17 de abril, de 2011 | 00:00
Fora do convívio social
Falta de cuidados está contribuindo para o aumento de casos de conjuntivite
IPATINGA O elevado número de casos de conjuntivite observados na região, assim como a rapidez com que a doença se espalhou, faz com que alguns especialistas já considerem que o município passa por uma epidemia. Eles apontam que a discrepância de tratamento dos doentes poderia estar contribuindo para o aumento da quantidade dos casos.Observa-se hoje no município que não existe um padrão adotado pelos médicos. A reportagem teve conhecimento que os licenciamentos por atestados médicos para as pessoas que foram contaminadas têm variado entre quatro e 10 dias.
Isso tem provocado desconfiança por parte de empresários da região, visto que num mesmo estabelecimento, funcionários apresentam atestados médicos para a conjuntivite com variações significativas dos períodos de repouso.
A médica oftalmologista e professora da Faculdade de Medicina do Vale do aço (Famevaço), Fabiana Athaide Martins Araújo, disse que para se reduzir o risco de contágio da doença, seria necessária uma licença de no mínimo sete dias.
A transmissão da conjuntivite se dá até dez dias a contar da detecção dos sintomas. Com poucos dias, os sintomas podem até ter melhorado, mas o risco de contágio continua. O atestado médico, inclusive, não é somente para o trabalho. Isso não está sendo bem colocado. As pessoas têm que ser orientadas que elas precisam é sair do convívio social. Acontece que o doente fica sem ir ao emprego, mas continua com suas atividades normais, frequentando locais com grande fluxo de pessoas, como supermercados, igrejas, lojas e lanchonetes. Isso acaba sendo mais propício à transmissão da doença”, explicou.
A oftalmologista contou que a comunidade médica tem verificado que pessoas se dirigem aos consultórios simulando a doença, afim, exclusivamente, de conseguir licença para se ausentar do trabalho.
Viral
Pelas características apresentadas, Fabiana Athaide acredita que se trata de uma conjuntivite viral. Ela disse que nesses casos, mesmo que o paciente não faça uso de medicamento, a doença vai curar sozinha.
Os sintomas desse tipo de conjuntivite são vermelhidão nos olhos, secreção mais clara, principalmente ao paciente acordar, lacrimejamento ao longo do dia, inchaço das pálpebras, hemorragia, sensibilidade à luz, entre outros.
A médica falou que o próprio organismo resolve, mas no caso de embaçamento da vista após o período de contágio, o paciente deve procurar novamente atendimento médico.
A conjuntivite não pega pelo ar, somente por meio do contato direto com os olhos. Um cuidado primordial que as pessoas precisam ter é evitar tocar nos olhos nesse período de epidemia. Se houver um doente em casa, evitar também usar a mesma toalha, roupa de cama e travesseiro que o contaminado”, orienta Fabiana.
Faltam colírio e soro fisiológico nas farmácias
O município passa por um surto epidêmico de conjuntivite que tem registrado uma demanda nos hospitais de aproximadamente 400 pacientes por dia. Esse alto índice de contaminação trouxe um novo problema: a falta de medicamento específico nas farmácias.
A reportagem do DIÁRIO DO AÇO entrou em contato com algumas drogarias da cidade e constatou que em todas foi verificado um aumento considerável pela procura por colírio, água boricada e soro fisiológico.
Essa situação é generalizada e atinge farmácias em vários pontos da cidade. Foram verificadas drogarias nos bairros Canaã, Centro, Veneza, Iguaçu, Horto, Jardim Panorama, Cidade Nobre, Ideal e Bom Retiro e em todas elas percebeu-se a escassez ou falta dos medicamentos.
O funcionário de uma farmácia do Centro disse que registrou um aumento de aproximadamente 70% por esses produtos. Segundo informou, um determinado colírio, que antes vendia uma unidade por mês, somente nos últimos 20 dias já chegou a vender mais de 30.
Isso tem feito com que o estoque tenha que ser reposto diariamente. No entanto, outra dificuldade encontrada pelos empresários do setor é que as próprias distribuidoras estão com sem condições em atender essa demanda.
A mesma situação foi observada na rede pública de saúde. Nas unidades médicas municipais dos bairros Jardim Panorama, Esperança e Bom Retiro, já não possuem mais colírio. Na unidade básica do Limoeiro e do Veneza foi informado por funcionários que ainda tem uma quantidade razoável no estoque.
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