28 de abril, de 2013 | 00:02

O presente e o futuro de Timóteo

Jovens que moram na cidade falam de suas expectativas e apontam áreas que precisam melhorar


TIMÓTEO – Com 81.243 habitantes, de acordo com o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizado em 2010, Timóteo chega aos seus 49 anos de emancipação político-administrativa com 19% de jovens em sua população. Fundado no entorno da antiga Acesita, hoje Aperam South America, o município cresceu em função da empresa e ficou conhecido como a capital do inox. Por muitos anos, atraiu jovens com sonhos de buscar uma profissão e constituir família. Mas qual seria a realidade hoje?

Atualmente, o município perde a forte vinculação econômica com a siderurgia e os jovens que nasceram ou vivem em Timóteo se dividem entre ficar na tranquilidade que a cidade oferece e tentar a vida nas capitais, visto que o serviço público também já não supre a demanda por vagas de trabalho.

No mais recente censo realizado pelo IBGE, em 2010, foram contabilizados 15.639 jovens, mostrando que a população adulta e idosa é maioria no município. Para elaboração deste levantamento, a reportagem considera como jovens pessoas com idade entre 15 e 25 anos.
As entrevistas revelam que, apesar de o município e região oferecerem muitas opções de cursos universitários, muitos jovens ainda saem para estudar em uma instituição federal e, na maioria das vezes, não voltam após a formatura. 

 
Nesta data especial, a reportagem do DIÁRIO DO AÇO foi às ruas de Timóteo para ouvir dos jovens suas expectativas e críticas sobre a cidade, considerada a sexta melhor em qualidade de vida no Estado (PNUD 2000).

Wôlmer Ezequiel


Thais Caroline
Mudança
Apesar de a região ser considerada polo educacional e de Timóteo abrigar inclusive uma unidade do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), ainda são muitos os jovens que precisam sair de casa para estudar. Esse é o caso da estudante Thaís Caroline, 17 anos, moradora do bairro Ana Rita. Após ser aprovada no vestibular de Ciências Econômicas na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Thaís Caroline acerta os últimos detalhes junto da família para programa a sua mudança para Vitória.

Sentada em um banco da praça 1º de Maio, Thaís conta que tinha planos de sair de Timóteo há muito tempo. “Apesar de ter muitas faculdades aqui, não há nenhuma federal, então, tive que tentar vestibular fora”, declarou a jovem. Nascida em Timóteo, ela afirma que a tranquilidade oferecida aos moradores é a maior vantagem de se morar na cidade. “Gosto muito do clima tranquilo daqui. Na minha opinião, a violência ainda não tomou conta da cidade e podemos ir e vir. Mas teria que enfrentar a realidade da capital e deixar a família para estudar”, disse Thaís Caroline.

Para a estudante, Timóteo precisa melhorar em vários aspectos para se tornar atrativa aos jovens. “Como em várias partes do Brasil, Timóteo precisa de melhorias na saúde. A situação das vias está péssima, é preciso melhorar a infraestrutura das ruas. A educação também é um problema. Devíamos ter uma universidade federal aqui. O Cefet deveria ofertar mais cursos”, salientou.   

Wôlmer Ezequiel


Dayana ferreira
Planos
Para a jovem de 16 anos, moradora do bairro Alvorada, Dayana Ferreira Costa, a saída de Timóteo para cursar faculdade também é certa. Nascida em Volta Redonda (RJ), ele se mudou para a cidade há sete anos. “Tenho planos de sair de Timóteo para cursar Engenharia Civil. Aqui não tem tanta oportunidade”, falou.

Nesses sete anos morando em Timóteo, Dayana Ferreira valoriza o clima agradável da cidade para conviver em família. “Gosta de passear nas praças com a família. A cidade tem um bom clima”, comentou. Por outro lado, o trânsito e a violência são apontados por ela como desvantagens. “O trânsito aqui é uma bagunça e o asfalto mal conservado. Acho que, ultimamente, o número de assaltos aqui está muito alto, falta mais segurança”, criticou.

Wôlmer Ezequiel


Caroline Aparecida


Jovens são unânimes ao destacar a “tranquilidade” timoteense

 

Entre os prós e contras apresentados pelos jovens que vivem no município, a tranquilidade é uma característica citada por todos os entrevistados. Praças, áreas verdes, pontos turísticos mergulhados na natureza, convivência amigável, agradam tanto aqueles que já nasceram na cidade, quanto os “estrangeiros”, que acabaram adotando Timóteo. Sobre os lugares, a Praça do Coreto é o lugar predileto deles na cidade. 

Entre os “adotados” está a balconista Caroline Aparecida Alves, 24 anos, moradora do bairro Timirim. Ela nasceu em São Pedro dos Ferros e reside em Timóteo há seis anos. Bem acolhida na cidade, Caroline Aparecida afirma que não pretende sair dela. “Quero continuar morando em Timóteo, gosto muito daqui”, resumiu.

Entre as qualidades citadas pela balconista, está a tranquilidade “relativa”. “Acho Timóteo uma cidade relativamente tranquila. Pelo menos é melhor nesse aspecto do que muitos municípios próximos. Um dos meus lugares preferidos aqui é o Oikós”, disse. Apesar de gostar muito de Timóteo, Caroline Aparecida acha que o município precisa de mais áreas de lazer. “Acho que Timóteo precisava ter um lugar como o Parque Ipanema de Ipatinga. Faltam mais investimentos na saúde e em segurança pública”, opinou.

Wôlmer Ezequiel


Michael Douglas
Para o estudante Michael Douglas Rodrigues, 18 anos, Timóteo vai muito bem. Bem-humorado, o morador do bairro Recanto Verde não tem planos de sair da cidade. “Quero continuar morando aqui. Gosto muito de Timóteo. Meu lugar preferido é o Coreto, que é um ponto de encontro da cidade”, declarou. Apesar de não ter muitas críticas sobre o município, Michael Douglas aponta a saúde e o trânsito como pontos que precisam melhorar.

Convivência
Técnica em informática, Nadya Gonçalves 19 anos, moradora do Santa Terezinha, diz que ama a cidade onde nasceu. “Nasci aqui e adora o tipo de convivência que temos em Timóteo. Meu lugar preferido é a Praça do Coreto”, frisou. Porém, diante de uma boa oportunidade de emprego em outra cidade Nadya Gonçalves não relutaria em sair. “No momento não pretendo sair daqui, mas se tivesse uma boa oportunidade profissional sairia sim”, pontuou. Sobre as deficiências de Timóteo, Nadya aponta a saúde pública, o asfalto e falta de lazer. “Acho que aqui falta mais lazer para os jovens e o asfalto está esburacado demais, a saúde dispensa comentários, é um problema geral”, observou.

Wôlmer Ezequiel


Nadya Gonçalves
A auxiliar administrativa Bárbara Carvalho, 22 anos, moradora do Centro-Sul, quer continuar em Timóteo. “Nasci aqui e gosto de morar aqui. Não escolheria outro lugar. Adoro essa tranquilidade. Poder me movimentar a hora que eu quiser sem ter que me preocupar com aquela violência que vemos nas capitais”, elogiou.


Apesar de tantas vantagens, Bárbara Carvalho teceu duras críticas ao responder à pergunta sobre o que precisa melhorar na cidade. “Acho que temos que mudar os políticos. Em Timóteo, há vários bairros que estão abandonados, precisamos de muitas melhorias em relação ao poder e serviço público”, concluiu.
    
 
Wôlmer Ezequiel


Bárbara Carvalho
       


 


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