28 de julho, de 2013 | 00:00

Patrimônio cultural espera por restauração

Capela de hospital em Coronel Fabriciano, construída em 1942, é parte da história da região



FABRICIANO – Construída na década de 40, ela se tornou um dos mais importantes símbolos da história de Coronel Fabriciano e necessita de uma  restauração. Fechada há cerca de dois anos, a Capela Nossa Senhora Auxiliadora, anexa ao Hospital São Camilo (antigo Hospital Siderúrgica), é tombada como Patrimônio Cultural do Município, com base em decreto publicado de março de 1997.

A história da capela começou com a construção do primeiro hospital da região, iniciativa da antiga Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, em 1938. A unidade foi criada para assistir os funcionários residentes nas redondezas. A Belgo-Mineira, conforme informações do Atlas Escolar de Fabriciano, mantinha no povoado do Calado (antigo nome da cidade), um serviço de exploração das matas e fabricação de carvão, para o abastecimento dos fornos de sua siderúrgica, sediada em João Monlevade.
A administração do hospital na época foi repassada à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Piedade, como conta o gerente de Cultura de Coronel Fabriciano e professor de História, Amir José de Melo. A congregação de freiras esteve à frente do hospital entre 1938 e 1960.

Wôlmer Ezequiel


amir


Em 1942, quando o hospital já estava em funcionamento, a capela foi inaugurada. O local foi erguido com dinheiro dos próprios funcionários do hospital. “Os funcionários aceitaram que fosse descontado no pagamento deles um valor mensal para a construção. A capela foi construída com uma clausura anexa, um corredor com vários quartos chamados de celas, onde as freiras residiam”, detalhou Amir de Melo.

O gerente de cultura conta ainda que a dedicação a Nossa Senhora Auxiliadora foi uma intervenção do Arcebispo de Mariana, Dom Helvécio, que era salesiano e a santa era a padroeira de sua congregação. “Então, ele influenciou para que a capela fosse dedicada a essa padroeira da sua congregação. E Joaquim Gomes da Silveira Neto, que era superintendente da Belgo-Mineira, encomendou a imagem da santa para colocar no altar principal”, relatou Amir de Melo.

Wôlmer Ezequiel


altar


Funcionamento
A Capela Nossa Senhora Auxiliadora sempre era fechada ao público externo, mas mantinha uma porta nos fundos aberto para os pacientes e seus familiares. Às sextas-feiras era aberta ao público para celebração de missas, às 19h. Com o fechamento do Hospital Siderúrgica, em julho de 2011, a capela foi lacrada. Conforme informações da assessoria de Comunicação da São Camilo, atual mantenedora do hospital, a capela permanece fechada desde então.

Paradeiro
A imagem original de Nossa Senhora Auxiliadora, adquirida para compor a capela, não está mais no altar, conta Amir de Melo. Uma das famílias proprietárias do antigo Hospital Siderúrgica teria retirado a santa e levado para uma residência particular. Outra santa desaparecida da capela é a imagem de Nossa Senhora da Piedade e seu pedestal.

Características
Sobre as características de sua arquitetura, Amir de Melo descreve que a capela segue uma linha muito tradicional no Brasil até recentemente, a de copiar construções europeias. A capela tem dois sinos que ainda funcionam perfeitamente. A última vez em que eles foram tocados foi na Festa de Nossa Senhora Auxiliadora, no ano de 2002.

 

Município buscará recursos
por meio de Fundo de Proteção

Assim como todo o prédio do atual Hospital São Camilo, a capela pertence ao governo estadual, porém, é tombada pelo Patrimônio Histórico e Cultural do município de Coronel Fabriciano. O tombamento exige a sua preservação com as mesmas características originais, não podendo sofrer nenhuma modificação interna ou externa, como explica o gerente de cultura Amir de Melo.

Para garantir sua conservação e recuperação, a administração municipal trabalha em algumas modificações das leis municipais, relativas a toda a questão cultural e na criação de um fundo de recursos. “Nós estamos modificando a Lei Municipal 2.097, relativa à lei de proteção ao patrimônio cultural e, junto com essa modificação, vamos criar o Fundo Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural”, argumentou Amir de Melo.

O Projeto de Lei para a criação do fundo deve ser levado à votação na Câmara de Vereadores ainda neste ano e, se for aprovado, possibilitará a captação de recursos para o próximo ano, a fim de serem investidos na restauração e preservação dos bens culturais de Fabriciano.
A prioridade do município será a restauração da Capela Nossa Senhora da Vitória, mas a capela do hospital pode ser a segunda na lista de projetos do município. Além da estrutura da capela, a administração planeja recuperar a imagem original de Nossa Senhora Auxiliadora e outros objetos que estão dispersos pela cidade.

Importância
Para Amir de Melo, a capela do hospital representa a histórica não só de Fabriciano, mas do Vale do Aço. “A Capela Nossa Senhora Auxiliadora é o mais antigo templo urbano do Vale do Aço e é um templo que tem características que nós só temos aqui, como também é o caso da Igreja Matriz de São Sebastião. Todas as outras igrejas do Vale do Aço são igrejas muito modernas, com exceção dessas duas igrejas que têm estilos inspirados em construções de templos europeus”, pontuou.


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