04 de maio, de 2014 | 00:00

Adolescentes arriscam a vida em jogo do desmaio

Médica informa que a prática pode provocar sérias complicações de saúde


IPATINGA – A “brincadeira do desmaio” continua a preocupar pais, educadores e profissionais da Saúde. No jogo perigoso, bastante divulgado em vídeos da internet, participantes prendem a respiração e induzem à perda de consciência por meio de pressão no peito ou pescoço. Casos semelhantes têm sido registrados em escolas do Vale do Aço, o que tem causado apreensão. Essa prática, segundo especialistas, pode provocar parada cardíaca, lesões cerebrais, coma ou até a morte.

Uma mãe que preferiu se manter no anonimato procurou o DIÁRIO DO AÇO para relatar que o filho adolescente participou, recentemente, do jogo com colegas, e ficou com sérios hematomas. “Ele fez duas vezes brincando, sem levar a sério e, na terceira vez, ele prendeu a respiração. Tempos depois, ele caiu no chão. A quadra da escola era de cimento e ele machucou bastante o rosto ao desmaiar. Tivemos que levá-lo ao hospital e ele ficou em observação. Lá no hospital, e conversando com a escola, é que soube da brincadeira, amplamente divulgada na internet. Fiquei muito assustada com isso”, narra a leitora.

Em entrevista ao DIÁRIO DO AÇO, a médica pediatra, hebiatra e psiquiatra Sigrid Campomizzi Calazans faz um alerta sobre a prática perigosa compartilhada em mídias sociais. No jogo inconsequente, a ideia é experimentar uma sensação fugaz, uma “onda” semelhante ao efeito de drogas, explica a médica da Clínica Monte Sinai. “O adolescente tem muita curiosidade, gosta de correr riscos e quer experimentar coisas novas. Mas, essa prática tem sérios riscos”, adverte.

Wesley Rodrigues


sigrid calazans


Calazans esclarece que os movimentos feitos no jogo do desmaio diminuem o fluxo sanguíneo e a oxigenação do cérebro, o que provoca a perda momentânea de consciência. O “barato” momentâneo, porém, pode ter consequências graves. “A pessoa pode ter uma crise convulsiva por falta de oxigenação do cérebro, pode ter uma parada cardíaca, induzir ao coma ou até à morte. Existem relatos, dentro e fora do país, de adolescentes que morreram em consequência da brincadeira do desmaio”, pontua a especialista.

A hebiatra já recebeu em seu consultório adolescentes que participaram do  jogo. Outra complicação da prática, conforme acrescenta, é se o jovem tem predisposição a problemas de saúde ou tem alguma patologia ainda desconhecida. “A pessoa pode ter uma tendência à convulsão ou um problema de coração ainda não detectado. Logo, há grupos com um risco ainda maior. É uma ‘brincadeira’ com muitos riscos e os adolescentes e as escolas precisam estar conscientes disso”, afirma.

Sigrid Calazans orienta aos pais a conversarem com os filhos e manterem um diálogo aberto. Aos adolescentes, ela recomenda não se envolverem em brincadeiras exóticas e que podem ser perigosas. “A gente não sai experimentando as coisas só porque o grupo de amigos falou que é bom e legal. Outra coisa que os pais podem fazer é quando ficarem sabendo que aconteceu essa brincadeira na escola, ir à instituição e pedir para que o recreio ou o horário em que isso aconteça seja monitorado”, recomenda a médica.

 
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