09 de junho, de 2009 | 00:00
Vila Ipanema sem pânico
Moradores aguardam trabalho de equipes para diagnóstico de contaminação
IPATINGA A segunda-feira foi de tranquilidade no Vila Ipanema, bairro que é alvo de uma ação preventiva para remediar a contaminação, por benzeno, do lençol freático no seu subsolo. As atividades para reparar o problema foram assumidas pela Usiminas, pois acredita-se que a origem do composto orgânico seja o pátio de carvão da siderúrgica, localizado a menos de 500 metros do bairro.Entre as ações emergenciais, todos os moradores do Vila Ipanema deverão deixar de usar água de poços artesianos e cisternas. Todas as residências com poços deverão ser identificadas. A Usiminas deverá apresentar relatório com histórico de atividades industriais realizadas na área atualmente ocupada pelo pátio de carvão e arredores, para fins de identificação da fonte de poluição.A contaminação por benzeno no Vila Ipanema é alvo de um inquérito civil instaurado no dia 28 de maio último, na Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Ipatinga, e é acompanhada pelo promotor de Justiça Walter Freitas de Moraes Júnior, assessorado por pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). O representante do MP é também pós-graduado em Direito, Impacto, e Recuperação Ambiental pela Ufop e conclui na mesma instituição o mestrado em Engenharia Ambiental.Até o momento, não foi necessária a adoção de medidas judiciais em face da colaboração e atitudes cooperativas efetuadas pela Usiminas”, observa o promotor.TranquilidadeEm reunião no último sábado (6), no gabinete do prefeito Robson Gomes, com participação de representantes da Usiminas, Ministério Público e moradores, ficou acertado que o município disponibilizaria técnicos ambientais e de vigilância sanitária para que, em conjunto com a empresa, sejam feitos os levantamentos de todos os usuários de poços artesianos.Ontem, no entanto, as equipes não chegaram ao bairro, conforme anunciado. Na praça central do Vila Ipanema, ontem à tarde, alguns poucos moradores encontrados pelas ruas manifestaram conhecimento da situação, mas pouca preocupação em relação ao caso.Para o morador Valdeci de Alvarenga Anício, foi surpresa descobrir os motivos das sondagens que técnicos faziam há alguns meses nas ruas do bairro. Valdeci disse que confia no encaminhamento das soluções pela Promotoria de Defesa do Meio Ambiente, em comum acordo com a Usiminas. Apesar de reclamar que faltam esclarecimentos das diretrizes para corrigir a poluição do subsolo por benzeno, o morador não acredita em maiores complicações, mesmo porque são poucas as residências que utilizam água de poço artesiano ou cisterna. Se está contida no subsolo, é só não usar água de poços e cisternas”, recomendou.ColaboraçãoNos levantamentos preliminares do Ministério Público, foram identificados cinco poços artesianos no Vila Ipanema. Apenas um, ainda sem atividade, apresentava sinais de benzeno, hidrocarboneto aromático capaz de provocar reações graves no organismo humano, dependendo da quantidade absorvida. Há 50 anos moradora do bairro Vila Ipanema, Francisca Pereira da Silva Soares considera importantes os encaminhamentos anunciados para o caso até agora. Ao fim da reunião de sábado passado, na Prefeitura, dona Francisca afirmou que a transparência do MP e Usiminas em relação ao caso é uma prova de que o problema descoberto será resolvido. Eu quero colaborar no que for possível”, garantiu.Para o aposentado Geraldo Martins, que mora no Vila Ipanema desde 1974, foi surpresa saber da ocorrência. O mais importante é que os moradores sejam informados para que possam acompanhar as soluções”, afirmou.Também aposentado, Waldemar Mendes Ribeiro, que mora no local desde 1975, admite que ficou surpreendido com a informação da contaminação do lençol freático no subsolo do seu bairro. Nunca ouvi qualquer pessoa reclamar, mesmo quem usa poço artesiano”, confirmou.Já o vice-presidente da Associação de Moradores do Vila Ipanema, Haroldo Severiano e Silva, acredita que não passam de dez as casas com poços artesianos no Vila Ipanema.
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