05 de julho, de 2012 | 00:07

Primarização de mão de obra na Cenibra

Sindicalista reclama falta de debate e Cenibra afirma que partes interessadas tiveram oportunidade para participar

Mauro Vieira


plantio cenibra

BELO ORIENTE - O anúncio da Cenibra, da implantação de um programa de modernização das atividades florestais, com mecanização de 100% da colheita florestal e o fim dos contratos terceirizados da silvicultura com absorção da maioria dos trabalhadores, foi recebido com surpresa pelo presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Extração Vegetal, Carvoejamento, Reflorestamento e Similares do Estado de Minas Gerais, José Maria Soares.
Em contato com o DIÁRIO DO AÇO nesta quarta-feira, o dirigente sindical disse que a primarização anunciada vem com atraso e ocorre agora, entre outros motivos, porque o Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais era contra a terceirização das atividades fins da companhia.
Na prática, a empresa poderia terceirizar apenas atividades como fornecimento de alimentos, transporte e materiais, mas nunca as atividades fins, entre elas, o corte e o plantio de eucalipto. Segundo o dirigente, o MPT já movia uma ação civil pública contra a terceirização e agora surge esse anúncio.
“A primarização é altamente positiva, porque a empresa sempre terá mais responsabilidade que as terceirizadas. Mas há, ainda, várias questões a serem resolvidas. Primeiro, porque os representantes dos trabalhadores não participaram da elaboração do plano. Fomos convocados em cima da hora, apenas para a apresentação de uma proposta pronta. Depois, falta explica sobre o que será feito dos mais de 800 trabalhadores que não serão reaproveitados. E os trabalhadores mais idosos, em vias de se aposentar, os afastados por doenças ocupacionais e acidentados que se recuperam? Precisamos saber se passarão por um programa de requalificação profissional”, concluiu.
Mecanização
Pelo plano anunciado, a empresa ampliará de 60% para 40% a mecanização da colheita de eucalipto e extinguirá todos os contratos terceirizados na silvicultura (plantio) de florestas, absorvendo cerca de 3.800 dos antigos 4.400 empregados das terceirizadas.
A assessoria de Comunicação Corporativa e Relações Institucionais da Cenibra respondeu no fim da tarde de ontem que tão logo definiu pelo projeto de modernização de suas atividades florestais buscou o envolvimento de todas as partes interessadas no processo. E iniciando esse processo pelos municípios de atuação, por meio de seus prefeitos e presidentes de Câmara, pelos representantes das empresas prestadoras de serviços, pelos sindicatos representantes das categorias, pelos órgãos certificadores e pelo público interno da Cenibra.
 
“O processo de comunicação foi finalizado com a costumeira colaboração da imprensa regional, que atendeu ao convite da Cenibra para uma entrevista coletiva. Em todas as reuniões com as partes interessadas, a empresa esclareceu a necessidade de modernizar seu processo florestal face ao aumento de competitividade do mercado internacional. Contudo, lamentavelmente, o presidente do Sindex não atendeu, até o momento, ao convite da Cenibra para o conhecimento e esclarecimento necessários sobre o projeto; sendo esta a provável razão de suas dúvidas”, enfatizou a nota da empresa.
Modelo
Ainda segundo a Cenibra, diferentemente do que afirma o representante sindical, não se pode associar o projeto recém anunciado à Ação Civil Pública de Terceirização, movida pelo Ministério Público do Trabalho, em virtude dessa ACP ainda estar em andamento e a aguardar julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. “A empresa tem plena convicção de que seus modelos de contratação estão baseados nos direitos legais estabelecidos e nas melhores práticas de gestão”, acrescentou.
Ainda sobre a participação dos representantes dos trabalhadores e a alegada falta de espaço para o debate, a assessoria da empresa afirma que, tão logo definiu o projeto para modernizar suas atividades florestais buscou o envolvimento de todas as partes interessadas deste processo, incluindo os sindicatos representantes das categorias.
“Esclarecemos que o projeto que se inicia a partir do seu anúncio, até o fim de 2013, será amplamente discutido com as partes interessadas até a exaustão das pendências. Com relação ao sindicato, a Cenibra estimulará os melhores entendimentos entre as prestadoras de serviços e os sindicatos no sentido de preservar a legalidade do processo e as boas práticas de gestão”, assegurou.
Audiência
Apesar do anúncio da diretoria da Cenibra, na terça-feira (3), a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas (ALMG) mantém na programação para o próximo dia 11 de julho, audiência pública para tratar da terceirização na área da empresa e os acidentes de trabalho.
“Nós esperamos que os representantes da empresa participem e deem detalhes do programa anunciado. Também queremos que os governos municipais, da área de abrangência da Cenibra, estadual e federal, tenham uma participação mais ativa nessa discussão. Os problemas sociais gerados pela empresa têm reflexo direto no setor público”, concluiu José Maria Soares.
Já a Cenibra informa, em nota, que até a tarde de ontem desconhecia a audiência. “Caso a empresa seja convidada, não se furtará ao debate, sempre na busca democrática para o melhor entendimento”, conclui a nota.
 
O QUE JÁ FOI PUBLICADO:

Ajuste a uma nova realidade - 04/07/2012
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário