar. Da nossa parte, o que faltava era a formalização do MAC, realizada em abril. Existe um projeto muito bom que contempla um Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) completo, onde seria feita a castração”, adiantou a veterinária.

Como alternativa para agilizar esse serviço, a entidade sugere a implantação do Castramóvel, uma sala de cirurgia ambulante. “A exemplo do trabalho realizado Belo Horizonte, um caminhão equipado iria para a rua atender populações carentes, que têm dificuldades em levar o animal até o Centro de Controle de Zoonozes”, sugere Shara da Silva.

Recursos
Por meio de nota, a Prefeitura de Ipatinga informou que busca, junto ao Ministério da Saúde, recursos para a construção da sede própria do Centro de Controle de Zoonoses. “O espaço adequado possibilitará a ampliação de serviços realizados e a implantação de novos, como o programa de controle reprodutivo da população animal (cães e gatos). O projeto está em fase final de elaboração. O município aguarda a reintegração de posse do terreno público, no bairro Parque das Águas, que abrigará o equipamento”, detalhou a nota.

A administração municipal destaca que, atualmente, em Ipatinga são desenvolvidas campanhas educativas para incentivar a posse responsável de animais, a fim de evitar o abandono e o aumento da população de cães e gatos. O município conta, também, com o serviço de adoção de animais domésticos abandonados.

Eutanásia
Em 2005, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu alerta declarando que a eutanásia, ainda utilizada em muitos países para controle de população animal, não contribui para a redução da reprodução. Shara da Silva aponta que há uma estimava de que cada casal de cães ou gatos tenha, em dez anos, cerca de 80 milhões de descendentes, considerando uma média de seis filhotes a cada reprodução. “A castração, feita de maneira cirúrgica, é uma bandeira de qualquer entidade de proteção ao animal. Pois ela traz uma série de benefícios”, afirmou a veterinária.

Shara Regina da Silva aponta como vantagens da castração a maior longevidade dos animais, menos incidência de câncer de próstata nos machos, e de infecção no útero nas fêmeas. “Com a castração, acaba também o problema de macho que faz xixi em vários pontos para marcar o território, além de reduzir as brigas entre eles”, pontuou Shara da Silva. 

Cuidado
Em um trabalho de “formiguinha”, a MAC faz a castração de quase todos os animais recolhidos nas ruas. “Não castramos todos os animais recolhidos porque é um procedimento muito caro, com custo a partir de R$ 500. O número de castrações que o MAC faz é muito pequeno em face da demanda do município”, comentou Shara da Silva.

A veterinária conta que a quantidade de ninhadas abandonadas na região e encaminhadas à entidade é muito grande. “A cadela cria porque não foi castrada e os donos colocam os filhotes em caixas e deixam em algum ponto da cidade”, relata.

Adoção
Depois de serem resgatados, os animais recebem cuidados veterinários e são acolhidos em lares temporários. De lá, eles são levados para feiras de adoção de cães, promovidas pela entidade. A entidade marca presença na Feira de Arte e Artesanato de Ipatinga (Feirarte) todos os domingos, das 9h30 às 12h30. No primeiro sábado de cada mês, a feirinha de adoção é feita no estacionamento do Shopping do Vale do Aço e, mais recentemente, o grupo conta com estande de doação também em Timóteo, na praça 1º de Maio, no Centro.

Atualmente, a Ong possui cerca de 60 animais, sendo que 30 estão aptos à adoção. A entidade vive de doações e de venda de produtos da MAC realizada durante essas feiras. Como não possui uma sede, todo o trabalho da entidade é realizado por meio da internet e redes sociais. O abaixo-assinado está disponível na página da MAC (www.meuamigocao.org).

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