08 de dezembro, de 2011 | 00:00

Mapa do crack revela situação preocupante

Municípios do Vale do Aço aparecem com destaque na geografia da droga

Observatório do Crack/CNM


Mapa do Crack em Minas Gerais

DA REDAÇÃO – De um total de 748 municípios pesquisados, entre os 853 do Estado de Minas Gerais, o crack já chegou a 679, o que representa 70% do total de cidades mineiras. Os dados constam da pesquisa Observatório do Crack, mantido pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
De acordo com o mapa, os municípios do Vale do Aço e regiões circunvizinhas estão em situação preocupante em relação à droga. O estudo criou três classificações em relação ao nível de consumo de crack: Alto (vermelho), Médio (amarelo) e Baixo (verde).
Na classificação alta aparecem Ipatinga, Santana do Paraíso, Caratinga, Coronel Fabriciano, Belo Oriente, Açucena e Bom Jesus do Galho.
Na classificação média seguem os municípios de Ipaba, Mesquita, Timóteo, Braúnas, Bugre, Naque e Periquito. No baixo consumo de crack (verde) estão São Domingos do Prata, Marliéria, Jaguaraçu e Dionísio.
A avaliação é feita pelos próprios prefeitos para a pesquisa Observatório do Crack. Mas não se trata de um fenômeno relativo apenas ao Vale do Aço. A “geografia da droga” mostra que a região acompanha Minas Gerais que, por sua vez, acompanha o Brasil no avanço da epidemia de crack, seja na disseminação ou no vício em pedras feitas com subprodutos da cocaína.
Na busca por uma solução, o governo federal anunciou, nessa quarta-feira (7), um conjunto de ações para o enfrentamento ao crack, com previsão de investimento de R$ 4 bilhões até 2014. As ações estão estruturadas em três eixos – cuidado, prevenção e autoridade – e serão desenvolvidas de forma integrada com estados e municípios.
Realidade
Assim como Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso, em Minas, 531 cidades estão classificadas nas categorias de consumo médio e alto (70,6%). Entre os 752 municípios pesquisados, 717 (95,3%) registram o consumo da droga. Nem o miserável Vale do Jequitinhonha escapa da epidemia de crack, com o agravante da baixa escolaridade e pobreza da população.
Para o ex-secretário adjunto estadual de Defesa Social e secretário-executivo do Instituto Minas pela Paz, o sociólogo Luiz Cláudio Sapori, os dados revelam como o consumo de crack está disseminado em todo país, em áreas urbanas e rurais.
“É um pedido de socorro dos municípios às esferas estaduais e federais, porque se o crack ainda não é a droga mais consumida, é aquela que mais impacta na saúde e na segurança. Não se sabe o que fazer com os usuários, como tratá-los. Fora que o comércio do crack está diretamente relacionado à violência e criminalidade. A pesquisa aponta uma demanda dos municípios e mostra que ainda não estamos fazendo direito”, avalia.
Terapia
Para quem atingiu o fundo de poço com as drogas, inclusive o crack, e busca ajuda para sair, o Vale do Aço dispõe de diversas entidades terapêuticas. Só em Ipatinga são quatro, com estrutura para receber em torno de 40 a 50 internos. Cada uma especializou-se em atender uma determina faixa etária, mas só uma atende pessoas do sexo feminino.
Entre as entidades está a Associação Núcleo de Apoio a Toxicômanos e Alcólatras - Fazenda Água Viva, localizada no bairro Forquilha. O coordenador Administrativo, Geraldo Majela Martins, confirma a principal informação da pesquisa da CNM, sobre a expansão da epidemia de crack nas zonas rurais e pequenas cidades. “Temos internos, tanto de Belo Horizonte e Coronel Fabriciano, quanto Mesquita e Joanésia”, enfatiza.
De um total de 45 pessoas em tratamento, Geraldo Majela estima que 25% sejam dependentes do crack que quiseram se livrar do vício. “O trabalho aqui dura nove meses. Depende de muita força de vontade das pessoas e participação da família. Temos um trabalho específico para a família, fora daqui. Ela também precisa ser envolvida na recuperação”, conclui o coordenador.
 
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