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27 de janeiro, de 2013 | 00:00

Ribeirão Caladinho expõe moradores a riscos

Recuperação das águas depende de instalação de ETE e conscientização de moradores do entorno

FABRICIANO – O impacto da degradação e os riscos a que está exposta a população que vive às margens do ribeirão Caladinho, em Coronel Fabriciano, virou tem de pesquisa científica. O projeto científico, concluído no fim do ano passado, virou o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), de um estudante do curso de Engenharia Sanitária Ambiental do Unileste. O estudo revela como a população está exposta a doenças e reforça a necessidade de o município receber, urgentemente, uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), para tentar recuperar um pouco de seus recursos hídricos.
O ribeirão Caladinho tem aproximadamente 12 km de extensão. Sua nascente fica próxima a Univale Transportes, no Caladinho do Meio, é canalizada e passa pela área do Unileste, até desaguar no rio Piracicaba, nas proximidades do bairro Santa Terezinha I.
 
O trabalho realizado pelo aluno recém-formado em Engenharia Ambiental, Vitor de Castro Alípio, coletou e analisou amostras das águas em diversos pontos do ribeirão durante um ano, como forma de avaliar o impacto e a degradação, principalmente devido ao lançamento de esgoto e de lixo. Segundo o estudante, todas as análises foram feitas no laboratório de pesquisa ambiental do Unileste, com equipamentos e metodologias exigidos pela legislação.
 
As coletas foram feitas em três pontos: na nascente; na região central, no bairro Universitário, e na foz no Santa Terezinha I. “Foi feita uma comparação da nascente como um ponto de referência da água e também ao final do percurso do ribeirão, para verificar como essa água é afetada no seu percurso”, explicou Vitor de Castro.
Wesley Rodrigues


vitor de castro
Contaminação

A pesquisa concluiu que a contaminação das águas do ribeirão é resultado do despejo de esgoto doméstico sem tratamento. As amostras indicam que o esgoto degradou o ribeirão na parte central no bairro Universitário; e a água não atende a nenhum parâmetro do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). “Os valores de referência de todos os parâmetros estão acima do limite estabelecido. Isso significa que a água desse ribeirão, a partir da região central, depois que ele passa por uns 300 metros após a nascente, não pode ser consumida nem tampouco para contato primário, nem secundário”, informa afirma Vitor de Castro.
Comunidade
A pesquisa adverte as inúmeras doenças de veiculação hídrica para a comunidade ribeirinha, devido ao lançamento in natura do esgoto no ribeirão. No entanto, por falta de orientação os moradores continuam utilizando a água para irrigação de hortaliças ou mesmo para o lazer. “Isso pode ser verificado em alguns trechos onde as pessoas utilizam a água e onde crianças brincam. E isso foi constado em pontos da coleta onde foram avistadas crianças brincando, recolhendo objetos, reaproveitando o lixo descartado no ribeirão para vender, então ainda existe um contato direto com esse ribeirão”, lamenta o pesquisador.
Soluções
Na avaliação de Vitor de Castro, uma das soluções mais apropriadas para a recuperação do ribeirão Caladinho seria a instalação de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no município, além de um trabalho educativo para os moradores deixarem a “cultura” de lançar lixo e outros objetos na água. “A existência de uma ETE diminuiria esse lançamento de esgoto e daria um pouco mais de espaço para a recuperação dessas águas. Com o tempo, o ribeirão se recuperaria, mas nunca voltará ser o que era antes. Porém, com uma menor quantidade de material orgânico, não ficaria tão degradado como atualmente”, pondera Vitor.

 
Nascente sofre com degradação industrial
 
Mesmo com a instalação futura de uma ETE, o período para recuperação do ribeirão não pode ser calculado, pois depende diretamente da situação da nascente do ribeirão. Para Vitor de Castro, outro grande problema registrado na pesquisa é que a água despejada próxima à nascente é utilizada indevidamente por construtores.
“A nascente vem sendo utilizada clandestinamente para a construção civil. Então, o nível da água, em uma espécie de lagoa que se forma logo após, está baixando muito. E a conservação dessa nascente depende ainda das mudanças climáticas, por isso não é possível calcular um prazo para essa recuperação” finalizou Vitor de Castro.
 
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