20 de maio, de 2011 | 00:00
Minério para a Usiminas em Ipatinga, só o da Vale
Na impossibilidade de contar com estradas, Mineração Usiminas só fornece para São Paulo
IPATINGA Ao anunciar que a Usiminas pretende encontrar um aliado para construir uma usina de pelotização de minério de ferro, em um local que permita o transporte tanto para a usina de Cubatão, quanto para a de Ipatinga, o presidente da companhia, Wilson Nélio Brumer, assegurou que o meio rodoviário está descartado como opção de logística neste projeto. Segundo o executivo, a usina de Ipatinga dificilmente será suprida pela área de mineração da própria empresa, justamente pelo aspecto de logística. Hoje, a planta em Ipatinga recebe minério de ferro da Vale e a expectativa é que continue assim pelos próximos anos. Não faz sentido transportar minério de ferro de caminhão, ainda mais pela BR-381, que é outro grande desafio a ser resolvido na região. Agora ainda temos uma ponte que caiu. Enquanto no Japão se recupera um aeroporto em semanas, aqui se convive com situações como essa da rodovia. O placar do estádio deles ainda não é eletrônico, é manual. E eles pedem desculpas por isso”, disse o executivo, em tom descontraído.
Por causa dos problemas com a logística, Brumer explica que toda a produção da mina da região de Serra Azul (MG) é destinada para a planta em São Paulo. Quando estabelecemos a meta de 29 toneladas de minério, em termos de fornecimento da mineração, será para a usina de Cubatão, onde já contamos com a logística da MRS, para permitir que o minério chegue a São Paulo pelo meio ferroviário. Vamos exportar o excedente”, assinalou.
Com foco na possibilidade da exportação de minério, Brumer destacou que, recentemente, a Usiminas adquiriu uma área de 850 mil metros na zona portuária em Ingá, no Rio de Janeiro. Existe também a possibilidade de participação de um leilão na Docas, do Rio de Janeiro, de uma área portuária entre a Vale e a CSN, com mais 250 mil metros quadrados. A Usiminas está atenta a esse leilão porque pretendemos exportar minério e pelotas, quando o projeto de pelotização estiver concluído. Entendemos que um porto naquela região será importante e buscamos possíveis parceiros para o investimento. Resumindo, não virá minério via rodovias para Ipatinga. Esperamos encontrar uma alternativa para o transporte de pelotas”, concluiu.
Mercado
Na quarta-feira (18), ao inaugurar a linha dois da Unigal Usiminas, Wilson Nélio Brumer informou que a meta da empresa é fazer com o que o mercado absorva o máximo da produção da nova unidade. Como 2011 já está em maio, este ano a segunda linha da Unigal não produzirá as 550 mil toneladas propostas, o que conseguir produzir será vendido no mercado interno. A unidade ainda está em fase de ajustes para atingir a capacidade. O preço internacional do aço está sob forte compressão. E hoje, aliado aos problemas brasileiros de logística, problemas cambiais, entre outros, exportar aço é quase perder dinheiro. Vamos respeitar os contratos que temos, mas reduziremos drasticamente as exportações para 11% contra os 25% que vínhamos fazendo até então”, disse o executivo.
Neste sentido, o vice-presidente de Negócios da Usiminas, Sérgio Leite, afirma que a disputa do mercado interno está mais favorável porque as importações, elevadas no ano passado, estão menores em 2011. Leite lembrou que, por solicitação da CSN, com apoio da Usiminas e da ArcelorMittal, o governo fez a abertura de um processo de investigação antidupping de aços galvanizados. O processo corre e as importações deste ano apresentam uma redução da ordem de 50%. Diante desse quadro e na perspectiva do crescimento do mercado brasileiro, automotivo e não automotivo, são boas as expectativas das vendas internas e para a América do Sul”, detalhou.
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