22 de março, de 2012 | 06:21

Casa da Esperança agoniza sem repasses

Entidade tem mantido funcionários com abertura de contas em mercados e farmácias

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casa esperança
IPATINGA – O Núcleo Assistencial Eclético Maria da Cruz (Naemc), conhecido como Casa da Esperança, encerrou, há uma semana, a linha de crédito que manteve aberta aos seus funcionários nos últimos três meses em estabelecimentos comerciais. A iniciativa foi uma alternativa encontrada pela direção da instituição, para preservar o mínimo de condições de subsistência dos 130 colaboradores que estão com os salários atrasados.
O motivo da demora no pagamento, de acordo com a coordenadora do Naemc, Maria Lúcia Valadão, a “Tia Lúcia”, é a falta da execução do convênio pela Prefeitura de Ipatinga.
“Não sei o que vai acontecer agora. Seguramos essa barra pelo máximo de tempo possível. Aguardamos o repasse da prefeitura desde janeiro e, até o momento, nada foi providenciado. Para garantir o mínimo aos nossos funcionários, eu procurei alguns fornecedores e abri contas. Comprei fiado nos últimos meses em mercados e farmácias. E tudo isso no meu nome. Chegou o ponto que tive de finalizar, pois tenho que reconhecer até onde eu posso cumprir com as contas que faço”, declarou emocionada a diretora do Naemc.
A Casa da Esperança atende 194 portadoras de necessidades especiais. Destas, 180 contam com limitações físicas ou mentais. “Não quero comparar com a situação que as creches enfrentam. Mas caso a mãe de uma criança não tenha onde deixar seu filho, ela fica com ele em casa. A consequência disso pode ser o desemprego. Aqui, nossos assistidos não têm ninguém para buscá-los. A entidade é a casa dessas pessoas. O que será se nossos funcionários decidirem parar. A sociedade de Ipatinga precisa saber e refletir sobre isso”, apelou Tia Lúcia.
Com o fim da “linha de crédito”, a funcionária do Naemc, Meire de Oliveira Sodré, revelou ter grandes expectativas de que o dinheiro do convênio municipal seja rapidamente liberado para que a continuidade das atividades na Casa da Esperança seja mantida. “Eu quero acreditar muito que isso vai se resolver. Não é possível que a administração irá permitir a falta de atendimento aos cidadãos que assistimos. Seria um estado de calamidade. Algo realmente desumano”, afirmou a funcionária.
De acordo com o diretor administrativo do Naemc, Ralfhy Oliveira, a entidade tem procurado frequentemente a Secretaria de Assistência Social para que as pendências sejam resolvidas e o valor do convênio liberado. “Entretanto, a administração sempre pede algum documento diferente. A impressão que temos nestes últimos três meses é de que eles fazem tudo para dificultar”, disse Ralfhy Oliveira.
PMI
Por meio de sua assessoria, a PMI informou que “o Orçamento 2012, referente às subvenções da rede socioassistencial, votados na Câmara Municipal, incluiu, por iniciativa dos vereadores, oito novas entidades. Como a Lei 9.504 (de 30 de setembro de 1997) proíbe esta iniciativa em ano eleitoral, foi necessário novo encaminhamento à Câmara”.
“Votada no dia 28 de fevereiro 2012, a Lei Autorizativa foi aprovada, dispondo sobre a destinação de recursos para entidades privadas sem fins lucrativos a título de subvenções sociais e contribuições. Neste sentido, ainda de acordo com a assessoria, a secretaria de Assistência Social vem desenvolvendo esforços para a finalização do processo do convênio, para em seguida dar início ao pagamento”, conclui a justificativa da PMI.
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