
18 de janeiro, de 2012 | 00:00
Usiminas anuncia novo presidente
Foco da companhia é o aumento contínuo da eficiência operacional e competitividade
BELO HORIZONTE A Usiminas tem um novo acordo de acionistas, definido pelo Conselho de Administração da empresa. Também está definido que o executivo argentino Julián Eguren é o novo diretor-presidente da Usiminas, em substituição a Wilson Nélio Brumer, que dirige o grupo desde 2010. O novo acordo de acionistas da Usiminas foi oficializado na segunda-feira (16), durante reunião do Conselho.
A mudança, anunciada a partir das 12h de ontem pelas principais agências noticiosas foi recebida com cautela, em um momento em que o mercado avalia a mudança no grupo de controle da siderúrgica, que tenta melhorar seu nível de competitividade em meio ao excesso de capacidade produtiva mundial de aço e grandes importações do material no Brasil.
O bloco de controle passa a ser formado pelo Grupo Nippon, com 29,44% do total de ações ordinárias da empresa; pelas empresas Tenaris e Ternium, ambas do Grupo Techint, com 27,66%; e pela Caixa dos Empregados da Usiminas, com 6,75%. O acordo é válido até 2031.
Em comunicado divulgado pela Usiminas, a decisão fortalece sua estrutura de governança e potencializa oportunidades de desenvolvimento e aumento de competitividade. A empresa passa a ter entre seus acionistas grupos focados no negócio aço”, o que reforça a disposição de a companhia consolidar a sua liderança do mercado brasileiro de laminados planos.
Para aumentar a sua participação de 27.76% para 29,44% do total de ações ordinárias da Usiminas, o grupo Nippon adquiriu 1,69% das ações ordinárias da Caixa dos Empregados. Já a participação de 27,66% da Ternium - junto com sua subsidiária argentina Siderar e com a Confab Industrial S.A, subsidiária da Tenaris no Brasil - é composta também por uma participação da Caixa dos Empregados e pela participação total anteriormente detida pelo grupo Camargo Corrêa/Votorantim que, com isso, não mais integra oficialmente a composição acionária da Usiminas.
Ciclo
Segundo Julián Eguren, ter acionistas com visão do negócio é um diferencial competitivo para a Usiminas. É um enorme orgulho ser nomeado presidente da Usiminas, não somente pela força da companhia, mas por ela estar presente no Brasil, o maior país da América Latina e que tem grandes perspectivas de crescimento. Iremos trabalhar em equipe na melhoria da eficiência operacional, oportunidades de mercado e melhoria de competitividade”, afirma.
Para Wilson Brumer, a sua gestão à frente da Usiminas cumpriu o papel de preparar a empresa para um novo ciclo de crescimento, após um dos períodos mais complexos de sua história. Demos passos importantes, mesmo diante de uma conjuntura de mercado adversa. Preservamos o nosso caixa e dívida em patamares consistentes, mas sem perder nossa capacidade empreendedora. Realizamos investimentos importantes de agregação de valor ao nosso aço, aceleramos o processo de desenvolvimento da mineração e de autossuficiência energética, que serão fatores fundamentais neste novo momento da siderurgia mundial, que exige das empresas uma competitividade global”, analisou.
Para Brumer, a Usiminas está mais preparada para assumir os desafios da siderurgia mundial. As oportunidades de incremento de competitividade criadas por esta estrutura acionária são singulares”, enfatizou o ex-presidente.
Presidente do Sindipa defende a retomada da motivação da equipe
Para o deputado estadual e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga (Sindipa), Luiz Carlos Miranda, o momento é de grande expectativa em relação à mudança na diretoria da Usiminas. O dirigente tem uma reunião agendada nesta quarta-feira com o novo diretor-presidente da Usiminas, Julián Eguren, às 16h no escritório central da empresa em Ipatinga.
Para Luiz Carlos, a principal tarefa do novo presidente será motivar a equipe e reconquistar a confiança da comunidade local em relação à empresa. "Desde a presidência de Marco Antonio Castello Branco nós lutamos contra a destruição da Usiminas. E a empresa está hoje na pior situação que poderia se encontrar uma siderúrgica, sem expectativa e sem investimentos indispensáveis. E não adianta falar em crise conjuntural do mercado siderúrgico não. Nós já passamos por crises nacionais e internacionais muito piores e saímos numa situação melhor, porque a empresa tinha uma população que inspirava confiança e uma equipe motivada", assinalou Luiz Carlos.
O deputado e presidente do Sindipa disse esperar que o novo presidente da Usiminas chame os trabalhadores para conversar e que ouça a comunidade. O dirigente sindical também afirmou que vai aproveitar a reunião para alertar ao novo presidente sobre as preocupações em relação à reconstrução da empresa.
A expectativa do dirigente sindical é que o novo presidente venha com uma proposta de abertura e compreensão da comunidade mineira e dos moradores do Vale do Aço. Pois só assim ele terá sucesso em sua gestão. Já tivemos episódios em que dirigentes chegaram se achando acima de Deus e de todos e encontraram resistência. De nosso lado, estamos imbuídos do espírito de colaboração e contribuição para reconstruir a empresa", concluiu.
Executivo iniciou a carreira na Argentina
Julián Eguren, 48 anos, possui uma vasta experiência na siderurgia latinoamericana. Há 25 anos vem desempenhando diversas funções na Organização Techint no México, na Venezuela e na Argentina.
Formado em Administração de empresas, com mestrado em Direção de Empresas pelo Massachussets Institute of Tecnology MIT, nos EUA, Eguren começou sua carreira em 1987 como Jovem Profissional (trainee) da TenarisSiderca, na Argentina, e em 1993 deu início a sua carreira internacional.
Ocupou diversas posições na TenarisTamsa no México e, em 1998, mudou-se para Venezuela para assumir a presidência da Sidor, maior siderúrgica latinoamericana, período no qual teve a oportunidade de trabalhar com a Usiminas.
Em 2008, assumiu a presidência da Ternium, no México produtor com processos integrados para a fabricação do aço e derivados desde minas próprias até centros de serviços para o setor industrial e na América Central, incluindo operações na Colômbia e na Guatemala.
Atuou ainda como Diretor do ILAFA(atual Alacero) e presidente da Junta Diretiva Tenigal, empresa que surgiu da parceria entre a Ternium e a Nippon Steel. Casado, pai de quatro filhos, Eguren acredita e apoia o esporte como parte do seu dia a dia participando de maratonas internacionais e triatlons.
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