26 de junho, de 2014 | 00:00
Usuários de crack ameaçam segurança no Bom Retiro
Moradores reclamam da bagunça e da intimidação provocada pelos desconhecidos
IPATINGA Moradores dos bairros Bom Retiro e Imbaúbas estão preocupados com os agrupamentos de pessoas em situação de rua nas principais vias do entorno. No entroncamento da avenida Fernando de Noronha com a avenida Paladium, o grupo que ali se instalou aumenta a cada dia e, conforme os moradores, usuários de crack têm se aglomerado no local, provocando insegurança a quem reside na vizinhança.
Na rua Cristóvão Jaques, localizada atrás do centro comercial do Bom Retiro, os moradores afirmam que o aborrecimento é maior durante a noite. Geralmente, quando chegamos da faculdade, vários usuários estão sentados na porta dos edifícios e temos que pedir licença para podermos entrar em casa. Só que isso se torna muito perigoso, pois no momento que abrimos o portão não sabemos qual pode ser a reação deles”, afirma uma estudante que reside num dos imóveis situados no local.
Outras pessoas que moram na rua Cristóvão Jaques também reclamam da sujeira provocada pelos indivíduos. Até dejetos encontramos nas calçadas ao acordarmos”, comenta, indignada, outra moradora, que prefere não se identificar. A abordagem dos pedintes também deixa os moradores apreensivos. Um universitário abordado pela reportagem diz que, por vezes, as ações intimidam os transeuntes. Muitas vezes essas abordagens são de forma grosseira. E se oferecemos um prato de comida, ou qualquer tipo de alimento, eles não aceitam”, revela.
Uma dona de casa que mora no bairro Imbaúbas há cinco anos comenta que, em função da região do Bom Retiro ganhar destaque com o número crescente de bares e outros entretenimentos, a insegurança de quem reside por ali aumenta. Não precisa ser de madrugada para que os usuários (de drogas) tomem conta de nossas calçadas, ruas e até nosso coreto (em referência a uma pequena praça nas proximidades). Não temos mais a tranquilidade de antes”, lamenta.
Mobilização
Eleito recentemente à presidência do Conselho Comunitário de Segurança Pública (Consep 5) dos bairros Bom Retiro, Imbaúbas, Horto e Santa Mônica, Gilberto Bernardo Barreto salientou ao DIÁRIO DO AÇO que ainda nessa quarta-feira (25), seria realizada uma reunião no bairro envolvendo representantes de diversos segmentos - a Polícia Militar, inclusive.
Na reunião com a diretoria, iremos definir nossas metas e reorganizar o Consep dessa região. E trataremos não somente desse problema, como diversos outros. Pretendemos envolver ainda líderes religiosos, comerciantes, e moradores, pedindo sugestões e propostas para assim trabalharmos em conjunto. Com relação aos usuários do crack, por exemplo, é necessário estudar para onde essas pessoas podem ir, uma vez que precisam de tratamento”, ressaltou.
Responsável pelo patrulhamento da área, o tenente PM Moraes ressaltou, por telefone, que a ronda dos militares nos dois bairros ocorre 24h por dia. O oficial destaca que é relevante os moradores entrarem em contato com a polícia em quaisquer situações de insegurança. E a denúncia pode ser feita por diversos canais, anonimamente. Há o 181, o 190, o net denúncia que inclusive permite ao cidadão acompanhar o andamento da solicitação. Por vezes passamos e nada está ocorrendo. É importante que o cidadão possa denunciar para que possamos atender à demanda, prontamente”, encerrou.
Abordagens já foram feitas,
conforme secretário municipal
Em entrevista ao DIÁRIO DO AÇO, o secretário municipal de Assistência Social, Vasco Lagares, também falou sobre o impasse vivenciado nos bairros Bom Retiro e Imbaúbas. O titular da pasta acentua que é preciso, primeiramente, diferenciar a população em situação de rua dos usuários de crack, grupos distintos no cenário urbano. População em situação de rua e usuários de crack não são sinônimos, muito embora a população em situação de rua seja um grupo heterogêneo”, alerta.
Sobre os usuários do crack, Vasco diz ser uma competência que envolve a ótica da segurança pública. Quanto às pessoas que usam de equipamentos urbanos para a sobrevivência, por sua vez, há vários serviços no município de atendimento a esse grupo populacional, como o serviço de pernoite Projeto Videiras, o Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop) e o Consultório na Rua.
Uma abordagem já foi realizada, afirma o secretário, ao grupo de pessoas em situação de rua no Bom Retiro, todavia eles precisam aderir aos serviços oferecidos pelo município. As pessoas não podem ser retiradas das ruas contra a própria vontade”, sintetiza.
Um processo seletivo em trâmite, além disso, deverá apontar mais três profissionais que integrarão a equipe de assistência social, que farão um trabalho ainda maior com os indivíduos em vulnerabilidade social. No próximo mês deverá ser homologado o resultado do processo seletivo”, pontua o secretário.
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