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22 de maio, de 2011 | 00:00

Clandestino e perigoso

Veterinário alerta sobre riscos do uso ilegal do “chumbinho”

Divulgação


CHUMBINHO NA COLHER
FABRICIANO - Casos de envenenamento de pessoas registrados no Vale do Aço, com suspeitas de uso de chumbinho, reacenderam a discussão sobre o uso ilegal da substância clandestina.
Durante muitos anos o veneno conhecido popularmente como chumbinho foi comercializado livremente para o combate de roedores e ingerido por pessoas suicidas.
Nos municípios da região muitas casas especializadas em produtos agrícolas suspenderam a venda do veneno por causa da proibição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas os próprios comerciantes admitem que a venda do chumbinho ainda é feita de forma clandestina e criminosa.
Segundo o médico veterinário Jardel Lopes, o chumbinho era muito usado para o combate à colônia de ratos, insetos e outras pragas. Mas devido ao seu perigo à saúde humana e, consequentemente a sua proibição, o produto está oficialmente fora do mercado.
“Mas infelizmente é como a droga no Brasil, mesmo com toda a legislação proibitiva e comprovações sobre o risco de sua utilização algumas pessoas insistem em agir ilegalmente”, lamentou.
O veterinário condena qualquer indicação do produto e lembra que os profissionais da área veterinária são responsáveis pelo pelos produtos vendidos pela casas especializadas em produtos agrícolas e veterinários.
“Nós, os veterinários, somos contrários a qualquer tipo de comercialização do chumbinho e de sua permanência no mercado”, ressaltou.
Fiscalização
O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) é responsável pela fiscalização do uso de agrotóxicos e pode exercer o poder coercitivo no comércio clandestino do veneno.
De acordo com o médico veterinário do escritório do IMA em Santana do Paraíso, André Almeida Santos Duch, o órgão atua permanentemente dentro de frigoríficos e estabelecimentos de fabricação de produtos de origem animal como linguiça e outros embutidos.
“Verificamos a origem e regularização de todos os produtos utilizados pelas empresas em dedetização e outros procedimentos de higienização”, explicou.
O controle é feito por meio de inspeção de contratos feitos com as empresas responsáveis por aplicações de venenos e dos rótulos das substâncias utilizadas para o extermínio de pragas e insetos.
Na região, o IMA também atua na fiscalização de lojas de produtores rurais com o apoio de duas equipes formadas por um veterinário e dois técnicos.
As equipes do instituto estão autorizadas a revistar todas as dependências e compartimentos dos estabelecimentos comerciais. O encontro de substâncias proibidas, ou sem rótulo para comercialização, é considerado crime.
Riscos
Segundo informações da Anvisa o popular “chumbinho” pertence ao grupo químico dos carbamatos e organofosforados. É um material com pequenas partículas cinza escuro ou grafite. Um produto ilegal que não deve ser utilizado sob nenhuma circunstância, pois possui índice elevado de toxicidade.
O veterinário Jardel Lopes explica que sua ação é muito rápida e é preciso algumas gramas para reagir com uma espécie de úlcera no organismo humano. “Ao ser ingerido em poucos minutos a substância é capaz de causar perfurações no intestino provocando hemorragias sérias”, alerta.
Ainda segundo Jardel Lopes, outro risco de contaminação pelo chumbinho é o “Envenenamento Indireto”, que ocorre quando uma pessoa consome carne de animal morto pela substância. “As pessoas aproveitam aquele animal às vezes até sem saber a causa da morte e o veneno ainda está ali agindo naquele alimento”, esclareceu.
Ineficiência
Segundo o técnico de controle de endemias Juniel Scarabelli além de perigosa a substância é ineficiente no combate a roedores pois, apesar de matar rapidamente o produto não consegue exterminar toda a colônia.
"Geralmente quando morre algum indivíduo da espécie os outros roedores relacionam a causa daquela morte ao consumo do alimento envenenado e não consome aquela isca, ou seja, morrem alguns rapidamente, mas os outros continuam a proliferar", explicou.
O técnico esclarece que dentro das colônias de roedores existem os líderes e os liderados, os liderados são usados para provar o alimento enquanto os líderes apenas observam as consequências. Por isso o método de combate a ratos vai além do uso de veneno.
Substituição
Jardel Lopes garante que o mercado hoje oferece várias formas de combate às chamadas pragas urbanas como ratos, formigas e baratas sem colocar em risco a saúde humana e dos animais domésticos.
Há produtos regularizados pela Anvisa, mas o consumidor deve procurar o técnico responsável pela empresa ou comércio e se informar dos procedimentos de acordo com as normas legais.
“Toda casa especializada em venda de agrotóxicos e pesticidas deve possuir um veterinário ou técnico responsável, assim como uma farmácia necessita de um farmacêutico”, conclui Jardel Lopes.

 
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