26 de outubro, de 2013 | 00:15

Boate acaba com o sossego de moradores em Ipatinga

Drogas, armas, bagunça e violência estão entre os problemas relatados


Wôlmer Ezequiel


Residencial Ayrton Senna


IPATINGA – O homicídio de um adolescente no último dia 19, associado a outros problemas como tráfico e consumo de drogas em vias públicas, disparos de arma de fogo no meio da rua, além de constantes episódios de discussões e brigas transformaram em pesadelo o dia a dia de moradores do residencial Ayrton Senna, no bairro Caçula. Uma boate, localizada no bairro, é o principal alvo de reclamações de moradores feitas constantemente ao DIÁRIO DO AÇO.

Os moradores, que preferiram não se identificar, relataram o tormento em que se transformou o local. “A gente tem medo até de se aproximar das janelas quando tem baile na boate. Há pessoas que ficam armadas e até disparos para o alto são feitos”, disse uma mulher que reside nas proximidades.

Em função dos problemas, os moradores se mobilizaram em abaixo-assinado para levar à Justiça e à Prefeitura de Ipatinga, um pedido urgente de intervenção. Segundo eles, não é a primeira vez que a mobilização acontece. “Os meninos cheiram pó no capô dos carros livremente. As meninas, que inclusive são menores de idade, vêm até os cantos dos nossos prédios para colocar drogas pelo corpo e entrarem na boate. A gente assiste a tudo isso sem poder falar nada, ou levamos um tiro na cara”, comentou, indignado, outro morador.


Moradora; sombra; janela


Antes, o problema se concentrava nos fins de semana, afirmam os moradores, momento quando os bailes realizados reúnem mais público. Todavia, não há mais data certa para que os problemas comecem. Os carros de som são ligados logo no “esquenta” para o início das festas. “Rachas”, cavalos de pau e disputas são realizadas madrugada adentro. “Quando percebem alguma viatura, os pacotes com drogas são todos jogados ou escondidos nas dependências dos prédios. Não é incomum encontramos drogas pela manhã, quando saímos de casa. Queríamos entender como a boate ainda funciona e o proprietário anda livremente dado o que acontece por lá”, indagou uma dona de casa.

 Menores
Por telefone, o sargento Adilson Pereira, da 152ª Companhia PM, informou que abordagens e diversas operações são realizadas no local. Ele lembra que, recentemente, foi feita uma operação com o apoio de comissários de menores, e 20 adolescentes foram encontrados no interior da boate.

Além disso, papelotes de cocaína, buchas de maconha e arma de uso restrito foram apreendidos nas proximidades do estabelecimento. “Somente nesse mês de outubro foram três armas de fogo recolhidas no local. Constatamos lá muita bagunça, som alto, gritaria e desrespeito com a comunidade”, lamentou.

As abordagens no estabelecimento são frequentes, e o local, em 2011, foi palco de outro homicídio. O proprietário já foi autuado devido às ocorrências. “A boate já foi fechada por um período. Reabriu e o proprietário foi orientado. O que a Polícia Militar deve fazer, ela está fazendo. Mas não depende somente de nós”, ponderou.


Moradores mãos


MP
Conforme o promotor de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Ipatinga, Walter Freitas de Moraes Júnior, no que tange à poluição sonora e problemas ambientais, a população pode enviar uma representação ao Ministério Público, para que providências sejam tomadas.  “Isso pode ser feito também pelo site do Ministério Público. No site há um link para denúncia direta. É possível solicitar, aliás, que os dados sejam mantidos em sigilo”, destacou o promotor, que ressaltou não existir, atualmente, denúncias existentes nesse sentido no departamento.

Por sua vez, o promotor de Justiça Criminal da 6ª Promotoria de Ipatinga, Bruno César Medeiros Giardini, explicou que aguarda o inquérito policial a respeito do homicídio do menor de idade registrado no dia 19 na boate para analisar a situação. “No que tange à minha área, aguardaremos o inquérito vir do delegado, para verificar a situação e estudar o que pode ser feito”, observou.

PMI
Já a Prefeitura de Ipatinga destacou, em nota, que possui competência somente para a concessão de alvarás de localização, de vigilância sanitária e de funcionamento em geral, além de fiscalizar se os estabelecimentos municipais possuem a documentação regularizada em relação ao Código Municipal de Posturas. “Os fiscais da PMI fizeram uma vistoria no referido estabelecimento na noite do dia 19 de outubro, e advertiram os proprietários da casa noturna pela realização de eventos com poluição sonora”, acrescentou o comunicado.


O QUE JÁ FOI PUBLICADO:
 

Drogas e adolescentes flagrados em boate - 01/10/2013

Tiro e morte dentro de boate no Ayrton Senna - 08/11/2011

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Proprietário decide fechar boate - 08/12/2012

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