08 de maio, de 2009 | 00:00
Pesquisa sobre os travestis de Ipatinga vai parar no Mercosul
FABRICIANO O estudo de caso sobre o cotidiano de travestis no Vale do Aço será apresentado e debatido durante a VIII Reunião de Antropologia do Mercosul 2009, que será realizada em Buenos Aires (Argentina), no segundo semestre. O trabalho foi desenvolvido pela coordenadora do curso de Educação Física da Unipac Vale do Aço, Marilane de Cáscia Silva Santos.O evento vai reunir, entre os dias 29 de setembro e 2 de outubro, 75 grupos de trabalho (GT), com temas diversificados. A professora Marilane Santos vai integrar o grupo de debate sobre Intercessões de gênero, raça e sexualidade: olhares comparativos sobre diferentes estados nação”, que já recebeu cerca de 70 inscrições para participação.Segundo a professora, seu trabalho intitulado O corpo travestido: estudo acerca de valores e comportamentos de um grupo de travestis da cidade de Ipatinga MG” é inédito e traz uma visão da Antropologia na área da Educação Física. Como não havia literatura específica sobre o assunto, o questionário elaborado para entrevistar as travestis foi avaliado por três doutores e validado como modelo mundial para os próximos trabalhos na área de corporeidade de travestis”, salientou. Marilane Santos disse que seu trabalho também chamou a atenção de outros estudiosos no Brasil. Já recebi convites para apresentá-lo em outros eventos no Brasil”, contou a professora, que pretende desenvolver um desdobramento do estudo. A partir das entrevistas, percebi que as travestis têm poucas oportunidades nas escolas e no mercado de trabalho, o que os obriga a aceitar a prostituição para sobreviver. Pretendo lançar um projeto de inclusão dos travestis nas escolas”, antecipou.O estudoO objetivo do trabalho da professora Marilane Silva Santos foi levantar os indicadores relativos à concepção do corpo por um grupo de travestis de Ipatinga. A metodologia empregada foi de natureza qualitativa, e o estudo, realizado em duas fases: a primeira com 30 travestis e a segunda com 10, com idades variando entre 19 e 43 anos. Os resultados apontaram que as travestis pesquisadas começam a trabalhar com pouca idade, preocupam-se com a saúde, são conscientes sobre doenças transmissíveis, usam preservativos e abandonam a escola muito cedo. Das travestis entrevistadas, 80% relataram que fazem sexo por prazer e 20% por necessidade de trabalho.
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