22 de janeiro, de 2013 | 00:00
Ação reforça combate ao crack
Entidade promove palestras e exibe filmes para conscientizar sobre problema das drogas
TIMÓTEO - As três principais praças públicas de Timóteo serão palcos, nesta semana, de uma intensa programação educativa contra o crack. As praças do Centro-Norte (1º Maio), Olaria e Centro-Sul (29 de Abril) vão receber, nesta quinta (24), sábado (260 e domingo (27), respectivamente, o evento Consciência e arte na guerra contra o crack”, com palestras, exibição de filmes e documentários sobre o avanço da droga e seus efeitos prejudiciais à vida.O movimento de Consciência e arte na guerra contra o crack” é promovido pela Central de Conscientização Revolucionária”, entidade informal coordenada por Alair Dimas, e que existe há seis anos. Ele e outros voluntários trabalham diretamente com usuários de crack, buscando conscientizá-los para deixar o vício e encaminhá-los para tratamento em clínicas de reabilitação no Vale do Aço.
Alair Dimas, ele próprio um ex-usuário da droga, aposta principalmente na sensibilização e na conscientização das pessoas sobre esse entorpecente, que se transformou numa verdadeira epidemia, presente em praticamente todas as cidades. Além do contato direto com os usuários, eles contam com o suporte de uma emissora de rádio comunitária (103,9 FM) e exibições de filmes em praças públicas (Cine Arte Popular).
O crack é uma epidemia e, como tal, deve ser tratado como um caso de saúde pública e não de polícia, como vemos muitas vezes”, afirma Alair Dimas que, quando usava a droga, chegou a pesar 47 quilos e a tentar o suicídio. É preciso ter a consciência tranquila para largar a droga. É isso o que procuramos oferecer às pessoas, por meio de conselhos e relato de experiências de quem conseguiu largar o vício”, completa.
Aconselhamento
A sede da Central de Conscientização Revolucionária funciona na residência do próprio Alair Dimas, à rua Bolívia, 95, no bairro Ana Rita. O trabalho foi iniciado pela mãe de Alair, Maria José do Nascimento, que faleceu em 2012, aos 102 anos. Ela sempre fez um trabalho de aconselhamento, que acabou por converter também o seu caçula, o único sobrevivente de uma família de 27 filhos.
Dona Maria José, apesar da idade, fazia artesanato e era uma referência no Ana Rita. Antes da sua morte, foi criada a Central de Conscientização, trabalho agora mantido pelo filho. Alair Dimas diz que esse trabalho de ajudar outras pessoas que tiveram contato com o crack é uma homenagem à memória da sua mãe e dos irmãos falecidos, e também dos seus três filhos e dois netos. É por eles que eu luto”, reforça.
Alair Dimas é crítico quanto às políticas de enfrentamento do crack. Na sua opinião, a abordagem dada pelo poder público e pela imprensa acaba por incentivar o uso crescente dessa droga que é um subproduto da cocaína.
A abordagem que se faz do problema do crack, geralmente, é errada, pois privilegia a repressão ao consumo, em vez de se atacar quem fabrica. Como minha mãe nos ensinou, para combater um formigueiro, em vez de usar veneno, é melhor colocar água quente com cinzas. Ou seja, precisamos buscar alternativas para combater o crack, e a conscientização e o amparo dos viciados é um dos principais caminhos”, conclui Alair Dimas.
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