
24 de agosto, de 2011 | 00:00
Mulheres mantêm acusação contra ipabenses nos EUA
Elas temem voltar ao Brasil após depoimento no tribunal em Omaha
DA REDAÇÃO A ipabense Wanderlúcia Oliveira de Paiva prestou depoimento nesta terça-feira no tribunal em Omaha, estado de Nebraska, nos Estados Unidos, onde o seu marido, Valdeir Gonçalves dos Santos, 30 anos, julgado pela acusação de triplo homicídio da família Szczepanik. Foi a primeira vez, desde meados de 2009, quando Valdeir deixou o Brasil, que os dois se viram.
O promotor do caso, John Alagaban, perguntou a Wanderlúcia o que seu marido disse a ela sobre o ocorrido com Vanderlei Szczepanik, o missionário brasileiro que desapareceu do Sul de Omaha em dezembro de 2009 juntamente com a mulher, Jaqueline, e o filho Cristopher, de 7 anos.
O jornal Omaha World Herald narra a cena: Diante disso, Gonçalves se inclinou para a frente e pressionou os cotovelos em suas coxas. Ele plantou o queixo na palma da mão e olhou diretamente para o júri, onde estava sua mulher”.
Wanderlúcia, então, afirmou que o marido disse a ela, por telefone, que tinham torturado o patrão Vanderlei, acrescentado que o havia matado, esquartejado, colocado os pedaços em sacos com pedras e jogado em um rio. Gonçalves-Santos se recostou na cadeira e ergueu as sobrancelhas, diante do testemunho da mulher”, relata o jornal.
O caso é considerado um dos mais complexos daquele estado, pois não há nenhum corpo, não há cena do crime e as palavras da mulher de um dos réus, Wanderlúcia e da amiga dela, Patrícia Oliveira, são a única evidência da acusação contra os brasileiros, presos desde fevereiro de 2010. Valdeir é acusado das mortes e o amigo dele, o também ipabense José Carlos Coutinho, é acusado de roubo e uso dos cartões de crédito da família desaparecida.
Ainda segundo Wanderlúcia, o marido não explicou como torturou Vanderlei Szczepanik, nem mencionou nada sobre a mulher dele, Jaqueline, e o menino Cristopher.
Wanderlúcia repetiu que Vanderlei foi morto pelos três amigos brasileiros que trabalhavam para ele. Além de Valdeir, em julgamento, e José Carlos Coutinho, preso e aguardando ir a júri, ela acusou outro brasileiro já liberado por falta de provas, Elias Lourenço Batista.
Sobre a motivação, disse que soube do marido que Szczepanik tinha despedido José Carlos, em seguida, recontratou-o para pagar um salário menor. Wanderlúcia admitiu, entretanto, que nunca viu o marido irritado ou violento, e que ele não sabe ler nem escrever. A mulher disse ainda ter medo de voltar ao Brasil por causa da reação dos familiares do marido. "Eu tinha certeza que ele fez algo muito errado, mas ao mesmo tempo ele é o pai dos meus filhos, por isso é muito, muito difícil", relatou.
Ressentimento
Um dia antes de Wanderlúcia depor no tribunal, a mulher do outro brasileiro acusado de envolvimento no caso, Patrícia Oliveira Coutinho, 29 anos, amiga de Wanderlúcia, disse que seu marido, José Carlos, estava cada vez mais frustrado com o quanto recebia de Vanderlei. "Ele me disse que ele e os meninos - Valdeir e Elias planejavam fazer algo contra Vanderlei e que tinha muito ódio contra o patrão”, testemunhou a mulher. Patrícia também afirmou ter medo de voltar ao Brasil por causa da reação dos familiares do marido.
Os advogados de defesa do ipabense no julgamento, Kevin Ryan e Beau Finley, informaram que o governo já gastou mais de US$ 14 mil em assistência para moradia, alimentação, viagens e hotéis e levantou a suspeita de que o depoimento das mulheres é fruto de ressentimento e do desejo delas de viverem nos Estados Unidos.
No julgamento de Valdeir, que deve prosseguir até o fim de agosto, estão previstos outros depoimentos de pessoas ligadas à família Szczepanik e aos ipabenses em Omaha. (Com informações do jornal Omaha Wolrd Herald).
O QUE JÁ FOI PUBLICADO:
Começa dia 15 o julgamento de ipabenses nos EUA - 12/08/2011
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