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20 de janeiro, de 2013 | 00:00

Diversão máxima para os fabricianenses

Futebol era o principal lazer do município e para muitos se tornou uma profissão apaixonante

Reprodução / Social Futebol Clube


social antiga
FABRICIANO –
Tido como uma das poucas e principais atividades de lazer e convivência social da comunidade, o futebol é uma parte importante da história de Coronel Fabriciano. Seja no amador ou no profissional, o futebol se tornou uma paixão e serviu também de integração dos moradores no início da ocupação e urbanização do município, que hoje completa 64 anos de emancipação política e administrativa.
Criado inicialmente em 1944, com a intenção de oferecer lazer para parte dos 3,5 mil habitantes de Coronel Fabriciano, o Social, o principal time da cidade, foi batizado inicialmente com o nome de Comercial. É que boa parte de seus fundadores atuavam nas atividades comerciais. No mesmo ano o time passou a se chamar Social Futebol Clube, como forma de garantir mais popularidade ao time.
O roupeiro do time, José Bartolomeu Pereira, 75, o Zito, nascido e criado em Fabriciano, como gosta de falar, encontrou, no amor pelo clube, o ramo da sua profissão. O seu envolvimento com o clube é tão intenso que chegou a ser jogador e técnico também. “Naquela época a distração, assim como ainda é hoje para muitos fabricianenses, era o futebol. Eu já nasci apaixonado com o futebol e, com o Social, comecei participando ativamente de tudo e por isso continuo no clube até hoje”, destaca.
Assim como a maioria das pessoas envolvidas com o mundo da bola, José Bartolomeu iniciou no futebol amador. “O futebol amador da região, de um modo geral, era muito bom. Assim como Fabriciano, Acesita e Ipatinga contavam com bons times, e excelentes jogadores”, recorda.
Das grandes mudanças ocorridas ao longo da história, o roupeiro lamenta o comércio que passou a predominar no futebol. “Hoje o futebol tá muito ligado a dinheiro. Antes, a pessoa fazia tudo por amor ao clube; hoje o dinheiro está à frente de tudo e isso atrapalha muito”, critica.
Sonho
Zito ainda espera ver o Social voltar à primeira divisão do Campeonato Mineiro e, se possível, se consagrar campeão. “É um sonho difícil de ser realizado, principalmente agora. Depois da saída do Ipatinga para Betim, a tendência é que o Social seja o único representante do Vale do Aço no Campeonato Mineiro”, pontua.
Silvia Miranda


José Batolomeu
 
Mesmo depois de assistir a tantas partidas e acompanhar o clube durante tantos anos, Zito revela sentir grande emoção a cada vez que o clube entra em campo. “Quando você chega na arquibancada e vê as famílias mobilizadas para ver o time jogar, senhoras, homens e crianças, isso tudo nos deixa muito emocionados. Na hora que eu vejo o Social em campo, não tem jeito, eu tenho que chorar porque a emoção é muito grande, eu olho para arquibancada e vejo meus familiares, isso mexe com a gente”, relata.
Entre as melhores lembranças para Zito, está a de ter visto um jogador do time juvenil do Social sair para o time do Cruzeiro. “José Ângelo Ferreira, mais conhecido como Preca, saiu daqui para o futebol profissional, foi titular do Cruzeiro e depois técnico depois do Social”, comemora.

 
O surgimento do estádio Louis Ensch
 
A sede do Social Futebol Clube ficava no terreno onde hoje está instalado o salão paroquial, no Centro de Coronel Fabriciano. José Bartolomeu Pereira, o “Zito”, revela que seu tio, o pioneiro Silvino Pereira, foi responsável pela doação do imóvel.
Anos mais tarde, a Belgo Mineira fez uma doação para a Arquidiocese de Mariana. Como o terreno do Social ficava perto da igreja Matriz de São Sebastião, foi feita uma permuta e o Social passou a ocupar a área onde hoje está instalado o estádio.
“A Belgo doou o campo com o muro, as arquibancadas vieram bem depois, na época do prefeito Paulo Antunes e do secretário municipal de Obras, Ubiraci Ataíde, o Bira. Por meio dos dois, foram construídas as arquibancadas, as cabines de rádio, as secretarias e tudo cresceu muito e melhorou rapidamente”, recorda Zito.
O nome dado ao campo inaugurado em 1950 e que posteriormente foi transformado em estádio, foi uma homenagem ao então diretor da Belgo Mineira, Louis Ensch, que empresta o seu nome a praças e ruas de Fabriciano e de João Monlevade, sede original da companhia siderúrgica que hoje se chama ArcerlorMittal Monlevade.
 
Silvia Miranda


José das Dores

Poucos recursos, mas muito amor à camisa
 
Outro apaixonado pelo Social Futebol Clube, José das Dores Rosa, o folclórico massagista “Buchecha”, 67, acompanha o clube desde 1970. Ele começou o futebol amador, em 1962, e passou pelo Olaria, Náutico e Forjaria de Timóteo. Em Fabriciano, além do Social, atuou no time da CAF, um dos grandes rivais lembrados por ele, além do Avante.
Dos tempos de dificuldade, quando o time tinha poucos recursos, Buchecha destaca a paixão dos apoiadores, o que resultou em muitos títulos. “Antigamente, tinha muito jogador bom que não ganhava nada e, mesmo nesses tempos de dificuldade, o clube foi campeão muitas vezes em Fabriciano. O pessoal parece que tinha mais amor à camisa”, compara.
Um dos jogos mais importantes do Saci para Buchecha ocorreu em 2001, na disputa de um amistoso comemorativo contra o Vasco da Gama, para marcar a inauguração dos holofotes.

Silvia Miranda


jogadores irmãos

Futebol como paixão de família
 
O futebol foi a carreira escolhida por Joaquim Souza Costa, 77, e seus irmãos, Wilson Raimundo da Costa, 64, e Abraão de Souza Costa, 69. Conhecido como Formigão, Joaquim Souza foi o primeiro da família a apostar nessa atividade. Começou a atuar na posição de goleiro, aos 16 anos, e permaneceu até os 25 anos.
 
Dos tempos passados, ele se lembra da paixão exacerbada pelo time, o que contribuiu para consolidar o prestígio e a tradição do Social no cenário regional. “Eu tinha orgulho de ser goleiro do Social. No meu tempo, a gente ganhava muito pouco ou quase nada, mas jogava com muita empolgação. Era um futebol rápido e mais bonito. Hoje os jogadores ganham bem, têm tudo do bom e do melhor, e às vezes não merecem isso tudo”, opina.
 
O apelido veio por causa da sua altura, pois se destacava entre os colegas. Formigão teve convites para outros clubes, e inclusive chegou a fazer testes no Atlético Mineiro. No entanto, por sua condição de “arrimo de família”, não podia se ausentar do lar. Para Formigão, um dos jogos mais importantes da sua carreira foi contra o São Cristóvão, que à época era uma das grandes equipes do futebol carioca.
 
Na onda do apelido de Formigão, o irmão mais novo, Wilson Raimundo, ganhou o apelido de Formiguinha. Ponta esquerda começou a jogar com 18 anos. Ele reforça que seguir o caminho do futebol era algo muito natural, pois não havia outra diversão em Fabriciano. “Dá saudade de ver um time bom novamente, mas é difícil porque falta apoio e patrocínios para levar o clube à frente”, reconhece.
 
Já Abraão de Souza não recebeu apelido dos colegas dos times em que atuou. Com apenas cinco anos de carreira passou pelo Mineiro, de Santos Dumont; Siderúrgica, de Sabará; Democrata, de Sete Lagoas; América, de Belo Horizonte, mas a paixão pela região sempre o fazia voltar para o Social.
 
“Naquela época, a torcida era mais fanática, participava mais e isso era muito bonito. Hoje essa meninada que frequenta o estádio prefere brigar a se divertir”, lamenta Abraão de Souza. Um problema no joelho obrigou o zagueiro a encerrar a carreira e ingressar na Usiminas .
 
Os irmãos acreditam que o Social ainda tem potencial para voltar a um lugar de destaque no futebol mineiro. Os irmãos listaram alguns dos presentes desejados para o clube neste aniversário de Coronel Fabriciano: Formigão quer que o time volte à elite do futebol; Formiguinha sonha com a reforma geral do alambrado no Luisão; e Abraão espera que o clube seja ainda maior. Dos tempos áureos como jogadores, todos confirmam ter saudades, mas se conformam, pois sabem que o tempo não volta.
 
Muito esforço para se tornar destaque no amador
 
 
Um dos principais rivais do Social no passado, o Avante Esporte Clube, localizado no distrito de Melo Viana, ainda se destaca nos campeonatos de futebol amador de Fabriciano. Mas a falta de apoio e de recursos financeiros para se manter na disputa dos campeonatos é uma das principais dificuldades citadas pelo atual presidente do clube, Edmilson Eduardo de Oliveira.
Segundo Edmilson, um dos fundadores do clube em 1958 foi seu pai, Gentil Luzia Oliveira. “Na época, o padre Américo convidava as crianças para vir à missa e depois brincar com a bola. Meu pai seguiu esse exemplo e passou a convidar outras crianças também”, conta.
O atual presidente afirma que já o Avante era tido como o carro-chefe do lazer no Melo Viana. “Até hoje o futebol é responsável pelo trabalho social da cidade e eu gostaria muito que o poder público olhasse o amador com mais carinho”, defende.
Entre os muitos esforços para manter o time, Edmilson alega que é preciso ser meio “artista” para continuar no futebol. “Se não houvesse gente contribuindo e lutando, às vezes tirando dinheiro do próprio bolso, o Avante não seria campeão tantas vezes”, destaca.
Estádio
A sede do Avante fica no bairro São Domingos, e o mando de campo é exercido no estádio Josemar Soares. Um dos responsáveis pela sua construção foi José Soares de Sousa, o Zé Coronel, que veio a ser presidente do time no começo da década de 1970. O nome do estádio é uma homenagem ao filho de Zé Coronel, que morreu afogado no rio Piracicaba após uma partida de futebol pela categoria de juniores, no bairro Amaro Lanari.
 
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