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06 de março, de 2014 | 00:00

Invasões migram para Santana do Paraíso

Ocupações irregulares em Ipatinga avançam para a área de limite com o município vizinho, na entrada do Cidade Nova


PARAÍSO – Após registros de invasões em alguns bairros de Ipatinga, famílias avançam agora para o bairro Cidade Nova, em Santana do Paraíso, para ocupar áreas públicas e privadas. Neste feriado de Carnaval moradores do bairro observaram o avanço das ocupações que migraram do bairro Planalto II para o Cidade Nova. Logo na chegada do bairro, é possível observar, nos morros e à margem da via, a demarcação de lotes e alguns barracos de lonas.

Aposentado e morador do bairro Jardim Panorama, Francisco Alves, 54 anos, estava no local na tarde de ontem para demarcar “o seu lote”. Ele informou que, até ontem, cinco famílias pretendiam se instalar na área. “Moro na minha casa, mas vou me separar e precisarei de outro lugar para morar. Vou vender meu carro para construir aqui. Cheguei hoje, ao todo somos cinco famílias conhecidas que estamos marcando lote para construir”, contou Francisco Alves, apontando para o alto do morro onde algumas pessoas usavam estacas e lonas para marcar irregularmente as áreas.

Wôlmer Ezequiel


invasão cidade nova2
Questionado sobre a ilegalidade de invadir a área, Francisco Alves alega que sabe dos riscos. “Se mandarem sair, saímos. Ainda não tenho material para construir, mas vou pedir um pouco para cada um, vender o carro e fazer a casa”, disse. O aposentado comentou que não há um líder à frente da invasão em Paraíso. “Ficamos sabendo pelo boca a boca e resolvemos invadir”, resumiu.

Enquanto usava a enxada para “arrumar” a sua área demarcada no lado de Ipatinga, antes da placa de divisa com Santana do Paraíso, a moradora do bairro Iguaçu, Iara Silva de Assis, 22 anos, afirmava que quer sair do aluguel. “Moro em dois cômodos no Iguaçu com dois filhos. Comprar lote não tem jeito. Então, não custa nada tentar. Se mandarem sairmos, o jeito é sair. Mas, por enquanto, estou só marcando a área do meu barraco. Não vou construir antes de ver o que vai dar. Vou fazer um barraco de tábua e ficar por aqui enquanto isso”, garante Iara Silva.

Preocupação
Wôlmer Ezequiel


invasão cidade nova iara silva
Enquanto o movimento avança, os moradores do bairro estão preocupados com os reflexos dessas invasões. O presidente da Associação de Moradores e Amigos do bairro Cidade Nova (Ambacin), Geraldo Felisberto, conta que muitas pessoas procuraram a entidade para reclamar. “As famílias estão apreensivas, pedindo uma solução mais rápida para essa situação. Elas temem pelo avanço da invasão e suas consequências”, alertou. 

Geraldo Felisberto aponta o interesse de alguns moradores do Cidade Nova em lotes irregulares. “Vemos aqui pessoas com carro, moto, caminhonete na invasão. Tem muito oportunista que quer vender o lote posteriormente e não quer construir. E, infelizmente, alguns moradores do Cidade Nova têm interesse em pegar um lote para vender”, salientou.

Uma das primeiras moradoras do bairro, Nilza Maria da Silva está no Cidade Nova há 14 anos e se diz assustada com as invasões. “Os moradores não estão gostando nada disso. Nosso medo é de a situação ficar igual à de Ipaba, onde os invasores nunca foram retirados. Comprei meu lote aqui, construí com dificuldade e o povo quer as coisas de maneira fácil”, criticou a moradora.

 

Prefeitura do Paraíso providencia autuações

 

Wôlmer Ezequiel


invasão cidade nova francisco alves
Uma equipe da Prefeitura de Santana do Paraíso fez uma vistoria na tarde de ontem nas áreas já invadidas, a fim de verificar o número de famílias que chegaram à área sob ocupação. Equipe da Defesa Civil e técnicos de várias secretarias fizeram um mapeamento do bairro em busca de pontos de invasão. O secretário de Governo, Fabrício de Assis Ferreira, informou que, num primeiro momento, foram contadas cerca de cinco famílias no território paraisense. “Vamos fazer as autuações necessárias, identificando quem já está dentro do Cidade Nova e entrar com ações de reintegração de posse das áreas que são do município. No caso das áreas particulares, vamos mobilizar os proprietários para tomarem as devidas providências”, salientou o secretário.

Fabrício de Assis destacou que as invasões iniciadas em Ipatinga na semana passada “transbordaram” para o Paraíso. “As ações começaram em Ipatinga, avançaram para o Paraíso na sexta-feira passada e no sábado de Carnaval. Percebemos que é um movimento diferente. Não tem gente, eles estão fazendo demarcações espaçadas de lotes. Por isso, cobriram uma área tão grande”, declarou Fabrício de Assis.  

O secretário afirma que, com o fim do recesso de Carnaval, as ações judiciais serão providenciadas. “A situação deixa todos incomodados, passamos o Carnaval inteiro com essa preocupação, monitorando. Agora, podemos atuar com o retorno da Justiça e tomar as medidas legais cabíveis”, pontuou o secretário. O gerente da Defesa Civil, Ademar Gonçalves, disse que a preocupação da equipe é relativa à situação de risco das áreas invadidas. “O risco é alto e, agora com o período de chuva de março chegando, nossa preocupação aumenta”, resumiu Ademar Gonçalves.


 O QUE JÁ FOI PUBLICADO:

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