07 de agosto, de 2011 | 00:00

Sal em excesso é risco para a saúde

Nutricionista orienta sobre os benefícios e malefícios do consumo de sal

Danúbia Mota


Ana Carolina de Mello Cruz

IPATINGA – A Secretaria de Estado da Saúde fez um alerta sobre o consumo excessivo de sal. Os efeitos do nutriente no organismo não são imediatos e as pessoas podem demorar anos para apresentar sintomas. O sódio está associado a uma série de doenças crônicas, como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, problemas renais e cânceres.
Os brasileiros consomem mais sal que o recomendado. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza um consumo diário de apenas 5 gramas por pessoa. Porém, no Brasil, a população consome 12 gramas. Para falar sobre o assunto, a reportagem do DIÁRIO DO AÇO conversou com a nutricionista Ana Carolina de Mello Cruz, que explicou quais os efeitos da substância no organismo, benefícios e malefícios do consumo em excesso do sal.
DIÁRIO DO AÇO - Qual a importância do sal para a saúde?
ANA CAROLINA DE MELLO CRUZ - Na época das Grandes Navegações, o sal foi muito utilizado para conservação de alimentos, impedindo a reprodução das bactérias por diminuir a disponibilidade de água nos alimentos. Foi um produto extremamente valioso. O sal não traz só prejuízos à saúde, ele é formado por cristas de cloreto de sódio, e os íons sódio e cloro são necessários para equilíbrio dos fluidos corporais e transmissão de impulsos nervosos. Além disso, há muitos anos é lei em nosso país adicionar iodo ao sal de cozinha, evitando assim o bócio.
DA - Quanto deve ser consumido por dia?
ANA CAROLINA - Até alguns anos atrás a recomendação era de 6g de sal/dia, equivalente aproximadamente a uma tampa de caneta. Entretanto, a Sociedade Brasileira de Hipertensão em sua mais recente publicação das Diretrizes Brasileiras de Hipertensão traz que a necessidade diária de sódio está contida em 5g de sal de cozinha (2g de sódio). O consumo médio do brasileiro atualmente é o dobro da recomendação.
DA - Há recomendações específicas para crianças e idosos?
ANA CAROLINA - Ainda não há um consenso para essas populações. Entretanto, sabe-se que o consumo deve estar abaixo de 5g. No caso das crianças, principalmente nos primeiros anos de vida, os pais ou responsáveis devem optar por uma alimentação com pouco sal e açúcar, ou mesmo sem adição desses produtos, pois o leite materno, o sódio e o açúcar contido nos alimentos, já suprem a necessidade dos pequenos, e assim, os pais auxiliam na formação de padrões gustativos mais saudáveis. Para idosos o consumo deveria estar entre 4g e 5g, porque com o envelhecimento natural do nosso organismo, os vasos sanguíneos perdem elasticidade, aumentando o risco de desenvolvimento de quadros de hipertensão arterial.
DA - Quais os benefícios do consumo de sal?
ANA CAROLINA - Os íons cloreto e sódio, contidos no sal de cozinha, são necessários para regular as trocas entre o interior e o exterior das células, regulam as passagens de líquido e substâncias pelas membranas das células. E ainda, são fundamentais para transmissão de impulsos nervosos. O iodo adicionado ao sal de cozinha, evita o bócio.
DA - E os malefícios?
ANA CAROLINA - Aumento da pressão arterial, comprometimento da função renal. A hipertensão arterial sistêmica é uma das principais causas de doença renal crônica. O consumo elevado de sal eleva também os riscos de formação de cálculos renais. O erro está no consumo excessivo.
DA - Alimentos industrializados são carregados de sal? Quais cuidados devem ter?
ANA CAROLINA - De maneira geral, os alimentos industrializados são ricos em sódio. Embutidos como salsicha, presunto, apresuntado, salame; conservas - milho verde, azeitona, ervilha; molhos prontos, catchup, alimentos congelados são ricos em sódio. É importante que as pessoas estejam atentas aos rótulos dos alimentos, verificando a quantidade de sódio presente nos mesmos, optando por uma alimentação mais natural. Ao utilizar produtos industrializados, optar por aqueles com menor teor de sódio e no caso das conservas uma dica é passar os alimentos em água corrente para tirar um pouco do sal e desprezar a água que vem com os mesmos.
DA - Quais são os alimentos que contêm as maiores e as menores quantidades de sódio?
ANA CAROLINA - Alimentos ricos em sódio: embutidos, conservas, produtos industrializados, alguns tipos de queijo, molhos prontos. E é importante fazer esse alerta aos pais - macarrão instantâneo é riquíssimo em sódio, possuindo metade ou mais da recomendação diária de um adulto. Alimentos com pouco sódio: frutas, verduras, legumes, carnes entre outros.
DA - É possível diminuir o uso do sal de cozinha? Quais produtos podemos substituir?
ANA CAROLINA - Claro. Optando por alimentos naturais, uma alimentação rica em frutas, hortaliças, evitar o consumo de carnes processadas (hamburguer, steak), diminuir/restringir o consumo de produtos industrializados e diminuir o consumo do sal de adição, ou seja, do sal de cozinha, optando pelo uso de outros condimentos para temperar os alimentos, utilizar mais ervas, como salsa, cebolinha, manjericão, alecrim, sálvia, majerona, hortelã, utilizar frutas para temperar os alimentos.

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