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11 de maio, de 2013 | 00:00

Ciclistas fazem protesto comovente

Atropelamento de mecânico gráfico no bairro Ferroviários é lembrado com revolta pelos manifestantes


IPATINGA – “Quando eu cheguei ao local do acidente, minha vista escureceu. Reconhecer a bicicleta e a botina, que eu mesmo tinha dado para o meu pai trabalhar, foi desesperador. Não vou me conformar nunca com isso”. Marcone Tavares de Sousa, 36 anos, é o filho mais velho do mecânico gráfico Leonel de Sousa Ferreira, 68 anos, atropelado no bairro Ferroviários, na semana passada. Na noite da última quinta-feira (9), cerca de 150 ciclistas se reuniram no local do acidente, em memória da vítima, e também para cobrar mais segurança, sinalização e faixas elevadas para as travessias.

Wôlmer Ezequiel


Marcone Tavares



Vestindo a camisa do uniforme de trabalho do pai, Marcone Tavares contou, em tom emocionado, sobre sua inconformidade com o acidente de trânsito que vitimou Leonel de Sousa. O mecânico gráfico usava a bicicleta como meio de locomoção para o trabalho, atendendo às solicitações de empresas  gráficas da cidade. “As pessoas falam em fatalidade, mas fatalidade pra mim é acidental. Porém, quando você anda em velocidade maior que a permitida e ultrapassa a lei, você está tomando para si a responsabilidade dos seus atos, foi isso que meu pai me ensinou”, declarou.


Marcone Tavares acredita que a iniciativa do grupo de ciclistas pode contribuir para mudar a situação do trânsito em Ipatinga. “Eu espero que isso resulte em bons frutos para melhorar o trânsito na cidade, para que nenhum outro filho tenha que chorar a morte do pai como eu chorei”, pontua.


Para o segundo filho do mecânico, Fernando Tavares, 24 anos, o pai foi realmente vítima da imprudência. “A gente imaginava que os motoristas tinham mais respeito com a vida de ciclistas. Meu pai tinha 68 anos, sempre andava de bicicleta em Ipatinga e, de acordo com o boletim de ocorrência, ele estava na faixa, mas a sinalização não foi respeitada”, critica.

Wôlmer Ezequiel


Protesto Ciclistas



Além dos ciclistas integrantes de vários grupos do Vale do Aço, familiares e amigos acompanharam as manifestações, marcadas por muito simbolismo e protesto. Um dos momentos de emoção foi quando a bicicleta que Leonel de Sousa usava no dia do acidente, depois de pintada de branco, foi acorrentada a um poste. Cruzes, bicicletas e outros objetos foram pintados no asfalto, faixas educativas também foram fixadas em vários locais.


Para o ciclista Waltair Botelho, 57 anos, do grupo “Bike Morro Acima” as autoridades precisam tomar alguma providência porque o trânsito em Ipatinga está caótico e faltam ciclovias, ciclofaixas e sinalização em muitos pontos. “O motorista tem que botar na cabeça que, a cada ciclista na rua, significa um carro a menos nesse trânsito perigoso”, argumentou.

 

Reivindicações
O ciclista Marco Aurélio Martins, um dos líderes do movimento por melhorias cicloviárias, afirma que o objetivo, na quinta-feira, era manifestar a indignação do grupo pela morte de um ciclista em cima de uma faixa mal sinalizada e mal iluminada. “A discussão principal destas reivindicações já foi feita junto à prefeita na semana passada. Ela então está ciente da nossa indignação. Mas, como intervenção emergencial, nós queremos a mudança dessa faixa no bairro Ferroviários”, cobrou.


Outro ponto crítico com relação à segurança no trânsito citado pelo ciclista, é a entrada para a Estrada das Lavadeiras, atrás do Shopping do Vale, onde há um cruzamento de ciclovia com a pista de rolamento de carros. Sem recursos para reduzir a velocidade de caminhões e automóveis,  o local representa um enorme risco para pedestres e ciclistas. 

Wôlmer Ezequiel


Protesto ciclistas


Retirada
Na manhã desta sexta-feira (10) um participante do protesto procurou a reportagem do DIÁRIO DO AÇO para reclamar da remoção das faixas por fiscais da Prefeitura. Mesmo contendo frases de teor educativo, a administração municipal confirmou, em nota enviada por sua assessoria, que as faixas foram retiradas devido ao Código de Posturas Municipal.


“As faixas afixadas na avenida José Júlio da Costa, no bairro Ferroviários, foram retiradas pelos fiscais da Seção de Fiscalização de Obras e Posturas, em cumprimento ao artigo 84 do Decreto Ambiental Municipal 3.790/1997, que considera infração afixar faixas ou anúncios em arborização urbana. O mesmo versa o Código de Posturas Municipal (Lei nº 375/1972), no capítulo VI, artigo 119”, esclarece a nota.


Com relação à reivindicação dos cicloativistas e da comunidade do bairro Ferroviários, a prefeita Cecília Ferramenta afirma que determinou a realização de estudos de viabilidade técnica, que vão indicar a melhor alternativa no sentido de garantir maior segurança para o trânsito no local, complementou a assessoria.
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