26 de março, de 2010 | 23:00
Ipatinga avalia implantação de sistema integrado de ônibus
Estudo contratado pela Autotrans prevê mudanças no transporte público
IPATINGA Há mais de quatro anos o transporte coletivo do município não passa por uma readequação de itinerários e horários. Não houve alterações desde que a antiga concessionária do serviço público, a Viação Águia Branca, foi adquirida pela Autotrans. O DIÁRIO DO AÇO publicou com exclusividade nesta semana a informação sobre um estudo em andamento que pretende traçar novas rotas e horários para os coletivos urbanos.O serviço foi contratado pela Autotrans junto a uma empresa de consultoria em Belo Horizonte. Com essa pesquisa, é possível fazer uma readequação dos itinerários e horários utilizando a frota já existente”, explica o gerente da Autotrans, Anivair Dutra. A frota da empresa em Ipatinga conta com 118 ônibus, 18 deles adaptados com elevador para facilitar o embarque e desembarque de portadores de deficiência.
Junto com a nova reformulação, está prevista a implantação do Sistema de Integração das linhas, como já ocorre em Coronel Fabriciano. Em abril, um relatório será encaminhado à administração municipal, que vai definir a nova malha do traçado dos ônibus coletivos. A reportagem saiu às ruas para ouvir a população sobre o transporte público.
As principais reclamações referem-se à falta de ônibus para bairros escondidos”, como Veneza II, Parque das Águas (Planalto I e II), Alto do Iguaçu e Alto do Bethânia. O que ocorre nestas localidades é que as poucas linhas existentes dão acesso somente ao Centro da cidade e ao Hospital Márcio Cunha, mesmo assim com horários considerados restritos.
A linha 060, por exemplo, que faz o itinerário Centro - Alto Bethânia só possui seis horários durante o dia. Nos finais de semana e feriados, a linha não atende aos moradores desse bairro. Os moradores então precisam andar cerca de 30 minutos até a parte baixa do bairro para ter acesso ao transporte coletivo. Imagina a gente que mora naquela altura ficar isolado?”, reclama a diarista Gilvânia Santos, 32, moradora no Alto do Bethânia.
Hospital
Já no bairro Veneza II, com a população estimada em 27.635 pessoas, há apenas três linhas para atender a essa demanda: a 902, 900 e 104. A primeira linha dá acesso ao Centro da cidade, enquanto a segunda, que sai do Canaãzinho e passa pelo Caravelas, circula até uma parte do Veneza e depois segue para o Hospital Márcio Cunha.
A linha 104 dá acesso ao bairro Horto, somente de segunda a sábado, e não funciona aos domingos. Quem quiser se deslocar até outros bairros como o Iguaçu, Cidade Nobre, Canaã e Bethânia cuja população é de quase 87 mil pessoas, precisa pegar dois ônibus: um que vai para Centro e o outro para chegar ao local de destino.
Outro problema observado é que poucas linhas dão acesso ao Hospital Municipal, que atende diariamente em média 450 pessoas. Na linha de ônibus Vila Militar - Hospital (700), por exemplo, os horários com destino ao HMI integraram os horários normais da linha. No site da Autotrans (www.autotransnet.com.br) aparece a informação de que os horários que vão até o Hospital Municipal estariam marcados em negritos, o que não foi detectado pela reportagem.
Neste caso, se a pessoa quiser saber o horário deve ligar para a empresa. O que é um absurdo. Antigamente eles davam pra gente aquele folhetinho, hoje não existe mais esse serviço”, disse a dona de casa Maria da Conceição Silva, 45, moradora do bairro Vila Militar.
Ineficiência aumenta
demanda por mototaxi
Enquanto não se resolve a problemática do transporte coletivo, quem lucra com as lacunas existentes no transporte público são os mototaxistas. Embora o presidente Lula tenha sancionado a Lei nº 12/009 que regulamenta o serviço de transporte de passageiros e de encomendas em motocicleta, o serviço ainda não foi regulamento em boa parte dos municípios brasileiros. Mesmo assim, a atividade não deixa de ser exercida em Ipatinga.
Somente no Centro da cidade funcionam 15 pontos de mototaxi. Em um deles, próximo à rodoviária de Ipatinga, a rotatividade de clientes é grande. Em horários de pico, praticamente todas as motocicletas estão circulando com passageiros. As pessoas muitas vezes não têm paciência de ficar esperando ônibus, em outros casos não há transporte coletivo até o local onde a pessoa quer ir e com isso a gente ganha”, disse o dono de um mototáxi, Caio Tabares, que trabalha com dois turnos. No total são 40 mototaxistas.
Se por um lado a agilidade do serviço resolve a vida de muitos, por outro, os preços são tabelados sem nenhum critério previamente estabelecido. Para se ter uma ideia, a reportagem percorreu alguns pontos do Centro da cidade e notou diferenças nos valores cobrados para um mesmo percurso.
Enquanto um mototaxista cobra R$ 3,5 para ir ao Alto do Iguaçu, outro cobrava R$ 4 para fazer o mesmo trajeto. O mesmo ocorre para quem quer se deslocar para o Alto do Bethânia, o valor cobrado pode variar de R$ 5 a R$ 7, dependendo do ponto de mototáxi. O estudante Matheus Henrique, 20, mora no bairro Ideal. Ele conta que na última terça-feira precisou ir ao Veneza II e, como não havia ônibus, recorreu ao mototáxi.
Pagou R$ 7 para uma distância de cerca de 7 quilômetros e R$ 5 para voltar pelo mesmo percurso. Do Ideal pro Veneza II, o mototaxista falou que cobrou R$ 7 porque disse que tinha que localizar o lugar. Achei um roubo”, relata o estudante. Apesar dessas distorções, há quem não se importe com os preços. O DJ Alex José Leal, 32, pagou R$ 4 para ir do Centro à Estação Ferroviária: uma distância de quatro quilômetros. Eu prefiro ir de moto, é mais rápido e tem a toda hora. Não tenho que esperar muito tempo”, resume.
Indicações reivindicam
melhorias nos ônibus
No ano passado, a Câmara de Vereadores recebeu 28 requerimentos da população pedindo melhorias no transporte público. As solicitações fundamentaram indicações de alguns vereadores. Do total, dez são pedidos de alteração de percurso e horários.
O restante envolve melhorias nos abrigos nos pontos de ônibus, assim como iluminação em pontos situados em ruas de pouca movimentação, letreiros do para-brisa dos coletivos e laterais indicando a origem e destino, além de instalação de elevadores em toda a frota.
Enquete
Maria Rita Soares, 53, Parque Caravelas
Edna Rodrigues Pereira, 34, Vila Militar
Josiane Toledo, 21, Bethânia
Marlene Cardoso, 46, Alto Bethânia
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