13 de agosto, de 2009 | 00:00

Lanche mais saudável e nutritivo

Alimentos calóricos e não nutritivos proibidos nas escolas de Minas

Fotos: Wôlmer Ezequiel


Para Cleonice Finotti, a decisão dos deputados foi bastante sábia e benéfica
IPATINGA – Basta dar uma volta pela tradicional hora do recreio nas escolas para verificar que alimentos nutritivos, como frutas, sucos e sanduíches naturais não fazem parte do cardápio dos alunos. Mas um projeto de lei aprovado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), caso seja sancionado pelo governador Aécio Neves (PSDB), vai mudar essa realidade. O projeto, que proíbe alimentos calóricos e não nutritivos nas escolas públicas e da rede particular, entraria em vigor em 2010, já na volta às aulas em fevereiro. O autor da proposta é o deputado Délio Malheiros (PV).O projeto, intitulado Merenda Saudável, proíbe que cantinas de todas as escolas públicas e particulares do Estado ofereçam qualquer produto de alto teor calórico e poucos nutrientes, como biscoitos, refrigerantes, salgadinhos e balas. Conforme a gerente do Ensino Fundamental II do Colégio São Francisco Xavier, em Ipatinga, Cleonice Lopes Finotti Carvalho, o projeto é de grande relevância, mas falta definir algumas situações. “Exemplo: coxinhas e pastéis serão classificados como salgados, mas e os produtos embalados, como chips? Ou ainda se sucos industrializados, armazenados em caixinhas ou latinhas, terão permitida a comercialização”, questiona Cleonice.A gerente vai promover reuniões com a concessionária da cantina do colégio para definir algumas diretrizes assim que o posicionamento do governo do Estado ficar mais claro. “Somos completamente a favor desse projeto”, completa a gerente. Ela explica ainda que haverá reuniões entre alunos e uma nutricionista, a fim de que todos decidam que alimentos gostariam de encontrar na cantina da escola. “A ideia é levar o aluno a concluir, de maneira consciente, sobre a importância de modificar a alimentação. Mas certamente vamos construir isso junto com eles”, garante.PesquisaDe acordo com Cleonice Finotti, o CSFX realizou uma pesquisa de satisfação com os pais de alunos, quando foi levantada a hipótese de modificar o cardápio do lanche. “Eles sinalizaram a vontade de substituição e até sugeriram a proibição de alguns alimentos”, pontua. O DIÁRIO DO AÇO foi a campo e verificou junto a outras escolas da região que produtos como refrigerantes, bolos, bombons, chocolate e picolé são os mais procurados. Em contrapartida, algumas escolas já disponibilizam no cardápio das cantinas frutas, sanduíches naturais e sucos em caixinha.Rede públicaEm Ipatinga, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação, as escolas da rede já seguem as normas do Programa Nacional de Alimentação Escolar. Em todas as 37 escolas e 39 creches do município é proibida a venda de lanche nas cantinas. Os alunos recebem diariamente da administração municipal a merenda escolar, preparada pelas cantineiras, sob orientação da nutricionista Ana Carolina de Mello Cruz e acompanhamento de três supervisores de merenda e do Conselho Municipal de Alimentação Escolar, formado por membros governamentais e da sociedade civil. Essa comissão avalia periodicamente a qualidade e a aceitação da merenda escolar.

Lorenna e Bruno: lanche com salgado e refrigerante todos os dias
Alunos aprovam mudança mas esperam dificuldadePara os alunos Lorenna Menezes de Oliveira, 15, e Bruno Anício, 15, ambos do 1º ano científico, a introdução de uma alimentação mais saudável nas escolas será benéfica, apesar de reconhecerem que haverá um pouco de dificuldade na hora de escolher o lanche. Lorenna, que se alimenta regularmente com um salgado assado e um copo de refrigerante quando está na escola, disse que gosta do que come e, por saber os efeitos do que ingere, procura fazer exercícios físicos para contrabalancear. “Me sinto bem comendo isso e sei que vou ter um pouco de dificuldade para aceitar  outro tipo de lanche”, afirma. A garota admite que não gosta muito das comidas consideradas nutritivas.Bruno Anício, também adepto do refrigerante com salgado assado, não vê dificuldades em mudar o hábito. Fora do colégio, ele se alimenta com frutas e outras comidas ricas em nutrientes. “Tenho que balancear o que como em casa, para compensar minha alimentação aqui na escola. Mas sou a favor dessa mudança, uma vez que os beneficiados serão os próprios alunos”, resume.Nutricionista reconhece benefíciosOferecer uma alimentação mais saudável vai auxiliar em muito a vida do estudante fora da escola. A afirmação é a nutricionista Sanale Arêdes, que aprova a decisão dos deputados mineiros de modificar o consumo de alimentos com alto teor calórico e poucos nutrientes dentro das escolas. “Isso mostra um compromisso com a educação da alimentação também nas escolas, uma vez que os jovens passam grande parte do tempo nelas”, diz.A profissional aproveitou para informar os prejuízos que alguns alimentos comumente consumidos podem trazer aos estudantes. Salgados fritos, por exemplo, devem ser banidos do cardápio, enquanto que os assados também devem ser analisados. “Os folhados, por exemplo, usam gordura hidrogenada, o que não é recomendado. Precisam ser consumidos com moderação, já que depende da forma como foram feitos”, enfatiza.Segundo ela, sucos de “pozinho” também estão fora do cardápio. Já os em caixinhas ou latinhas podem ser utilizados, haja vista que são enriquecidos com algumas vitaminas e minerais.A nutricionista explica também que balas e chicletes só trazem prejuízos e riscos, já que a excessiva dose de açúcares pode levar ao diabetes. “Biscoitos adocicados e tipo chips são ricos em sódio, e o consumo excessivo pode desencadear numa hipertensão”, alerta Sanale Arêdes.Roberto Bertozi
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