
20 de agosto, de 2013 | 00:00
Anvisa quer regulamentação da venda de clareadores dentais
Presidente da ABO Vale do Aço afirma que medida ajudará a inibir o uso indiscriminado dos produtos
TIMÓTEO Disponíveis no mercado, os produtos de clareamento dental podem ser adquiridos sem orientação odontológica em prateleiras de farmácias, supermercados e pela internet. A consequência é o uso indiscriminado das substâncias que podem causar danos aos dentes e à gengiva. Para coibir essas práticas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estuda uma resolução para regular a comercialização de agentes clareadores.
O órgão realizará Consulta Pública da seguinte proposta: os agentes clareadores serão comercializados somente mediante prescrição por dentista e com obrigação de retenção de receita, como ocorre com os antibióticos; e a embalagem do produto deverá apresentar tarja vermelha. A medida busca valorizar os preceitos éticos da Odontologia e a Lei nº 5.081/66, que dispõe sobre o exercício profissional no país.
A presidente da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) seção Vale do Aço, Lúcia Horta Barbosa, falou sobre a medida em entrevista ao DIÁRIO DO AÇO. Na opinião da especialista em clareamento dental, o controle da comercialização de agentes clareadores é importante para proteger os consumidores dos perigos do clareamento sem supervisão profissional. Todos esses medicamentos estão liberados pela Anvisa, que está estudando medida semelhante àquela feita com o antibiótico. A Anvisa quer controlar a venda, uma vez que, disponível na prateleira da farmácia, por exemplo, quem será responsabilizado no caso de um problema? A proposta é tornar os agentes menos disponíveis com uma regulamentação de venda com orientação profissional”, salientou Lúcia Horta.
A dentista explica que a diferença entre os produtos de prateleiras e o tratamento em consultório está na dosagem correta dos agentes químicos. Ao fazer a aplicação é preciso proteger toda a boca, para evitar danos e usar dessensibilizante antes. Os produtos caseiros têm concentração muito baixa de substâncias e não contém produto que iniba a desmineralização (desgaste) do dente. No consultório, o dente do paciente é protegido contra o desgaste e recebe a dosagem correta”, detalhou Lúcia Horta Barbosa.
Os principais riscos para quem opta pelo tratamento caseiro, de acordo com Lúcia Horta, são a exposição à sensibilidade e desgaste dental, além de problemas na gengiva no caso dos géis clareadores”.
Outro problema dos produtos de fácil acesso é a pouca durabilidade do resultado, o que a dentista classifica como maquiagem dental”. No autotratamento é como abrissem os poros do dente para entrar o clareador. Mas como esses poros não são fechados, como é feito pelo dentista, ao se alimentar com frutas cítricas, vinagre, vinho e até coca-cola, o dente vai repigmentar rapidamente”, orientou.
Correção
A maquiagem dos dentes é oferecida ainda por cremes dentais e fitas adesivas. O creme dental não é efetivo porque o tempo de contato na escovação é muito pequeno. As fitas também. Em geral, são produtos diferentes com propostas diferentes. Por isso, é extremamente pertinente a atuação da Anvisa para normatizar isso, uma vez que há risco à saúde”, pontuou.
A especialista conta que, para corrigir os eventuais danos causados no autotratamento, o paciente vai gastar mais do que se optasse pelo tratamento profissional. Se o dente tiver desmineralização, o paciente deverá fazer laminados, a famosa lente de contato, que são caros. Apenas um laminado custa duas vezes o valor do clareamento supervisionado”, destacou Lúcia Horta.
Estudos
Apesar de ser um tratamento que virou moda” nos últimos anos e se popularizou com o seu barateamento, o clareamento dental é estudado há mais de 20 anos. Lúcia Horta informa que o clareamento começou a ser estudado em 1989. No início, o procedimento era temido por falta de estudo de reações. Hoje a ciência está muito evoluída, com publicações e estudos específicos. Os dentistas estão bem preparados para realizar o tratamento”, garante.
Moda
O barateamento do clareamento dental tornou o procedimento popular e atrativo. Do mesmo jeito que a pessoa quer usar roupa bonita, quer dentes claros. Hoje o custo barateou e abriu oportunidade para as pessoas. Já atendi pacientes de 15 a 80 anos. O que mais atrai as pessoas é a ocupação social. Para quem lida com o público, a procura é maior. As mulheres ainda estão na frente, mas a procura dos homens aumentou nos últimos cinco anos. A faixa etária que mais procura o tratamento é de 18 a 35 anos”, revelou Lúcia Horta.
A dentista alerta aos interessados para alguns fatores que podem fazer com que o resultado não seja como o esperado. Alguns dentes não respondem ao clareamento. Normalmente as nuances acinzentadas não clareiam. O escurecimento é a ruga do dente. A idade e o pigmento do dente interferem no tratamento”, concluiu Lúcia Horta.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]