27 de dezembro, de 2010 | 23:33

“Na construção civil, o Vale do Aço ainda é o Vale do Concreto”

Segundo construtor, o aço apresenta mais vantagens econômicas e ambientais

IPATINGA – O desenvolvimento do Vale do Aço está impulsionando a construção civil nos municípios da região. O mercado está tão aquecido que os construtores estão buscando alternativas para o segmento, visando mais agilidade nas obras.
Como já diz o próprio nome, a região é uma das maiores produtoras de aço do Brasil, concentrando diversas empresas do setor siderúrgico e metalmecânico.
Diante disso, construtores estão utilizando o produto na construção civil, fazendo as bases das edificações com estruturas metálicas em substituição ao concreto.
Além da maior rapidez nas obras, a iniciativa visa reaquecer o mercado, uma vez que o aço brasileiro tem perdido espaço para o produto de origem chinesa.
Outra vantagem da construção em aço é o baixo índice de erros durante a obra, devido à alta industrialização do processo, que consequentemente, acaba aumentando a rentabilidade do negócio.
 

“Apesar de a utilização das estruturas metálicas serem aproximadamente 30% mais cara do que o concreto, se analisarmos todo o contexto da obra, ainda assim fica mais barato. São feitas outras economias, como a diminuição do tempo da mão de obra no canteiro, o que diminui os encargos trabalhistas e acabam compensando o uso no final”, explica o engenheiro Ubaldo Caires de Oliveira, diretor presidente de uma construtora especialista em prédios feitos com aço.
 
Da fundação ao acabamento final da edificação, a média gasta é de seis meses, metade do tempo normal para uma obra feita com estrutura de concreto.
“O aumento da rapidez é para atender as necessidades dos consumidores que cada vez mais procuram agilidade nos serviços. No caso da pessoa que compra um apartamento é a mesma coisa. Ela quer que o lugar fique pronto o quanto antes para que possa se mudar o mais rápido possível”, disse Ubaldo.
 
Com relação ao aquecimento do mercado, ele cobra uma maior atenção do poder público para essa questão. “Uma das maiores empresas produtoras de aço do mundo está instalada em Ipatinga. O poder público poderia aproveitar a queda das vendas do aço brasileiro para aquecer o mercado local. Seria interessante a utilização do aço nas obras da cidade, como escolas, postos de saúde, entre outras coisas”, sugere.
Sustentável
A construção em aço estaria ainda em sintonia com o conceito de desenvolvimento ambientalmente sustentável. O aço é um material 100% reciclável e sua utilização reduz os impactos ambientais desde a sua fabricação até a etapa de construção e encerramento da obra, uma vez que diminui a produção de resíduos.
Segundo informou a Usiminas, “a utilização das estruturas em aço na construção civil permite ainda otimizar os canteiros das obras, pois são mais limpos e organizados, reduzindo a poluição sonora e atmosférica, diminuindo os custos de administração e de manutenção”, assegura.
 
 
 
 
Prédios adequados às exigências do TAC
 
 
 
IPATINGA - O engenheiro Ubaldo Caires de Oliveira contou ao DIÁRIO DO AÇO que ao entrar no ramo da construção civil, percebeu que existiam grandes construtoras já estabelecidas e que se quisesse se manter em definitivo no segmento, precisaria de um diferencial.
“Foi aí que decidi investir na utilização do aço na construção civil. Fizemos alguns estudos e percebemos que as pessoas buscavam sempre agilidade na entrega. Após analisar as vantagens da utilização do aço, percebemos que a sua utilização iria possibilitar essa maior rapidez exigida pelos consumidores”, explicou.
Atualmente, os projetos em desenvolvimento com essa técnica estão em Santana do Paraíso, nos bairros Parque Caravelas e Cidade Nova.
Inclusive, o prédio que está sendo erguido na Cidade Nova já está entrando em sua fase final e a expectativa é que os apartamentos comecem a ser vendidos a partir de fevereiro de 2011. São edifícios de quatro andares, com 16 apartamentos, numa área de 600 m².
Visando ampliar os negócios, Ubaldo disse que os moldes utilizados se aproximam do que foi estabelecido pelo Termo de Ajuste de Conduta (TAC) da Construção Civil de Ipatinga.
Mito
O engenheiro falou que ainda existe um preconceito em relação à utilização do aço na construção civil. Segundo ele, muitas pessoas acham que pelas bases serem feitas de aço, corre maior risco de balançar, citando o exemplo do lendário edifício Geraldo Martins Ourivio, localizado no bairro Veneza, popularmente conhecido por “balança mas não cai”, no qual as bases de sustentação teriam sido feitas com estruturas metálicas.
De acordo com Ubaldo Caires, o atual método utilizado evoluiu bastante desde quando aquele prédio foi erguido e existe uma série de artifícios que são usados para evitar esse tipo de problema.
Inclusive, o risco de deslocamento, segundo informou, seria igual ao de qualquer prédio com mais de quatro andares feitos em concreto. Ele citou que no caso das edificações feitas em aço, utilizam-se métodos de amarrações para o contra-ventamento.
“As pessoas têm que acabar com o preconceito. Isso é ir na contramão do desenvolvimento. Nos países de primeiro mundo, as construções em aço é amplamente utilizada há décadas. Além disso, tem ainda a questão ambiental, uma vez que provoca menos resíduos do que as obras feitas em concreto. Apesar de a nossa região ser conhecida nacionalmente por Vale do Aço, no ramo da construção civil aqui ainda é o Vale do Concreto”, finalizou. (VT)