12 de junho, de 2011 | 00:00
A hora da despedida
Japoneses da Nippon Steel concluem obra em Ipatinga e se preparam para retornar ao Japão
IPATINGA - Quando eles chegaram a Ipatinga, em março de 2010, eram menos de 10. O calor da região e o ritmo sossegado com que os brasileiros conduziam até mesmo as relações de trabalho os incomodavam um pouco.
Neste domingo (12), o grupo retorna ao país de origem, levando na mala muitas lembranças. Mas o que consideram o mais marcante foi o aprendizado sobre o modo de vida dos brasileiros.
Um ano e quatro meses depois do desembarque em Ipatinga, o desconforto inicial nem é mais lembrado pelos japoneses da Nippon Steel Engenharia envolvidos nas obras da segunda linha de galvanização da Unigal Usiminas, concluídas em maio passado. E prestes a voltar para casa, o balanço sobre a permanência no Brasil é positivo.
E um dos sinais de que a temporada longe do Japão fez bem, foi o atraso de 15 minutos para a segunda entrevista ao DIÁRIO DO AÇO (a primeira foi concedida em junho de 2010). Baku Matsuda e Takeshi Nakatani pediram desculpas e justificaram o comportamento atípico para eles.
Estavam assistindo a um emocionante capítulo de uma novela japonesa. E se atrasaram somente 15 minutos porque este é o período que dura o capítulo de uma novela japonesa. Rápido feito o ritmo da vida nipônica.
O melhor e o pior
Arata Takahashi, personagem da entrevista concedida em 2010, já está no Japão. Matsuda e Nakatani devem retornar neste final de semana. Como receberam poucas encomendas, as malas vão se encher de boas lembranças.
O melhor do Brasil, na avaliação espirituosa de Matsuda, são os brasileiros e a forma como consomem a cachaça: o vira-vira. É um tipo de disputa entre homens, mas sem vencedores”, complementa. Ruim mesmo, segundo ele, é só a ressaca no dia seguinte. E este foi o único ponto negativo apontado por Matsuda. Nem a recomendação para tomar cuidado com a criminalidade foi utilizada. Senti-me muito tranquilo e seguro em Ipatinga”, afirmou.
Para Nakatani, a flexibilidade dos brasileiros para ambientá-los foi muito marcante. No começo, sentimos bastante a diferença de
pensamento e de personalidade em relação aos colegas de Ipatinga. Mas graças à amizade e compreensão dos brasileiros, conseguimos cumprir nosso trabalho e isso é muito gratificante”, resumiu.
Readaptação
A manga do tipo Adem, as opções de lazer como o Kart Clube de Ipatinga e os momentos de folga conquistaram Nakatani. Difícil vai ser me readaptar ao ritmo de trabalho do Japão. E lá, dificilmente conseguimos duas semanas seguidas de férias”, destacou.
Sentindo o mesmo temor, Matsuda antecipou-se e já solicitou um mês de folga quando retornar ao Japão. Fui o primeiro da turma a pedir isso ao meu chefe e ele me considerou pioneiro e arrogante neste tipo de solicitação. Mesmo assim, estão discutindo esta possibilidade”, contou, brincando.
E caso ele não obtenha êxito no pedido de férias, a solução será incentivar a Usiminas a contratá-los para prestar serviço, sempre. Voltaríamos todas as vezes, com prazer”, completou Nakatani.
Saudosismo
A novela seguida pelos japoneses é transmitida por um canal japonês, especialmente voltado para nipônicos fora do Japão, disponível no hotel onde estão hospedados.
O programa chama-se O sol”, e apesar de ser uma produção recente, trata de tema antigo: a partida de rapazes para a guerra. No capítulo exibido na quarta-feira (8), os personagens principais, no papel de um casal, se separavam justamente porque o rapaz deixava a família para servir ao Exército.
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