27 de outubro, de 2013 | 00:00

Câncer de mama ainda mata 12 mil mulheres por ano

No Brasil, incidência é de 53 mil novas mulheres/ano, aponta mastologista


IPATINGA – No mês dedicado ao combate ao câncer de mama, os números de mulheres com a doença chamam atenção. A incidência de novos casos de câncer no país atinge 53 mil mulheres por ano. O número de óbitos é de 12 mil mortes anualmente. No Vale do Aço, em média 50% dos casos chegam aos consultórios em estágio já avançado, aponta o mastologista Fernando Ferrer Fernandes, que atende em Ipatinga. Apesar dos índices preocupantes, ele observa que, quando a doença é diagnosticada precocemente, as chances de cura são de 99,99%. Na próxima terça-feira (29), o especialista ministra palestra sobre o tema no encerramento da campanha “Outubro Rosa”, na sede da Aciapi, onde apresentará dados e esclarecerá dúvidas sobre o tema.

O médico explica que, considerados os casos que chegam ao Hospital Márcio Cunha e à clínica onde atua, no bairro Horto, 50% precisam fazer uma mastectomia (remoção da mama por meio de cirurgia) por causa do estágio avançado da doença. O mais importante é que o câncer de mama tem cura quando diagnosticado precocemente. Quando chega uma mulher que fez o diagnóstico com um nódulo menor do que um centímetro, ela tem 99,99% de chances de cura. O problema é que, no Brasil, 50% dos cânceres de mama são diagnosticados com nódulos acima de 5 centímetros, esse é o problema”, destacou.

Fernando Ferrer destaca que a mamografia é importante para detectar o câncer no início. Ele aponta que toda campanha fala em prevenção à doença, o que é errado, no seu entendimento. O correto seria dizer diagnóstico precoce. “Um dado importante: somente 10% são casos genéticos (herediários). Os 90% restantes são de fatores ambientais que ninguém sabe o que é, se é estresse, se é uso do anticoncepcional ou mudança de hábito de vida. Prevenção de câncer pra mim é comer verdura, legumes, frutas, manter-se magro, não fumar, não beber, ou beber pouco, ter qualidade de vida, isso é prevenção”, avaliou.

Campanhas
Sobre as campanhas realizadas, o especialista aponta que atende mulheres com idade mais avançada, preocupadas com outros fatores que não sua a saúde. Há casos em que o marido está doente, os filhos têm problemas, a mulher detecta o câncer de mama, que não dói, e deixa o tratamento para depois. “As campanhas servem para alertar às mulheres que o câncer tem cura quando diagnosticado precocemente, que devem fazer a mamografia, e grosseiramente, fazer autoexame. Ocorre que, às vezes, a mulher faz o exame de toque e pensa, ‘isso não está doendo, estou cheia de problemas com meus filhos, não vou mexer com isso agora’. E uma coisa que tem preocupado é a incidência de câncer de mama no Brasil, hoje o número é de 53 mil novas mulheres por ano, com 12 mil mortes anualmente e, essa incidência, não é só no Brasil. Nos Estados Unidos, são 200 mil novos casos por ano. Desses 53 mil, 90% não tinha histórico na família, o que pode acontecer com qualquer um”, alertou.

Há alguns anos, observa, era propagado o autoexame, onde a mulher se examina e geralmente encontra um tumor com 1 centímetro e meio e, na mamografia, é possível achar com 1 ou 2 milímetros. O que está padronizado é fazer a mamografia todos os anos após os 40 anos. Em alguns casos, o mastologista explica que pede o exame já a partir dos 35 anos, “visando diagnóstico precoce. E se quiser falar em prevenção, fale em qualidade de vida”, reiterou.   

Saúde pública
Bruna Lage


Fernando Ferrer
 Questionado sobre o papel do serviço público de saúde, Fernando Ferrer frisa que, na área da mama, alguns pontos foram importantes, como as leis que asseguram o direito à mamografia; realização de biópsia em 60 dias; além da lei da reconstrução da mama. Apesar da iniciativa louvável, o médico lamenta o fato de, no Brasil, o governo implantar medidas sem saber se quem está no hospital público dá conta da demanda.

“O governo lançou a lei determinando que toda mulher que perde a mama tem direito à reconstrução mamária. A lei foi lançada, a presidente Dilma (Rousseff, PT) foi para a televisão, mas procurou saber se os hospitais dão conta? Só 10% das mulheres que têm câncer de mama conseguem fazer a reconstrução. Aí modificaram a lei, e agora tem direito à reconstrução, salvo condições técnicas. Existe a lei, a ideia é boa, mas são 53 mil mulheres por anos e, no Brasil, o sistema não dá conta, os hospitais públicos não aguentam”, salientou.

Pela lei que dispõe sobre a mamografia, toda mulher, após completar 40 anos, tem direito ao exame, anualmente. Com esse exame, destaca, é possível encontrar o câncer com 1 a 2 milímetros, estágio em que não dá tempo de a doença espalhar para debaixo do braço e para o resto do corpo. “Diagnóstico de câncer não é mais sinônimo de morte. Antigamente não tinha mamografia, não existia computador. Quando cheguei a Ipatinga, em 1988, atendia mulheres com câncer palpável, hoje muitas mulheres que fazem mamografia e ultrassom acham câncer de 1,2,3,4 milímetros e tomam um susto com o diagnóstico, mas se pegar no início é grande a chance de cura”, reforçou.

Palestra
Para o encerramento da campanha Outubro Rosa, o mastologista ministrará abordará o tema “Câncer de Mama”, na próxima terça-feira, a partir das 20h, no auditório da Aciapi. “O câncer de mama é o que mais acomete as mulheres e o que mais mata. Durante a palestra vamos passar o que existe hoje sobre a doença e tirar dúvidas sobre o assunto”, concluiu Fernando Ferrer.


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