11 de maio, de 2010 | 23:00
Trabalho científico inédito
Gel a base de carapaça de crustáceo garante patente a médico da FSFX
IPATINGA A tese de doutorado do cirurgião cardiovascular do Hospital Márcio Cunha (HMC) e doutor em Ciências pelo Instituto do Coração de São Paulo (InCor), Jackson Brandão Lopes, se desdobrou em quatro artigos científicos. Um deles, intitulado Sinergismo entre o fator de crescimento de queratinócitos e carboximetilquitosana reduz aderências pericárdicas pós-operatórias”, foi indicado para publicação na revista de circulação mundial na área de cirurgia cardiovascular e torácica, a americana Annals of Thoracic Surgery”.
O texto trata da descoberta de uma composição farmacêutica que reduz a aderência de células durante o processo de regeneração pós-cirúrgica. Numa cirurgia, algumas células são danificadas e, durante a cicatrização natural, tendem a aderir a outras áreas do organismo. Se o paciente precisar ser submetido a uma nova operação, esta aderência pode atrapalhar o acesso ao órgão a ser operado. Com o uso desta composição e uma menor aderência entre as células, os riscos de acidentes durante os procedimentos serão menores”, detalha Jackson Brandão.
O trabalho é inédito em âmbito mundial e pode beneficiar milhões de pessoas acometidas por doenças que precisam ser tratadas em cirurgias mais de uma vez. O produto é indicado para operações abdominais, pulmonares, cardiovasculares e ginecológicas. Muitas mulheres sofrem de infertilidade por causa da aderência das trompas de falópio. O tratamento é cirúrgico, a cicatrização provoca nova aderência e pode levar ao insucesso do procedimento. Com a composição farmacêutica, o tratamento poderá apresentar melhores resultados”, vislumbra o médico.
Patente
A composição em forma de gel foi obtida a partir de carapaças de crustáceos. Jackson Brandão foi orientado pelo cirurgião cardiovascular Luis Alberto O. Dallan, do InCor de São Paulo, e a experimentação animal foi desenvolvida no laboratório da Faculdade de Medicina do Vale do Aço (Famevaço).
Com respaldo da Fundação São Francisco Xavier, desenvolvemos a pesquisa e registramos a patente para proteger esta descoberta inovadora. A publicação na revista americana e a citação do trabalho pelo maior hospital de cirurgia cardíaca da França (Hospital Georges Pompidou) demonstram a importância da composição”, resume Jackson.
O produto ainda não está disponível no mercado, foi testado apenas em animais, em laboratório. A próxima fase é tentar produzi-lo de forma farmacêutica. Após uma série de procedimentos burocráticos, registros e ensaios, que podem levar cinco anos, o produto poderá ser comercializado e utilizado por humanos.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]