12 de fevereiro, de 2011 | 00:01
Vizinhança perigosa, mas protegida
Moradores do Bom Retiro estão revoltados com a proibição de matar marimbondos
IPATINGA A lei federal de número 9.605/98 beneficia” uma colônia de marimbondos em Ipatinga, que não pode ser exterminada” pelos bombeiros ou qualquer outra pessoa.
Essa proteção se explica pelo fato de os insetos pertencerem à fauna silvestre brasileira e nunca terem sido flagrados” atacando pessoas.
Os marimbondos construíram uma caixa há cerca de um ano, na fachada de um prédio na Rua Marília de Dirceu, no bairro Bom Retiro.
Em contato com o DIÁRIO DO AÇO, o comerciante Bruno Rodrigues, proprietário de uma loja que fica no térreo do edifício, se manifestou indignado com a suposta falta de assistência dos bombeiros.
A caixa de marimbondos é enorme e eles estão sempre agitados. Minha sugestão é sobre uma lei ambiental que trata os marimbondos como animais silvestres e impede os bombeiros de fazerem a retirada, apesar de estarem colocando em risco a vida dos pedestres e frequentadores dos pontos comerciais. Qual direito prevalece nesse caso?”, questionou em email enviado à redação.
O tenente Tiago Ferraz, comandante da Cia. de Bombeiros de Ipatinga, confirma o impedimento legal para agir nesses casos. Segundo ele, a lei permite apenas que se faça a remoção ou controle de colônias de marimbondos desde que esteja devidamente caracterizado o risco que essas espécies trazem ao homem, e expressamente autorizado por autoridade competente.
Em outras palavras, os bombeiros só têm autorização para exterminar marimbondos se eles atacarem alguém, o que não é o caso das vespas do Bom Retiro.
A dona de casa Regina Gomes, moradora do apartamento em cuja fachada os insetos se instalaram, confirma que, apesar da vizinhança barra pesada”, ainda não foi picada. Mas estamos apavorados aqui em casa, minha filha morre de medo que aconteça alguma coisa com a gente. Queremos uma solução”, clama.
O comandante dos bombeiros sugere que os moradores entrem em contato com a prefeitura de Ipatinga ou com empresas especializadas em realizar o controle de pragas urbanas.
Segundo especificado na lei, há permissão para retirada de colônias de marimbondos de áreas onde ofereçam riscos reais. Mas deve-se fazer o registro fotográfico da situação de risco como prova para eventuais explicações para a realização do controle ou remanejamento de ninhos.
Além disso, a operação não pode envolver recursos agressivos” como veneno ou fogo. Os especialistas recomendam somente a utilização de equipamentos de segurança, tais como luvas e outros acessórios, para coletar as caixas, preferencialmente à noite, quando os insetos ficam menos agitados.
As sacolas com os ninhos devem ser fechadas e os insetos soltos na mata, a pelo menos 300 metros de distância da residência de origem.
Marimbondos ajudam a acabar com mosquitos
O pesquisador do Instituto Biológico de São Paulo, João Justi Junior, explica que esses insetos polinizam plantas e auxiliam no controle de pragas, pois alimentam suas crias com insetos como cupins, formigas, lagartas, gafanhotos e mosquitos.
Essa influência positiva sobre o meio ambiente levou pesquisadores a desenvolver estudos para aproveitar os marimbondos no controle biológico de pragas.
"Esses insetos são parte da fauna brasileira, protegidos por lei. Não podemos recomendar nenhuma forma de controle nem remanejamento”, pontua.
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