
28 de junho, de 2011 | 00:00
Mercado em franca expansão
Evento abre hoje cadastro para fornecedores da cadeia de petróleo e gás
IPATINGA O III Seminário Petróleo, Gás e Energias Renováveis, que se realiza hoje no teatro Zélia Olguin, no bairro Cariru, em Ipatinga, consolida a região como fornecedora para este segmento do mercado, alvo de investimentos bilionários na atualidade. Nesta edição, o seminário promovido pelo Sindicato Intermunicipal das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Ipatinga (Sindimiva) e regional Vale do Aço da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) tem como foco principal o cadastramento de empresas da região interessadas em integrar o cadastro de fornecedores de produtos e serviços da Petrobras.
O seminário será marcado por representantes da estatal que vão falar sobre as exigências para fornecer aos projetos da Petrobras, tanto na extração de petróleo quanto nas refinarias, entre as quais, a Gabriel Passos (Regap), em Betim, e a Duque de Caxias Reduc (RJ). Além disso, Ipatinga receberá também representantes da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo. Além da Petrobras, há investimentos no setor de petróleo, gás e energias renováveis feitos por investidores privados.
O vice-presidente do Sindimiva, Gláucio Campelo, explica que o seminário foi aberto aos representantes de todo o setor produtivo. Queremos desmistificar o entendimento que esse nicho de mercado tem oportunidade apenas para o setor metalmecânico. Fornecer para o segmento energia representa uma abertura para variados ramos”, destaca.
Para muitas empresas do Vale do Aço, esta terça-feira poderá ficar na história. Após as palestras com as explicações dos investimentos e exigências documentais, os empresários terão a oportunidade, em um workshop na regional da Fiemg, no bairro Cidade Nobre, para o preenchimento do cadastro.
A expectativa é que os empreendedores locais encontrem o caminho para chegar ao nicho de mercado de petróleo, gás e energia.
O diretor executivo da Rede de Negócios Metalmecânica, Ronaldo Wanderson Soares, afirma que os investimentos da Petrobras demandam fornecedores de variados segmentos produtivos. De alimentos, passando por móveis até uniformes, a estatal precisa de tudo, não só de produtos da indústria metalmecânica”, destaca.
Ronaldo cita as atividades relacionadas à exploração do pré-sal no litoral do Espírito Santo, onde as empresas passam a atuar em áreas ainda com pouco povoamento. A demanda é muito alta e representa grandes oportunidades de negócios para as empresas que quiserem fornecer. A saída é qualificar-se, atender às exigências para vender produtos e serviços”, pontua o executivo.
De blocos de navios até dutos de climatização
Ampliado há dois anos, o fornecimento das empresas do Vale do Aço para o segmento de petróleo, gás e energia muda a realidade com novos negócios para várias empresas da região. A maioria delas até agora é do setor metalmecânico, com o cadastrado junto à Petrobras e estaleiros já resolvida. Com o III Seminário, o Sindimiva e a Fiemg querem fomentar o acesso de empresas de outros setores. Na prática, algumas empresas já forneciam para o setor e o nicho de mercado passou a ser incrementado a partir de 2009.
Entre as empresas regionais que já fornecem para a cadeia do petróleo, gás e energia estão a Líder Indústria Mecânica, Muniz Indústria Mecânica, Ramac Indústria Mecânica, Faceme Industrial, CMI Montagem Industrial, ATA Indústria Mecânica, Viga Caldeiraria e Arcon Engenharia de Climatização.
As indústrias Líder, Muniz e Ramac trabalham com usinagem e fabricaram as chamadas "navipeças". Como o nome diz, são peças para embarcações de apoio às plataformas de petróleo (supply-boats). A CMI, ATA e a Faceme produzem equipamentos e estruturas metálicas para a Refinaria Gabriel Passos. A Viga Caldeiraria (assim como a Faceme e CMI) produzem blocos em aço para navios. Já a Arcon atuou na fabricação de dutos para a ventilação da casa de máquinas da plataforma de exploração de petróleo em alto mar, a P-55.
Sem perder oportunidades
Entrar no seleto grupo de fornecedores do bilionário negócio do petróleo demandou busca de conhecimento, planejamento, persistência e muitas viagens. Há aproximadamente três anos, quando o mercado de construção naval foi visualizado como uma nova fonte de recursos para as indústrias do setor metalmecânico do Vale do Aço, os industriais buscaram apoio no Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Micro Empresa (Sebrae). As missões organizadas pelo órgão na feira Navalshore, no Rio de Janeiro em 2009, visita aos estaleiros do Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco, permitiram a inserção no negócio. Em 2010, ocorreu, no Rio de Janeiro, a Rio Oil & Gas Expo and Conference, principal evento de Petróleo e Gás da América Latina e segundo maior do Mundo. Os empresários do setor já estavam focados no que queriam conhecer, a quem se apresentar e o que ofertar.
A missão empresarial constatou o avanço da concorrência internacional, principalmente a chinesa, que ocuparam quarteirões inteiros da feira realizada no Riocentro, oferecendo de tudo. Na época, os empresários avaliaram que, além de competir com qualidade, a competitividade deveria passar também pela formação de preços, geração de mão de obra com alta qualificação e busca de saídas.
O analista do Sebrae-MG, Fabrício Fernandes, defendeu a união das empresas. Incentivamos o trabalho cooperativo e as empresas aumentaram a competitividade. Cada uma produzia uma parte em um projeto e isso foi possível fornecer, por exemplo, para o estaleiro Mauá”, ressaltou.
Na missão empresarial enviada à Rio Oil & Gas Expo and Conference, os integrantes também visitaram o arsenal da Marinha, que mantém um estaleiro para a manutenção e reforma da frota naval militar brasileira e o centro de tecnologia de solda do Serviço Social da Indústria (Sesi). Como resultado dessa incursão, a instalação de um Centro de Tecnologia no Vale do Aço está na fase de apresentação de propostas. Fornecer para o setor ofshore (exploração de petróleo em alto mar) é isso: tecnologia de soldas e chapas de aço resistentes à corrosão”, destacou o vice-presidente do Sindimiva, Gláucio Campelo, que acompanhou a missão.
Rede de negócios para incrementar a indústria
IPATINGA - Por iniciativa do Sindicato Intermunicipal das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Ipatinga (Sindimiva) a Rede de Negócios Metalmecânica” funciona como uma gerenciadora de contatos neste segmento industrial. A rede funciona em parceria com o Sebrae-MG e tem como diretor executivo Ronaldo Wanderson. A finalidade é adquirir insumos comuns para as indústrias do setor, comprar itens de maior valor agregado e vendas corporativas, além de oferecer para grandes clientes produtos que resultarem da soma das capacidades produtivas de pequenas e médias empresas.
O maior objetivo da Rede de Negócios é a venda conjunta, unindo as forças e expertises de empresas, às vezes concorrentes, porém parceiras para participar de negócios de grande demanda e valores muito expressivos”, ressalta Gláucio Campelo.
Ronaldo Wanderson acrescenta que, em 2010, quando foram vendidas as portas de visita para navios, a atuação foi dentro dessa modalidade. Três ou quatro empresas fabricaram as peças. Uma foi a líder do projeto e as outras foram as fabricantes”, explica Ronaldo.
O Sindimiva alcança cerca de 90% das empresas do setor metalmecânico no Vale do Aço e região do Médio Piracicaba (Itabira). A rede já conta com cerca de 20 empresas associadas. As reuniões da Central ocorrem a cada mês com os compradores, para tratar de especificações técnicas de produtos e análise de fornecedores.
Outra bandeira encampada pelos empresários do setor é a reivindicação de uma revisão tributária. Hoje, as empresas que produzem para o setor em Minas enfrentam a concorrência das empresas instaladas nos Estados onde a indústria naval é mais presente (Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Santa Catarina e São Paulo). Nestes Estados, há incentivos da redução tributária e, às vezes, até isenção em relação ao IMCS (de competência estadual).
Seminário tem histórico de avanços
Na atual fase, o Seminário Petróleo Gás e Energias (P&G e Energias) se consolida e sinaliza um momento de expansão do fornecimento à cadeia produtiva de petróleo. Além do setor metalmecânico, empresas locais de variados segmentos poderão se inserir nesse nicho de mercado, a partir do cadastramento a ser aberto nesta terça-feira.
O presidente do Sindimiva, Jeferson Bachour Coelho, destaca a evolução do trabalho. O dirigente lembra que, em 2009, foi realizado, em Ipatinga, o I Seminário Petróleo, Gás e Energias Renováveis quando o Sindimiva, a Fiemg e o Sebrae apresentaram as oportunidades de negócios na cadeia de petróleo, gás e naval. Já em 2010, o seminário apresentou as conquistas, os mercados que foram prospectados, os negócios fechados, e as perspectivas no rastro da expansão do mercado.
Ano passado, grandes indústrias regionais como a Usiminas e a então ArcelorMittal Inox Brasil (hoje Aperam), apresentaram ao público as tecnologias desenvolvidas para ampliar a participação no mercado. A siderúrgica de Ipatinga, por exemplo, importou” uma tecnologia da Nippon Steel para oferecer aos seus clientes um aço mais resistente e, ao mesmo tempo, de melhor manuseio.
Em 2010, a Usiminas passou a vender aço diretamente para pequenas e médias empresas do setor metalmecânico da região, por meio da criação do Programa de Fomento Industrial do Vale do Aço, implicando em redução de custos, prazos e menor necessidade de logística. Antes dessa iniciativa, as chapas saíam de Ipatinga, iam para uma distribuidora em Belo Horizonte e São Paulo e, quando alguma empresa local precisava do material, tinha que fazer a compra em Belo Horizonte e outras regiões.
Para empresário, investimento em qualificação é fundamental
IPATINGA - Investir pesado em qualificação profissional e excelência na cadeia produtiva dos serviços prestados ao mercado de petróleo e gás é o principal segredo para fazer parte do seleto grupo de empresas que atendem o setor. Esta é a avaliação do diretor da empresa metalmecânica Faceme, Antônio José Moreira. Especializada na produção de estruturas metálicas e caldeirarias, a empresa tem, desde janeiro deste ano, a Petrobras como um de seus principais clientes.
Conseguir ser fornecedor de uma empresa do porte da Petrobras por si só já um ótimo cartão de visitas para qualquer outra empresa. As exigências são enormes. Para alcançarmos isso, buscamos intensamente a qualificação profissional dos nossos colaboradores e a excelência dentro do processo produtivo de nossas peças”, revelou o diretor. Atualmente, a Faceme fornece peças off share para a Regap, unidade da Petrobras em Betim. Segundo Antônio José, a expectativa é conquistar o aperfeiçoamento necessário para atender outras unidades da gigante petrolífera.
Existem as peças off share, que ficam em terra firme, e as on share, que atendem às unidades que exploram petróleo em alto mar. Nossa expectativa é dar continuidade, da melhor maneira, ao serviço que prestamos hoje, para conseguirmos nos capacitar a oferecer peças cada vez mais complexas. A inserção em outras unidades da Petrobras é um dos principais objetivos da nossa empresa”, revela o diretor.
Sobre o volume de trabalho empenhado pela Faceme para atender à demanda da Petrobras atualmente, o diretor revela que não é possível quantificar em números. O ponto mais importante de uma peça produzida não está no número de toneladas, mas sim na complexidade de sua produção. O desafio técnico dessas peças é o que impõe todo o valor final ao produto. Para se ter um exemplo, uma peça que disponha do mesmo volume é um preço para o setor siderúrgico e muito mais cara para o setor petrolífero. A tecnologia empregada é o que mais influencia no valor final. Daí a importância da qualificação”, conclui Antônio José.
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