09 de junho, de 2012 | 23:16

“Escola está na raiz dessa cidade”

Primeira escola de Ipatinga, Almirante Toyoda, no Cariru, chega ao seu cinquentenário

Arquivo “Ipatinga, Cidade Jardim”/ José Augusto de Moraes


foto histórica almirante toyoda

IPATINGA – Fundada em 13 de junho de 1962, a Escola Estadual Almirante Toyoda completa 50 anos, na próxima quarta-feira. Ao longo dessas cinco décadas, a escola se tornou referência na educação pública da região. São muitas as histórias para contar. A escola nasceu e cresceu junto com a cidade e, dessa forma, acompanhou toda a transformação histórica e geográfica. Ex-alunos, professores, funcionários e toda uma comunidade fazem parte da história da instituição, e contam a experiência vivenciada ao longo desse meio século de existência.
A instituição começou a sua atuação na década de 1960, para atender aos filhos dos funcionários da Usiminas. O nome da escola é uma homenagem a Teijiro Toyoda, um dos grandes incentivadores da construção da siderúrgica na região. O Almirante Toyoda nasceu em Wakayama, Japão, em 1885. Foi o primeiro presidente da Nippon/Usiminas, permanecendo no cargo até 1961, data de seu falecimento. Cedidos pela siderúrgica por meio de contrato de comodato, o prédio e o terreno para a construção da escola levariam seu nome.
 
O colégio Almirante Toyoda está localizado na rua Bolívia, no bairro Cariru. À época da fundação da escola, moravam no bairro os engenheiros e técnicos de um nível abaixo das chefias, que moravam no bairro vizinho, o Castelo. O bairro também abrigou os japoneses que vieram para a construção e operação da Usiminas.
Wôlmer Ezequiel


professoras almirante toyoda

Orgulho
Alice Martins Castro Pedrosa é a atual diretora da escola. Há três anos na direção, Alice trabalha há 11 anos no Almirante Toyoda. Ela lembra que muitos médicos, engenheiros, policiais, e outros profissionais passaram por lá. “É uma escola que está na raiz dessa cidade. É uma escola pública. E de qualidade. Com o corpo docente muito competente. Sempre alcançamos destaque nas avaliações do Estado. E a procura maior pela escola se deve a isso”, ressalta, orgulhosa.
Experiência
A bibliotecária Arina Carvalho Lima, 51 anos, é a funcionária mais antiga da instituição. Com 29 anos de trabalho no Toyoda, Arina tem satisfação em lembrar que seus dois filhos tiveram toda a sua educação construída dentro dos muros do tradicional colégio. “Um dos meus filhos, quando saiu daqui, alcançou o primeiro lugar em um processo seletivo para uma bolsa de estudos em uma escola particular. Hoje, um está terminando a faculdade de Engenharia Elétrica e o outro se formou em Engenharia de Minas, e aguarda ser chamado por uma multinacional”, conta, emocionada.
 
“Grandes lembranças... são muitas”, diz Arina, indagada sobre ser parte da história da unidade escolar. As conquistas de alunos em primeiros lugares em concursos da Cemig, Copasa e Usiminas, por exemplo, são memórias que ela guarda com apreço. “Lembro também das nossas vitórias no JEI (Jogos Escolares de Ipatinga). É uma grande satisfação ver um aluno nosso ir longe”, enfatiza.
Desafio
Nas lembranças, pontificam os momentos de afirmação, de grandiosidade, mas a escola enfrentou tempos difíceis. Tempos que, por falta de alunos, a escola chegou quase a ser fechada, segundo Arina. “São poucos os estudantes do Toyoda que moram no bairro. Lembro dos primeiros anos que vim para cá. Os alunos já eram poucos. Uma vez, a diretora disse aos professores: se vocês não quiserem que nós fechemos as portas, arrumem pelo menos 80 alunos dos bairros próximos para se matricularem aqui. E nós saímos dia e noite procurando alunos para a escola não fechar. Nós conseguimos. Hoje, esses alunos são bem-sucedidos”, narra.
De acordo com a diretora, a clientela da escola é de todo o município e região. “Hoje são 760 alunos; não temos nem 20% de estudantes do bairro Cariru. A demanda dos estudantes deste bairro é por escolas particulares”, observa.
Wôlmer Ezequiel


fachada almirante toyoda

Novata
Professora de história, Nelzina Lopes dos Santos, 28 anos, completará um ano trabalhando na instituição. Vindo de Teófilo Otoni, a educadora recorda que trabalhou em escolas difíceis, com problemas de violência, além das dificuldades com alunos carentes. “Trabalhei em escolas com meninos que não tinham nada para comer. A experiência no Toyoda foi logo muito positiva. Gosto daqui. Das escolas que passei, não digo que não temos problemas no Toyoda, mas são menores. Conseguimos produzir, trabalhar e ter um retorno positivo dos alunos”, conta a professora.
Dedicação
“Meus alunos me amam”, declara a professora de Educação Física, Adriane Guilherme Rossi Pôncio Vita, em uma aula animada de futsal. Os alunos concordam e ovacionam a educadora. Adriane também foi aluna do colégio, até o quarto ano do ensino fundamental. Psicopedagoga, ela ainda foi diretora da escola em 2008. “Sou realizada como professora, muito embora exista uma desvalorização da profissão. Nunca enfrentei problemas com alunos nos meus 17 anos de atuação. Procuro sempre planejar uma aula prazerosa, e é o que molda meu relacionamento com eles”, diz, cheia de autoestima.
Também professora de educação física, Maria de Lourdes, ou “Lurdinha”, como prefere ser chamada, afirma ser “uma estrela dentro da sala de aula”. “Eu amo o que faço. E é um trabalho gratificante”, declara a educadora, há seis anos lecionando no Toyoda.
Despedida
Letícia de Oliveira Costa, 13 anos, cursa o 9° ano do ensino fundamental. A escola não tem ensino médio, e ela se despede do Almirante Toyoda no fim do ano. “Estudar aqui desde o primeiro ano é construir uma vida. E quem está desde o começo não quer ir embora. Levarei daqui a amizade, principalmente com os professores e coordenadores”, comenta a aluna, que mora em Santana do Paraíso. Para o ano seguinte, Letícia pretende tentar conseguir uma bolsa em uma escola particular, com o bom ensino que ela acredita ter recebido.
 
Wôlmer Ezequiel


Adriana, Tainara e Enaira

“Eles nos ensinam a crescer na vida”
 
Professora de matemática, Adriana Modesto Campos de Almeida, 45 anos, compõe o quadro de funcionários da escola há 16 anos. Das duas filhas, uma passou por lá, e a outra cursa o 6° ano. “Optei por elas estudarem aqui para ficarem mais próximas de mim e devido à qualidade e tranquilidade da escola”, explica. Com prazer, ela espera que a escola ainda complete seu centenário, “e que a cada ano sua qualidade aumente”.
Sua filha mais nova, Tainara Campos Almeida, 11 anos, pensa em ser repórter ou arquiteta, futuramente. “O que mais gosto aqui é da dedicação dos professores. Eles são amigos da gente. Quero estudar aqui até o nono ano”, pondera.
A outra filha de Adriana é a estudante do terceiro período de direito Enaira Campos, de 18 anos. A jovem, que deixou a escola já há alguns anos, guarda boas lembranças. “Aqui eles nos ensinam a crescer na vida. Além do conhecimento recebido, tive uma formação cidadã”, reforça. A futura advogada finaliza citando Cora Coralina: “O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e com os humildes”.
 
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Comentários

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Professora Cleuzelene

13 de abril, 2024 | 10:04

“Primeira escola de Ipatinga? Antes tem Caetana América fundada em 1930, depois Manoel Ilídio, Geraldo Gomes Ribeiro S Escola Municipal Lucinda.
Melhor conferir as informações”

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