31 de janeiro, de 2013 | 00:00
Dia da Visibilidade Trans
Movimento gay pauta a necessidade de políticas públicas voltadas à comunidade
IPATINGA - Em comemoração ao Dia da Visibilidade de Travestis e Transexuais, na noite de terça-feira (29), os integrantes do Movimento Gay e Simpatizantes do Vale do Aço (MGS) promoveram, no auditório da Prefeitura, um encontro para lembrar a data com palestras e discussões sobre temas que envolvem o grupo no município. O Dia da Visibilidade foi criado há nove anos, por meio de uma campanha do Ministério da Saúde motivando travestis e transexuais à cidadania e autoestima.Secretário do MGS, Lau Ferreira, destacou que além da homenagem às trans e travestis do município, o evento procurou conscientizar os poderes públicos sobre a importância do grupo na sociedade, assim como da necessidade de políticas públicas para a inserção social. "É um compromisso do movimento gay lutar por políticas públicas para a população LGBT", resume.
Atenção
Presente ao encontro, a empresária "Gabriela", como é conhecida, ressaltou a necessidade de discutir com o novo governo local uma maior atenção à diversidade sexual que existe na região. "A aceitação das pessoas vem melhorando muito em Ipatinga. Quando vim para cá, há dez anos, era difícil até sair na rua vestida de mulher. Mas, infelizmente, hoje ainda não há a devida preocupação com as transexuais e travestis pelo poder público. Todo mundo pensa que travesti ou transexual só faz programa. Falta, antes de tudo, uma organização própria. Além disso, políticas de maior conscientização da população", argumentou a empresária.
Alexandre Francisco, ou "Paola Bracho", como prefere ser chamada, acrescentou que, embora o grupo busque direitos, algumas conquistas são comemoradas. "O preconceito da sociedade ainda é muito grande e as pessoas acham uma afronta usar trajes de mulher. Mas muita coisa está mudando. Temos muita gente nossa entrando em cargos importantes na política do país", enfatizou.
Saúde precisa de política inclusiva, diz palestrante
O enfermeiro Adeilson Camilo de Oliveira foi o palestrante do encontro que marcou o Dia da Visibilidade de Travestis e Transexuais em Ipatinga. Profissional da saúde há 15 anos, ele afirma existir uma necessidade de capacitar o segmento para lidar com as demandas do público LGBT.
"Nos setores de atendimento hospitalar vejo uma diferença no tratamento a elas. Na rede privada, elas praticamente não têm acesso e, na pública, parecem que tem um rótulo de DST/Aids. E como se elas não pudessem ter uma diabetes ou uma doença arterial, por exemplo. Elas são vistas como alguém que só vive do sexo", criticou.
Na avaliação de Adeílson, é preciso implantar uma política inclusiva nos órgãos de saúde do município. "As necessidades delas não são as mesmas de um homem heterossexual, considerando as mudanças que fizeram no corpo. E a mente também é outra. Falta um atendimento especializado. E os profissionais de saúde precisam de capacitação para que saibam abordar, atender, compreender suas necessidades e, inclusive, o vocabulário. Elas têm um vocabulário particular e muitos desconhecem, pensando que seja uma gíria ou uma ofensa - mas que é uma forma de comunicação própria e cultural", ressaltou o profissional.
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