10 de agosto, de 2010 | 23:45

Incentivo à indústria local

Usiminas lança Programa de Fomento e passa a distribuir aço diretamente para indústrias da região. Ponto de distribuição foi montado em Paraíso.

Wôlmer Ezequiel


EDUARDO LERY



DA REDAÇÃO – Uma expectativa de pelo menos 15 anos acaba de ser atendida pela Usiminas. A siderúrgica passará a vender aço diretamente para pequenas e médias empresas da região, por meio da criação do Programa de Fomento Industrial do Vale do Aço. O anúncio foi feito na tarde desta terça-feira pelo diretor de Relações Institucionais da Usiminas, Eduardo Lery Vieira, durante o encerramento da 2ª edição do Seminário Petróleo, Gás e Energias Renováveis, evento promovido pelo Sindimiva, Fiemg e Usiminas.
Para viabilizar a proposta, Lery explicou em entrevista à imprensa que a Usiminas montou, no Distrito Industrial de Santana do Paraíso, um posto de distribuição, com expectativa de comercialização inicial de 2 mil toneladas/mês. “Gostaríamos de ter emitido a primeira nota nesta terça-feira, mas a partir desta quarta-feira estaremos em condições de emitir a nota fiscal”, assinalou.
A iniciativa, além de impactos diretos no custo do aço, vai reduzir também o tráfego de caminhões com bobinas e chapas de aço na BR-381. Serão pelo menos 100 caminhões a menos trafegando pela rodovia entre Ipatinga, Belo Horizonte e outros pontos.
O centro, em Santana do Paraíso, vai vender para a indústria local bobinas e aços já cortados, prontos para a industrialização, inclusive o aço CLC, resfriado especialmente para atender as especificações da indústria naval e de exploração da camada petrolífera do pré-sal.
Lery evitou comentar sobre os preços a serem praticados, mas confirmou que vai hoje, às 16h, à Secretaria de Estado de Fazenda para discutir a possibilidade de um tratamento tributário diferenciado do ponto de vista da cadeia do aço. “É intenção da Usiminas agregar valor ao aço produzido em Ipatinga e em Cubatão. Começamos por Ipatinga, por razões óbvias”, destacou.
Efeitos
O diretor mencionou que, a partir dessa iniciativa, as empresas poderão gerar mais empregos e investimentos futuros na medida em que se tornarem maiores. “A viabilização de iniciativas concretas voltadas para o desenvolvimento sustentável das empresas do polo metalmecânico do Vale do Aço foi um compromisso assumido pelo presidente da Usiminas, Wilson Brumer, em sua primeira visita a Ipatinga, no dia 3 de maio. Menos de três meses depois, a empresa lança o programa, que permitirá melhor atendimento às demandas e redução de custos dos clientes, um antigo desejo da indústria local”, destaca Vieira.
O diretor ressalta, ainda, que a ação está ligada a uma perspectiva de se formar um cinturão de desenvolvimento sustentável na região. “Acreditamos que o compromisso da Usiminas é ser uma indutora de oportunidades. Este é o verdadeiro desenvolvimento sustentável, em todas as suas dimensões. Este é o modelo de crescimento que queremos instigar, sempre em parceria com os demais agentes econômicos e com o poder público”, define Vieira.

Mercado
O mercado potencial no Vale do Aço é, inicialmente, de 80 empresas do segmento metalmecânico, que atuam em áreas como caldeiraria, construção civil e setor naval. O Programa de Fomento Industrial do Vale do Aço atenderá apenas beneficiadoras de aço que agreguem valor ao insumo e revendam um produto de maior valor agregado.
Com a criação do programa, a Usiminas vai contribuir para impactar positivamente toda a cadeia do aço na região. Além de melhorar a competitividade do cliente final, a iniciativa também fortalecerá a rede de suprimentos da siderúrgica, uma vez que muitos desses pequenos clientes são potenciais fornecedores da própria usina de Ipatinga.
Para o presidente da Agência de Desenvolvimento de Ipatinga (ADI), Elísio Cacildo Vieira, o programa vai fortalecer a sustentabilidade empresarial, na medida em que representará uma redução de custo significativa para os empresários locais e, consequentemente, permitirá a realização de novos investimentos em seus negócios. “A Usiminas se sensibilizou e agora o empresariado deve se mobilizar, buscando agregar ainda mais valor a esse aço que será comprado por meio do programa de fomento”, afirma Cacildo.
 
Indústrias esperam aço até 15% mais barato
O presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Vale do Aço (Sindimiva), Jeferson Bachour, confirma que o fornecimento direto de aço pela Usiminas é um anseio antigo do setor metalmecânico. O industriário explica que o aço produzido em Ipatinga vai para Belo Horizonte e até para fora de Minas Gerais, para só depois voltar às indústrias do setor em Ipatinga. “Tem o frete para ir e depois o frete para voltar”, observa.
A expectativa de Bachour é que as empresas da região passem a comprar o aço da Usiminas com preços bem abaixo dos praticados atualmente. “A Usiminas ainda não anunciou a quanto vai nos vender o aço, mas a expectativa é que se reduza em pelo menos 15% em relação ao que pagamos fora até agora, mais a diferença do custo do transporte”, finalizou.
Fornecedores locais somam 33% das compras da Usiminas
Ainda dentro de uma perspectiva de estímulo à criação de um cinturão de desenvolvimento sustentável no Vale do Aço, a Usiminas possui uma política de priorizar empresas regionais para contratos de fornecimento de bens e serviços. Nos primeiros seis meses deste ano, o número de fornecedores da companhia sediados em Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso (MG) alcançou 359 empresas, representando 33% de todos os parceiros comerciais do grupo da siderúrgica em Minas Gerais. “Mas pode crescer muito mais”, destacou Eduardo Lery na palestra de encerramento do II Seminário Petróleo, Gás e Energias Renováveis.
Para isso, explicou que a empresa mantém uma política de priorização. Tanto que no dia 22 de julho, a Usiminas fechou contrato com nove companhias da área de caldeiraria e usinagem média e pesada, no valor de R$ 80 milhões anuais, por três anos.
Os contratos de longo prazo são positivos tanto para a Usiminas como para os empreendedores locais. Enquanto a siderúrgica pode realizar um planejamento de compras anual e garantir um fornecimento regular, os fornecedores têm mais condições de delinear seus investimentos e mensurar retornos, já que terão a garantia da prestação de serviço durante um período maior.
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