21 de maio, de 2013 | 00:00

Volta ao Brasil de bicicleta

“Ciclista apaixonado” que percorre o país em busca de bandeiras para cobrir o gramado do Maracanã de passagem por Ipatinga


IPATINGA – A bicicleta que antes era apenas um veículo de locomoção rápida para o trabalho levou o pedreiro Carlos Henrique Ribeiro, 49 anos, muito mais longe. Morador da cidade de Santa Lúcia, no interior de São Paulo, ele já percorreu todos os estados brasileiros de bicicleta. O ciclista conseguiu o recorde de percorrer 38 mil quilômetros pelo território nacional em dez meses.

Ontem, de passagem por Ipatinga, Carlos Henrique Ribeiro “ganhou” uma bandeira do município que estará em seu megaprojeto: preencher o gramado do estádio Maracanã com 4.300 bandeiras de municípios e capitais que ele visitou. 

Em entrevista ao DIÁRIO DO AÇO na tarde de ontem, Carlos Henrique Ribeiro falou sobre sua corajosa trajetória. História essa que também é contada em palestras que ele ministra, principalmente, em escolas. Ao lado de seu veículo decorado com bandeiras do Brasil, Carlos Henrique contou que já tem mais de 1.500 bandeiras para o projeto de forrar a grama do Maracanã. Ele pretende concluir o desafio na Copa de 2014, mas teme não ser possível essa realização em função da burocracia. “Meu sonho é concretizar esse projeto na Copa do Mundo. Mas em alguns municípios é difícil pegar a bandeira, por causa da burocracia”, salienta.

Vindo de São Paulo, Carlos Henrique percorre Minas Gerais durante um mês. De Ipatinga, ele segue para Governador Valadares e seu próximo Estado de destino é a Bahia. “Fico em Minas até 12 de junho. Uma das características dessa região são as curvas perigosas e morros, mas é muito bom de andar”, comentou.  

Polliane Torres


Carlos henrique ribeiro bike2
Início
Carlos Henrique viaja o Brasil há dez anos e relata como surgiu a ideia de viver sobre duas rodas. “Eu trabalhava de pedreiro, era analfabeto. Então, decidi pegar a bicicleta e sair pelo Brasil, só com a roupa do corpo mesmo. Foram dois anos dormindo em beira de rodovias, passando fome, sendo humilhado, criticado”, declarou.

Como não tinha apoio, ninguém o recebia. “Eu procurava um posto de gasolina para dormir. Na época de frio forrava o chão com papelão e me cobria com jornal. Sofri muito. Emagreci, fiquei doente, isso a gente jamais esquece. Mas a dificuldade não me fez desistir”, recorda.

Dois anos depois de pedalar sem apoio, conseguiu patrocínio da escola de idiomas Wizard. Agora, ele consegue ter estrutura para as pausas das viagens.

Rotina
Carlos Henrique diz que nem gostava muito de bicicleta. Usava o veículo por falta de opção. “Antes andava de bicicleta só na cidade, quando trabalhava de pedreiro. Mas depois isso virou paixão e ganhei o apelido de ‘ciclista apaixonado’. Hoje a bicicleta é minha ferramenta de trabalho. Sempre falo nas palestras, independentemente da idade, jamais desista dos sonhos. Conquistei vários sonhos e hoje continuo a viajar pelo Brasil”, pontua.


A rotina do ciclista é dividida da seguinte forma: 40 dias na estrada e 15 em casa. Na bicicleta ele carrega um baú recheado de matérias sobre suas viagens e alguns itens essenciais. Ao todo, Carlos Henrique pedala levando 40 quilos em uma bicicleta modesta, seu sexto veículo em dez anos. “Ela é feita em alumínio, tem marchas adaptadas e rodas com rolamentos. É simples, mas é com ela que viajo pelo Brasil e sustento minha família. Sempre digo que não é preciso ter uma bicicleta cara para ir longe”, frisou.

Perigos
O ciclista afirma que já foi do Oiapoque ao Chuí três vezes. Seu aniversário, no dia 23 de abril, dia de São Jorge, explica a sua coragem, conforme o viajante. “Só sendo guerreiro para enfrentar essas rodovias de bicicleta”, justificou. Questionado sobre os perigos enfrentados nas estradas Brasil, Carlos Henrique conta que já sofreu dois acidentes sem gravidade e passou por vários “apertos”. “Em algumas rodovias eu passo muito aperto, principalmente com os vácuos que quase me derrubam. A falta de acostamento e os buracos nas rodovias atrapalham muito também”, exemplificou.


Por conhecer muitas rodovias federais, estaduais e estradas vicinais, Carlos Henrique Ribeiro destaca que a situação varia muito entre os Estados. Porém, a grande responsabilidade está nas mãos do motorista. “Tudo depende do motorista. O perigo está em qualquer lugar, tudo vai da atenção dele no trânsito”, analisou.

Saúde
As viagens de Carlos Henrique Ribeiro o tornaram um defensor da prática esportiva sobre duas rodas. Para ele, a bicicleta faz bem ao coração e ao meio ambiente. “Se o motorista esquecer um pouco o carro na garagem e pegar sua bicicleta para passear, seria muito importante até para o meio ambiente. Sem falar no bem que ela faz para a saúde. Às vezes, as pessoas acham que passaram dos 40 e não conseguirão pedalar de uma esquina a outra. Mas o importante é persistir”, ensina Carlos Henrique Ribeiro.
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