14 de fevereiro, de 2014 | 00:00

“Turno fixo noturno é prejudicial à saúde”

Bióloga autora de tese de doutorado sobre o assunto, Érika Lui Reinhardt, fala sobre os efeitos do trabalho à noite


TIMÓTEO – “O ser humano não é noturno”. Com essa definição, a bióloga e pesquisadora Érica Lui Reinhardt iniciou a palestra realizada ontem, na sede do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Timóteo e Coronel Fabriciano (Metasita), sobre a sua tese de doutorado pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, em que aponta os malefícios do trabalho noturno para a saúde. A pesquisadora defende que quem trabalha no período noturno e precisa descansar durante o dia dorme menos e pior.

Em sua pesquisa, Érica Reinhardt analisou dois grupos de trabalhadores de uma mesma indústria: aqueles cujo turno ia das 21h às 6h e outros que trabalhavam das 7h às 17h. Foi aplicado um questionário sociodemográfico e de condições de trabalho e de vida, medindo, entre outras coisas, o estresse, a sonolência e a fadiga.


A tese mostra que em função dessa alteração no horário de dormir os hormônios sofrem uma desregulação em sua produção, o que pode ser um indicador para diversas doenças, incluindo o câncer. Érica Reinhardt afirma que para diminuir estes problemas, as empresas devem implantar turnos alternados, já que o trabalho noturno é necessário a alguns setores. Assista a entrevista.

 

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Contraindicação

A pesquisadora afirma que o turno fixo noturno é contraindicado e mais prejudicial à saúde do que o turno alternado. Muitos acreditam que o turno rotativo é pior por “bagunçar” horários de dormir e se alimentar a cada dois, três dias, por exemplo. Mas Érica Reinhardt contesta essa falsa ideia. Segundo sua pesquisa, tanto no turno fixo noturno quanto no alternado, o trabalhador não tem completo ajuste de todos os seus sistemas fisiológicos. “Ao contrário do que muitos pensam, a ‘bagunça’ no organismo é menor quando a hora é alternada. Isso se a mudança foi em ciclos rápidos”, salientou a pesquisadora.

Érica Reinhardt frisa que para evitar danos maiores à saúde, trabalhadores noturnos podem incorporar hábitos à sua rotina como, por exemplo, evitar tomar café ao longo da noite para pegar no sono quando chegar em casa. “Adotar sempre os mesmos horários de ir para a cama quando chegar em casa e tentar dormir em local tranquilo e escuro. Antes de começar o trabalho noturno é bom fazer um cochilo para diminuir a fadiga ao iniciar turno”, orientou. A pesquisadora cita ainda a importância do trabalhador noturno procurar o médico regularmente para avaliar sua saúde.

As empresas também podem dar sua contribuição para reduzir esses impactos nos trabalhadores de turno noturno fixo. Érica Reinhardt aponta que as cargas devem ser distribuídas de acordo com a capacidade e perda de empenho desse trabalhador. “O alerta cai muito no período noturno. A carga de trabalho deveria ser avaliada desse ponto de vista”, comentou.

Ainda de acordo com a avaliação da pesquisadora, a alimentação para o trabalhador de turno noturno deve ser alterada, balanceada de forma diferente. “Levando em consideração que o trabalhador não vai conseguir metabolizar corretamente os alimentos, porque estão num horário que biologicamente não é próprio para se alimentar”, destacou Érica Reinhardt.
 

SOBRE O ASSUNTO:

Os efeitos do trabalho noturno no organismo - 02/02/2014

 
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