21 de agosto, de 2012 | 00:00

“Nós percebemos que foi uma situação de constrangimento”

Conselho Tutelar detende atendimentos psicológico para crianças que ficaram de castigo em escola

Silvia Miranda


Robson Pereira

TIMÓTEO – O Conselho Tutelar de Timóteo decidiu que as crianças punidas dentro de sala de aula, em uma escola do distrito de Cachoeira do Vale, serão encaminhadas para atendimento psicológico, como medida de proteção. O órgão também encaminhou o caso ao Ministério Público do Estado (MPE).
Três alunos foram repreendidos pela professora por não terem levado para a sala de aula o material escolar necessário. Dois desses alunos foram obrigados a ficar de joelhos na frente da turma.
As imagens foram reveladas por um vídeo feito por um celular de uma aluna e divulgadas em todo o Brasil. O Conselho Tutelar não foi acionado pela instituição, e só tomou conhecimento do fato por meio da imprensa. No entanto, uma equipe do órgão esteve na escola, na última quinta-feira (16), para esclarecer a situação.
Segundo o presidente do Conselho, Robson Pereira dos Santos, pais e alunos estavam ainda muito constrangidos com a situação. “Uma das crianças, inclusive, está resistente em retomar as atividades escolares. O Conselho irá encaminhar esses alunos para o atendimento psicológico do programa de proteção social”, esclarece.
Com o atendimento especializado, o Conselho pretende também avaliar o estágio de comprometimento trazido pela aplicação da punição na sala de aula. “Nós percebemos que foi uma situação de constrangimento ilegal, as crianças foram expostas e o estatuto fala que nenhum tipo de exposição deve ser feita”, argumentou o conselheiro.
Preparação
Para o Conselho Tutelar, situações como essa despertam a necessidade de avaliação sobre o preparo dos professores para o cotidiano da sala de aula. Esse papel, segundo o conselho, seria então do corpo pedagógico das instituições, como forma de evitar outros incidentes na vida escolar de crianças e adolescentes.
Na análise feita pelo órgão, a punição acarretada aos alunos, possivelmente pela ausência do material escolar, conforme trecho ouvido no áudio do vídeo, foi considerada incorreta. Robson Pereira explica que a professora poderia ter usado de outros métodos pedagógicos para corrigir os estudantes, seja comunicando aos pais ou utilizando de outros mecanismos.
Indisciplina
Questionado sobre as atitudes de indisciplina cometidas por alunos diariamente, o conselheiro acredita que esse campo deve ser tratado pela própria escola, pois é sinal de algum problema. “Professores e pedagogos devem buscar qual a causa dessa indisciplina e, a partir daí, desenvolver um trabalho com a própria criança e com a família, identificando o que precisa ser feito” defendeu.
Para o órgão, casos como esses podem acarretar em limitações e barreiras sociais no futuro da vida da criança. “Depois de serem expostas dessa maneira, há sempre um colega que brinca com a situação ou com o fato ocorrido. Por isso, é preciso evitar que essas crianças tenham algum complexo ou empecilho para o seu relacionamento”, pontua o conselheiro.

 
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