
29 de julho, de 2011 | 00:00
Bastidores de um jogo de futebol
IPATINGA - Palco da vitória do Atlético sobre o Fluminense, por 1 a 0, na última quarta-feira (27), o estádio Ipatingão recebeu cerca de 17 mil expectadores. Detalhes e figuras curiosas inseridos na atmosfera que envolve uma partida de série A do Campeonato Brasileiro normalmente passam desapercebidos em razão das atenções voltadas para as quatro linhas do gramado. A noite fugiu à rotina habitual de Ipatinga, principalmente nas inúmeras chances para um faturamento extra e a movimentação da cidade.
Muitos torcedores, atleticanos ou tricolores, vieram de outras cidades, enfrentaram rodovias perigosas no intuito de ver, de perto, o time do coração. Alguns deles viajaram centenas de quilômetros, como é o caso dos integrantes da Galoucura. Cerca de 250 membros da torcida organizada saíram da capital mineira, por volta das 12h da quarta-feira (27). Para ver o nosso time do coração jogar, não existe hora, nem lugar. Conheci diversas cidades através do Galo. O lugar mais longe foi em Porto Alegre (RS), ano passado, no jogo contra o Internacional”, relata Júlio César, ao ser questionado se realmente vale a pena todo este esforço. Não importa o que aconteça, sempre estaremos com o Galo”, resumiu.
O empresário Fred Tanure veio de Colatina (ES) e percorreu, com alguns amigos, mais de 400 quilômetros antes de chegar a Ipatinga. Sempre vale a pena alimentar a paixão pelo futebol. Nesta brincadeira aí já gastei mais R$ 300”, conta. No meio da multidão presente aos jogos, sempre há aquele torcedor que acompanha os lances da partida por meio do tradicional rádio de pilha, como o caso do seo” José Geraldo dos Santos. O rádio facilita a identificação dos jogadores e também informa o andamento dos outros confrontos que ocorrem simultaneamente”, explica.
Ilegalidade
Muitos torcedores que não conseguiram comprar ingresso nos postos de venda se viram obrigados a recorrer aos cambistas. Nessa situação estava o estudante Júlio Martins de Sousa, morador de Coronel Fabriciano. Os ingressos se esgotaram rápido demais e, por causa disso, tive que pagar R$ 15 por um ingresso que custou R$ 5”, lamenta.
A ação dos cambistas é uma prática difícil de ser combatida, principalmente quando o preço dos ingressos é menor, motivo que facilita a aquisição dos bilhetes por parte dos praticantes deste tipo de ilegalidade. Um cambista, que por motivos óbvios não se identificou, revelou que investiu na compra de quase 100 bilhetes, vendidos a R$ 15 na cidade de Timóteo durante o dia e nos arredores do estádio na noite da partida. A venda foi bem fácil. Em um dia, lucrei mais de R$ 900”, confidenciou.
Sustento
Mas nem todos foram ao Ipatingão em busca de lazer. Estas ocasiões também proporcionam renda extra para dezenas de famílias. Na barraquinha de lanches da Dona Naná, as vendas aumentaram em cerca de 300%. Segundo ela, os eventos realizados no estádio são imprescindíveis ao pagamento das contas do fim do mês. Em situações comuns, quase não rende nada. Dias como este realmente fazem a diferença”, comemora.
Dentro do estádio, vendedores ambulantes oferecem, a todo momento, algum tipo de produto para consumo imediato. Rosa Gonçalves afirma que ganharia quase R$ 150 se conseguisse vender todos os salgadinhos, amendoins e guloseimas que portava em sua bandeja.
Em virtude do jogo, a dona de casa Maria das Graças aproveitou para recolher as latas de alumínio jogadas no chão. Eu e o meu marido sempre viemos nos eventos do Ipatingão com esta finalidade. Dá para juntar mais de oito quilos”, festeja.
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