15 de março, de 2012 | 00:00

Oficina e vizinhos em pé de guerra

Morador reclama de poluição emitida por oficina mecânica no bairro Bethânia

IPATINGA – Moradores próximos ao número 2.953 da avenida Gerasa, no bairro Bethânia, procuraram o DIÁRIO DO AÇO para reclamar da poluição gerada por uma oficina mecânica. O caso já foi parar, em forma de denúncia, no Ministério Público. A procuradoria de Defesa do Meio Ambiente já encaminhou o caso à Justiça, mas a decisão ainda não saiu. Enquanto isso, moradores e o dono da oficina vivem em estado de conflito permanente. Na falta de um mediador para solucionar o impasse, a situação se agrava.
Procurada pelo morador José Guaraci, 57 anos, a reportagem foi até a residência onde moram os parentes do aposentado. Quatro famílias residem no endereço. O lote é vizinho à oficina de lanternagem e pintura Lata Velha.
Guaraci conta que, há quatro anos, a vizinhança sofre com o cheiro da tinta, da massa plástica e verniz usados na oficina. Segundo o aposentado, as oficinas não possuem estrutura adequada para filtrar e vedar o forte cheiro. Ele mostra as áreas abertas no telhado e nas paredes do local e dispara: “Duvido que um engenheiro ambiental aprove um projeto como este”.
A consequência da poluição emitida na pintura dos veículos está nos problemas de saúde de quem convive com a situação, aponta Guaraci. O vizinho da oficina mostra os relatórios médicos atestando as complicações de saúde de seus familiares. “De 2009 para cá, gastamos mais de R$ 4.000,00 com remédios”, declara.
 

Com 22 assinaturas de vizinhos, José Guaraci apresentou o abaixo-assinado utilizado para dar respaldo à denúncia feita junto ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPE-MG). As reclamações já foram levadas ao Conselho de Defesa do Meio Ambiente (Codema) em Ipatinga. Há gravações de vídeo realizadas pelo reclamante, para retratar as condições em que a pintura de veículos é feita. “O dono da oficina não aceita diálogo. Já fui ameaçado. Um vizinho está vendendo a casa por medo de denunciar, mas não vou me calar diante do sofrimento da minha família”, desabafa o aposentado.
Outro lado
“Os fiscais da prefeitura vieram à oficina várias vezes e atestaram que trabalhamos dentro das conformidades. Todos os procedimentos solicitados já foram atendidos, como é o caso de uma estufa para realização da pintura”, alegou o proprietário da oficina Lata Velha, Valdeci Gonçalves Ferreira, 33 anos.
De acordo com ele, o abaixo-assinado pedindo o fechamento da oficina possui nomes de moradores de outros bairros e não os dos vizinhos do estabelecimento. “A denúncia é improcedente e parte apenas de um morador”, alega Valdeci Gonçalves.

Sesuma
Em nota, a Prefeitura de Ipatinga informou que já atendeu oito solicitações de inspeção na oficina Lata Velha, no bairro Bethânia, e todas as adequações para funcionamento do estabelecimento foram realizadas pelo proprietário. Na última vistoria foi verificada a necessidade de uma cabine de pintura com chaminé adequada, sendo as adaptações atendidas e o licenciamento liberado. A administração municipal esclareceu que estabelece critérios para licenciar empreendimentos de acordo com as leis ambientais: Decreto 3.790, de 1997, e Lei 1.545, de 1997.
Justiça
Tramita na 2ª Vara Cível da Comarca de Ipatinga, o processual n° 031309293564-9 requerido junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) contra o proprietário da oficina Lata Velha, Valdeci Gonçalves Ferreira. A última movimentação ocorreu no dia 29 de fevereiro último, com expedição de ofício para notificar o diretor do Departamento Municipal de Meio Ambiente, para uma vistoria técnica, como forma de verificar o cumprimento do termo de ajustamento de conduta.