23 de junho, de 2011 | 00:00

Poluição sonora tumultua rotina

Exposição aos ruídos excessivos traz sérios riscos à saúde auditiva

IPATINGA – A poluição sonora é hoje uma das consequências do crescimento urbano. O problema muitas vezes passa despercebido pela população dos centros urbanos, visto que o excesso de ruído já faz parte da rotina das pessoas.
No entanto, a exposição contínua traz riscos à saúde. Ipatinga possui uma legislação vigente que trata da poluição sonora (Lei 1.475/96), porém, ela não vem sendo cumprida integralmente.
Isso se for considerado a grande quantidade de carros de propaganda volante que circulam pelas ruas da cidade, sistemas de som com locutores nas portas das lojas, empresas que emitem barulho intenso durante produção, música alta em estabelecimentos de entretenimento, entre outras situações. A fiscalização, considerada deficiente, tem gerado insatisfação por parte da população que convive diariamente com o problema.
De acordo com a legislação, os ruídos não podem ultrapassar os três níveis permitidos: 65 decibéis (entre 7h e 19h); 60 decibéis (de 19h às 22h) e 50 decibéis (entre 22h e 7h).
 
Uma moradora do bairro Bom Jardim, que pediu para não ser identificada, é vizinha de uma serralheria. De acordo com ela, diariamente, ela e seus vizinhos são obrigados a conviver com um “barulho infernal”.
“Quando as máquinas estão trabalhando, incomoda bastante. O pior é que isso acontece o dia inteiro. Começa pelas 8h e vai até às 17h. É um barulho intenso demais. Parece até que está dentro da nossa casa. Mas a situação é complicada. Conversando com outros vizinhos, ninguém gosta, mas também não tem coragem de reclamar. Até porque o dono da serralheria é gente boa”, contou.
Patrulha
O diretor do Departamento de Meio Ambiente (Demam), da prefeitura de Ipatinga, José de Arimatéia Lopes, alerta que, para a administração municipal tomar as devidas providências, é necessário que a população denuncie os infratores.
“O papel da população é muito importante no processo de fiscalização. Na maioria das vezes, a gente toma conhecimento do problema por meio da denúncia daquele que está incomodado com a poluição sonora. É válido ressaltar que as denúncias são anônimas, com a garantia de sigilo absoluto”, orienta o diretor.
Uma fiscalização específica para os estabelecimentos de entretenimento é desenvolvida por uma equipe da prefeitura, em conjunto com a Polícia Militar, conhecida por Patrulha do Sossego. Todas as sextas-feiras, essa equipe traça um itinerário e percorre alguns estabelecimentos do município munidos de um decibelímetro, aparelho que serve para medir a intensidade do som nesses locais.
Riscos
A exposição prolongada a sons muito intensos provoca sério risco de perdas auditivas. “A questão da saúde auditiva é celular. O som, quando entra no ouvido, passa pelo externo, depois médio, até chegar ao interno. A partir do momento que o som chega ao ouvido interno, acima de 85 decibéis, de forma muito intensa, as células vão morrendo e o indivíduo vai perdendo a audição”, explicou a fonoaudióloga Brígida Maris Franco Barbosa.
De acordo com a profissional, a plenitude auricular (parece que o som está muito baixo), inteligibilidade (falta de entendimento na mensagem), fala alta e zumbido estão entre os principais sintomas detectados naqueles que sofrem com a perda auditiva. Brígida orienta que, se a pessoa vive em ambientes com excesso de ruído, e percebe quaisquer desses sintomas, deve procurar atendimento especializado, seja de um otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo.
Assim como o corpo, o ouvido também pede um descanso. A fonoaudióloga disse que a pessoa que convive diariamente em seu ambiente de trabalho com a poluição sonora, deve reservar um tempo, ao chegar em casa, para esse descanso. Deve evitar ao máximo os sons altos, seja ao assistir televisão ou escutar música.
 
“Para aqueles trabalhadores que ficam expostos a ruídos intensos em seus postos de trabalho, é importante que utilizem protetores auriculares”, recomenda Brígida Maris.